ANO NOVO E MALA VELHA

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Paulo Zifum

Vamos viajar de novo, com a mesma mala. Minha mala de couro está surrada. Confesso que não fui muito cuidadoso. Alguns ralados de 2017 foram puro desleixo. O esgarçado, não! Foram lutas que tive com o ladrão da alegria. Esgarçou a alça, mas ele não levou minha esperança.

Sua mala é o quê?

Ninguém se engane! O Ano é Novo, mas a mala é velha. E não precisamos nada além de uma resistente fé. E quanto mais antiga, maior a qualidade. Algumas malas que estão fazendo por aí são baratas e não aguentam a peregrinação. A minha mala tem a etiqueta Jucaico-Cristã. É guerreira!

E a sua?

 

BATER O MARTELO NO DEDO

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Paulo Zifum

Tive uma discussão com minha esposa. Dessas que se estendem à procura de um vencedor. Minha filha, quase adulta, ouviu a mãe e tentou me dissuadir a render-me. Eu expliquei a ela minha versão. Ela repreendeu-me dizendo que eu não deveria forçar situações antigas que geram conflitos. Eu disse a ela: –Amor! Ninguém deseja bater o martelo no dedo! A gente mira no prego! 

Depois que você bate o dedo… Caramba! Dá um pico lancinante no cérebro e depois fica aquela dor latejante. Tudo em você volta-se para o dedo e para  a unha roxa com sangue pisado.

Eu disse para minha filha que não queria brigar de novo pelo mesmo assunto. Queria acertar o prego e resolver o conflito de modo habilidoso, mas… a gente acelera e descuida. Quando vai ver… machuca a si mesmo.

Dai pra frente, se você se vitimizar, pode, de modo tolo, acusar o outro pelo incidente, e isso não é nada razoável. O outro nada tem com o fato de você mesmo acertar o próprio dedo. E as coisas podem piorar. Algumas brigas que se estendem são um convite aberto para convidados malignos (Ef.4.26-27). E o diabo que anda ao derredor da vida sugere ao coração: -acerte o dedo do outro para que veja o como dói!

Bater no próprio dedo é um acidente, mas acertar o dedo do outro é maldade. Lembrar coisas do passado, “sangrar” o outro com ameaças e chantagens, ferir com acusações de  coisas tratadas é uma reação vingativa. Uma família, casamento ou amizade com constantes “brigas estendidas” pode, uma hora ou outra, acertar algo vital e matar o coração generoso.

Conclusão e conselho:

1-A maioria das dores relacionais somos nós mesmos que causamos com nossos pecados, exigências e expectativas altas demais.

2-Se você acertar o dedão, faça uma breve oração! Peça a Deus ajuda para não ser como Adão que negou sua culpa, acusando o outro.

3-Não espere que outro vá até você beijar seu dedinho machucado. Precisamos da compreensão e compaixão do outro, mas nessa hora, o que casais mais precisam é vencer o ego. Deixe as condolências para outra hora.

4-Aprenda a lidar com acidentes. Seus cônjuge, pais, filhos não tem culpa se você está cansado, estressado ou carente demais. Vamos nos machucar com alguma coisa. Isso é fato.

5-Caso enfrente uma briga muito estendida e não souber sair, procure ajuda cristã. É melhor ir ao hospital que ficar se automedicando.

Minha filha riu ao dizer que entendeu tudo. Eu ainda estou segurando o dedo com dó de mim. Mas, pretendo livrar-me desse sentimento rasteiro antes do  pôr do sol.

A PARÁBOLA DA FLORESTA

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Paulo Zifum

Faísca foi escolhido para entrevistar as árvores no outono. A ele foi dado o poder de voar por toda a floresta sem se apagar ou causar dano às árvores.  -Qual o propósito de sua vida? Perguntou nosso luminoso jornalista ao grande Carvalho. -Te responderei depois que de todos conseguir resposta. Então, foi  e começou sua lista. O Bambú disse estar frustrado porque desejava dar frutos como outras árvores e todos os dias sonhava com um lindo e doce fruto brotando de seus troncos. A Embaúba estava triste e pensava todos os dias em cair sobre uma estrada qualquer. Faísca foi surpreendido com o Eucalipto, que parecia alucinado por queimar. Pediu ao pacato jornalista que lançasse nele sua brasa e o queimasse todo, mas ao ver que Faísca era incapaz, o deixou falando sozinho. Entrevistou o imponente Flamboyant que deixou escapar seu orgulho de ser a árvore mais bela da floresta. Quando chegou diante da Parreira de Chuchu fez a pergunta com cuidado: -Qual o propósito de sua existência? Com um sorriso vaidoso apontou para seus frutos dizendo: -Isso responde? Parreira não era boa com palavras. Depois de muitos contatos, nosso dedicado entrevistador sentou-se para cruzar informações e notou que maioria das árvores não tinha clareza ou certeza do propósito de suas vidas. Percebeu que os que ignoravam o assunto reduziam a existência a queimar como o Eucalipto ou a “soltar bolas” como disse a irreverente Mangueira sobre seus frutos. Faísca levantou-se e pensou que, talvez, o sábio Carvalho poderia dar uma resposta que faria seu trabalho ter um conteúdo de elevação. Esperou o entardecer e foi ver o arrebol entre as folhas do Carvalho. -Você voltou em tempo, caro amigo! disse o grande Carvalho, rindo e retorcendo seus enormes galhos. -Sim! Entrevistei árvores, arbustos e parreiras e guardei grande expectativa para ouvir sua sabedoria. O Carvalho criou um redemoinho e puxou sem medo o jornalista magricela que foi parar no alto de sua copa. -Esse é o propósito da minha vida! Mostrou o cenário explicando as máquinas de um lado e a passeata do outro. -Olhe! falou todo garboso. -Sou o centro da uma disputa ambiental, empresarial e judicial. -Você não tem medo das máquinas que cortam e derrubam? Perguntou Faísca escrevendo cada palavra. -Não! Sou forte demais para sentir dor. Estou, na verdade, é curtindo minhas fotos nas redes sociais e vários gestos de ambientalistas me apalpando com adoração. Sou a árvore mais famosa. Falou o inchado Carvalho, com o olhar embevecido para a imagem de si que criara. Faísca saiu daquela entrevista empolgado com mil ideias sobre a redação do texto. No dia seguinte, acordou cedo para redigir seu primoroso trabalho, porém ao aproximar-se do papel, tomou um grande susto e,  desesperado tentou apagar, mas sua brasa estava ativa de novo. Em segundos o escritório estava em chamas  e os manuscritos das entrevistas subiam no ar em pedacinhos brilhantes. Um vento suave e bem determinado soprou as pequenas lâminas de carvão para a floresta. O Eucalipto deu um grito: -É hoje que eu vou queimar!!!!

MORAL DA HISTÓRIA: …

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TARDE… MUITO TARDE

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Paulo Zifum

“tarde demais foi que eu te amei” Santo Agostinho

O amor é uma revelação, ou uma resposta a ela. Quem ama quer se revelar ao objeto de seu amor, mantendo obstinada disposição a isso, mesmo que sofra indiferença ou falta de interesse. Quando não há correspondência, quem ama dá todas as desculpas para o ser amado, dizendo que este está sofrendo, cansado ou desatento. Nunca se ressente quem ama.

Do outro lado, o ser amado, deve ter sede das revelações. Porém, é natural que seu interesse seja menor porque seu amor não é original. Nunca há amor igual. Sempre há um que ama mais e corre em busca do ser querido. Normalmente o que ama menos é pródigo quanto ao amor recebido. Há um grande desperdício.

Um filho pode viver sem perceber as revelações de devoção de sua mãe e de seu pai. Um esposo ou esposa pode passar anos sem notar a pessoa maravilhosa que está a seu lado. Embora os sinais do amor sejam abundantes, temos uma tendência a desperdiçar a oferta do afeto. Uma mãe pode perder a infância de seus filhos, sem desfrutar do amor singelo deles. Pode-se desprezar o carinho e dedicação de um amigo e cair num abismo de ingratidão. Somos cegos, não de amor, mas da falta dele.

A descoberta do amor antigo é uma experiência redentora, mesmo que seja tardia. Pode também ser desesperadora quando não se pode mais voltar à fonte.

O lamento de Santo Agostinho é o mais salutar dos sentimentos. A consciência de que se amou menos ou quase nada, é, talvez, um dos momentos mais sóbrios da humanidade. Entretanto, o aperto ao olhar para o passado desperdiçado, pode ser um pesadelo. Felizes os que podem resgatar um pequeno amor, mesmo que seja uma lágrima no leito de morte.

Ah! Devia ter fixado mais meu olhar em meu amor. Devia ter passeado mais pelo quarteirão onde poderia ouvir suas revelações. Eu seria mais gentil e seria mais alegre a seu lado. Agora parece tarde. Vivi tão pouca vida amando menos!

Disse para Deus e para minha esposa: Se eu soubesse que esse amor era tão maravilhoso, teria escolhido ficar mais ao lado seu.

Descobri tarde. Muito tarde.

PAZ NA TERRA SÓ PARA QUEM

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Paulo Zifum

De repente, uma grande multidão do exército celestial apareceu com o anjo, louvando a Deus e dizendo: “Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens aos quais ele concede o seu favor“.  Lucas 2:13,14

A tradução “paz na terra aos homens de boa vontade” é, talvez, uma má vontade exegética. Há no texto grego original “δοξα εν υψιστοις θεω και επι γης ειρηνη εν ανθρωποις ευδοκιa” uma certa dificuldade de tradução, mas em “εν ανθρωποις ευδοκια” não temos ênfase na vontade dos homens. É o beneplácito divino que é exaltado.

Todos os homens pecaram e se rebelaram contra Deus, portanto, todos precisam de favor do Soberano. Não há justo, nem sequer um. A paz (anistia) não é concedida por mérito humano, mas por uma decisão exclusiva de Deus. A uns Ele dá paz e a outros não estende sua destra de comunhão.

Veja o caso do Rei Herodes ao saber que Jesus nasceu. Perturbado ao ouvir que o menino seria o futuro rei dos judeus, Herodes estremeceu. A chegada do Reino de Deus pode ser um desastre para muitos negócios na Terra, pode ser o fim de muitos reinos.

Porém, para os homens cujo coração foi preparado para a chegada de Jesus, a notícia de seu nascimento trouxe a paz. Simeão suspirou dizendo: “Ó Soberano, como prometeste, agora podes despedir em paz o teu servo. Pois os meus olhos já viram a tua salvação” (Lc.2.29-30). Enquanto Herodes queria matar, Simeão sentia paz em morrer.

A pergunta crucial do texto é: “a quem Deus quer bem”? Sabemos que quando os EUA decidiram mudar a embaixada americana para Jerusalém, não estavam pensando no bem dos palestinos. A vitória dos aliados na Segunda Guerra foi uma notícia ruim para os japoneses. Quando Deus envia seu Filho ao mundo sabia que haveria um conflito. Embora o Filho de Deus, o Príncipe da Paz (Is.9.6) fosse bom para o mundo todo, Ele seria rejeitado por causa dos mais variados interesses terrenos. Como está escrito: “sou um homem de paz; mas, ainda que eu fale de paz, eles só falam de guerra” (Sl.120.7).

O conflito instalado entre os homens e Deus é explicado pela diferença entre ambos (Is.55.8), pois, “porventura andarão dois juntos, se não estiverem de acordo? (Am.3.3). E Jesus viveu intensamente a dor da rejeição pois “veio para o que era seu, e os seus não o receberam” (Jo.1.11), “e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más” (Jo.3.19).

O “deixo-vos a paz, a minha paz vos dou” (Jo.14.27) é dirigido a um grupo e o “não vim trazer paz, mas espada” (Mt.10.34) a outro. O mesmo perfume “nos que se salvam” é sentido “nos que se perdem”. Uma notícia de que um Rei venceu a guerra pode ser boa para uns e péssima para outros, como disse Paulo: “para estes certamente cheiro de morte para morte; mas para aqueles cheiro de vida para vida” (Rm.2.15-16). Joelhos se dobrarão em reverência ao Rei, outros se verão forçados a prostrar (Fp.2.10).

E quem pode sentir essa paz celestial  que “excede todo entendimento” (Fp.4.7)? É um bem, um estado que os homens não podem alcançar. Depende de uma ação de Deus, como está escrito: “ele nos resgatou do domínio das trevas e nos transportou para o Reino do seu Filho amado, e por meio dele reconciliasse consigo todas as coisas, tanto as que estão na terra quanto as que estão no céu, estabelecendo a paz pelo seu sangue derramado na cruz” (Cl.1.13 e 20). 

A “paz na terra” desejada pelo coral de anjos na noite de Natal não era uma oferta generosa e geral. Sobre aqueles mensageiros o livro de Hebreus indaga: “não são todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor dos que hão de herdar a salvação? ” (Hb.1.14). Eles não cantaram para todos.

Portanto, concluímos que, a cantata de Natal é um edito real do Rei dos Reis do tipo “terei misericórdia de quem eu quiser ter misericórdia, e terei compaixão de quem eu quiser ter compaixão” (Ex.33.19). Essa não é uma visão ecumênica nem tão pouco convencional.

GRÃO DE TRIGO

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Paulo Zifum

Todo mundo é grão. Mas, nem todos alimentam. Gente inteira, dentro da casca que não quebra, que não racha e jamais abre. Mundo solidão.

Todo mundo é grão. Há os que viram pão. Gente que se humilha, que morre pelo outro e  a vida doa. Mundo solidário.

Um cercado de casca e outro cercado de gente. Um com a vida preservada e outro, sacrificada. O que se fecha, morre depois. O que morre agora, vive mais tarde um pleno significado.

“O povo amaldiçoa aquele que esconde o trigo para alcançar maior preço, mas a bênção alcança aquele que logo se dispõe a atender”. Pv.11.22

Se és trigo, não escondas tua vida! Não tentes salvar a si! Grão! Deixes moer: “Senhor! Fazei de mim teu pão!”

Digo verdadeiramente que, se o grão de trigo não cair na terra e não morrer, continuará ele só. Mas, se morrer, dará muito fruto.” Jo.12.24

 

QUANDO TE VI

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Paulo Zifum

Quando te vi pela primeira vez que eu estava apaixonado, senti meu corpo como se estivesse vivo. Comecei a explicar o vazio dentro em mim. Sabia que algo estava errado, mas não sabia o tamanho da alegria que me faltava. Quando te vi, percebi que eu seria feliz. Tinha vontade de correr em sua direção e ficar tão perto a ponto de sentir sua respiração. E meu coração saia dos trilhos ao saber que você também me via do mesmo modo. Eu nunca senti coisa parecida, como se estivesse vivo. Ver você foi o mesmo que voltar a viver.

O PASTOR NÃO SOU EU

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Pr. Jucimar Leite

A notícia do suicídio de mais um pastor cria discussões sobre os perigos da tarefa e até a vitimização do sujeito que é pastor. Eu sou pastor e sei o que é ser uma pessoa pública envolvida por expectativas muito altas. Sei como é a pressão social do resultado semelhante a do técnico e do jogador: você é tão bom quanto o seu último resultado. O pastor deve estar presente, ser respeitado pela maioria, manter boa relação com autoridades e pessoas de fora da igreja, fazer subir o número da congregação e da arrecadação, deve estudar e ter uma espécie de fogo interior para fazer orações fervorosas, e, além de tudo, ter uma família exemplar. Poucas profissões exigem tanto.

Mas… como ser pastor não é profissão e sim, vocação, precisamos achar um viés diferente para analisar esse “ser”.

Eu não aprecio que as pessoas defendam o trabalho pastoral com o discurso que vitimiza o pastor. Valorizar o pastor, dependendo da intenção, pode ser algo perigoso. Eugene Peterson defende que o adjetivo “pastor” deve ser forte, deve “rugir”, porém, o termo está enfraquecido e confuso em nossos dias.

Quando a tarefa pastoral é cooptada pelo corporativismo econômico impenitente, os pastores, como dizia Henry Nowen, passam a conspirar com o mundo escuro. E as doenças que atingem milhares de executivos na corrida pelo ouro, atingem o pastor de ovelhas que deveria estar lá no campo, afastado e protegido por um estilo de vida totalmente diverso dos workholics da cidade.

Não digo que pastores da cidade devam ficar debruçados em cima de uma cerca com um pedaço de capim na boca, mas que seu estilo de vida deve manter-se próximo da tarefa que lhe empresta a figura, isso deve. O pastor do campo, o original  que cuida de ovelhas, é cheio de habilidades com forte senso de proteção e, por isso, corajoso. Por causa da tarefa torna-se metódico e ao mesmo tempo criativo. Mas, acima de tudo tranquilo. Isso mesmo, tranquilo, com adrenalina só de vez em quando numa ocorrência ou outra.

E por falar em ocorrência, é muito útil pensar no pastor como paramédico (no Brasil não temos essa profissão). O paramédico é aquele que presta socorro pré-hospitalar. É o primeiro a aparecer e a intervir, mas sua função é levar o paciente para o médico. O pastor é um tipo de paramédico, pois sua tarefa é levar suas ovelhas para Jesus, o Supremo Pastor. Já é um estresse muito grande a corrida pastoral de socorrer pessoas expostas ao pecado todos os dias, mas o pastor sabe para onde correr com as vítimas.

Eu sou pastor, mas não sou O Pastor. A Igreja tem pastores, mas apenas um é o grande Pastor. Quando o apóstolo Pedro diz que devemos “aguardar o Supremo Pastor se manifestar” (1Pe.5.2-3) ele lembra que quem cuida da Igreja de fato é Jesus, que está sempre fazendo algo que não podemos ver. Ele é quem “efetua tanto o querer como  realizar” em sua Igreja (Fp.2.13).

Acho que para o bem da saúde dos pastores, todos devem lembrar disso: Você é e sempre será um pastor auxiliar, um paramédico. Jesus é quem sustenta, financia e gerencia sua obra na terra.

O pastor passa “lutas por fora” e “temores por dentro” (2Co 7.5). Sua tarefa é árdua e perigosa, mas não é sobre-humana, porém, passa a ser quando se deseja dar cabo do caos que é a vida social. Torna-se insano quando o sucesso terreno passa a ser o sentido do trabalho pastoral. O Senhor não obteve sucesso aparente em seus 3 anos de ministério pastoral e o seu fim não foi glorioso (leia o relato da perspectiva dos membros desanimados de Emáus -Lc.24).

Como todo equilíbrio pede: devemos aceitar os limites sábios de nossa vocação: pastor auxiliar. Não sou O Pastor. Apenas, honradamente, pastor.

Deus ajude as famílias de pastores que adoecem, que morrem por estresse e que até tiram a própria vida. Jesus, o Supremo Pastor, conforte as esposas que assistem  seus maridos serem dilapidados num trabalho que não é deles. Deus ajude os pastores a voltarem ao campo onde o Senhor do Salmo os ensinará novamente a confiarem mais nele que em seus métodos.

“Quem, porém, é suficiente para estas coisas?” (2Co.2.16)

SATANÁS: O PERFUMISTA

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Paulo Zifum

O Filme “Perfume: A História de um Assassino” baseado no livro de Patrick Suskind foi dirigido pelo cineasta Tom Tykwer (ambos alemães). O que tem de sensível tem de perturbador. Em uma Paris perfumada e apodrecida, a obra descreve uma obsessão (apego exagerado a um sentimento ou a uma ideia desarrazoada) humana pelo poder, a sensação de possuí-lo e como um caçador acaba tornando-se uma vítima da própria glória.

Há uma face escondida na obra de Suskind, um rosto milenar e familiar aparece em vários momentos da obra. Uma identidade pode ser notada: Satanás e seu requinte em roubar e matar. O autor consegue mostrar Jean-Baptiste Grenouille como alguém que devemos admirar e odiar. Esse é um dos cortes da arte: desafiar o observador a se identificar.

O filme é levado a um clímax nas cenas finais, onde a identidade de Lúcifer se revela mais clara (coisa que duvido ser propósito do autor). O bacanal é uma cena ousada, uma fotografia sem pudor. Ali, Suskind mostra que, pela sensualidade, a humanidade pode ser controlada por aquele que souber provocar com intensidade.

O talentoso assassino pode representar o “deus deste século” (2Co.4.4) que coleciona os perfumes que apreciamos e essências que desejamos. Ele sabe extrair de suas vítimas os segredos, as “notas” que provocam os homens. Ele anda ao derredor da Terra (Jó 1.7) e é aclamado como um anjo de luz (2Co.11.14). Ele estuda e busca encontrar uma arma para controlar as afeições humanas, mas ele mesmo não consegue amar nem ser amado.

O autor coloca quase todos na moldura do bacanal: ricos e pobres, incultos e acadêmicos, criminosos e autoridades, descrentes e religiosos. Ao mostrar a Igreja representada caindo em luxúria, Suskind mostra o quão indefeso é o homem religioso (Cl.2.23). E o único homem que parecia capaz de deter o assassino, o oficial Antoine Richis, cai aos pés do perfumista pedindo clemência. É sinistro quando um homem, um artista consegue causar histeria e compulsão nas pessoas.

A última e derradeira cena  surpreende. Mostra Jean-Baptiste Grenouille sendo consumido pelas pessoas, e nessa hora aterradora podemos alegorizar que o ser humano pode tomar a essência da beleza ou talento e derrama-la toda em si, sem dar glória a Deus. O fim podemos ver no filme e em Atos 12.23.

Não estou fazendo propaganda do filme, mas duvido que sua curiosidade seja tão controlada. Espero que a experiência lhe ajude a considerar que o Perfumista do Éden não deve ser jamais ignorado.

 

JOSÉ E MARIA

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Paulo Zifum

Você já ouviu falar de um marido que esperou os 9 meses de gestação da esposa para ter relações com ela? José era um homem de uma nobreza ímpar. Ele nunca havia tocado em sua noiva Maria e, de repente, recebe a notícia de que ela estava grávida. Ele pensou  no que qualquer homem pensaria: na traição dela. Mesmo sendo ofendido, conseguiu o que poucos conseguiriam: perdoar e  terminar o noivado de modo silencioso, sem se vitimizar e sem tornar o caso público.

Note a classe da narrativa:

Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: estando Maria, sua mãe, desposada com José, sem que tivessem antes coabitado, achou-se grávida pelo Espírito Santo. Mas José, seu esposo, sendo justo e não a querendo infamar, resolveu deixá-la secretamente. Enquanto ponderava nestas coisas, eis que lhe apareceu, em sonho, um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles. Ora, tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que fora dito pelo Senhor por intermédio do profeta: Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel (que quer dizer: Deus conosco). Despertado José do sono, fez como lhe ordenara o anjo do Senhor e recebeu sua mulher. Contudo, não a conheceu, enquanto ela não deu à luz um filho, a quem pôs o nome de Jesus.Mt.1.18-25
jose
 José estabelece um padrão alto para a vida conjugal:
1-Ame seu cônjuge! Se vier a errar, continue mostrando respeito, mesmo que seja uma traição. O respeito fala sobre quem você é. 
2-Mantenha sua vida conjugal em solo privado! Vigie as conversas que exponham seu cônjuge. Não torne seu casamento um “site” aberto a todos. Mantenha a discrição.
3-Pondere antes de falar! Muitos casamentos seriam poupados de “infecções” se o casal esperasse um pouco, se meditasse um pouco antes de defender ou acusar. 
4-Ouça a voz de Deus! Deus fala com os casais que aguardam instruções. Se Maria tivesse traído José, Deus com certeza daria a ele orientação e consolo. O diabo se apressa em envenenar as pessoas vulneráveis, semeando um ódio irracional e um desejo de vingança que, por fim, matará qualquer bondade do coração. 
5-Considere que o casamento exigirá sacrifícios! José nunca imaginou que sua esposa Maria teria uma necessidade tão específica de cuidado. Embora José não tenha recebido uma ordem expressa, decidiu “não conhece-la” e esperar o menino nascer para, só depois ter relações sexuais com ela. Ele não apenas a protegeu, mas mostrou bondade. 
jose
Segundo John Piper, José era uma vitrine onde Deus oferece aos casados um ideal conjugal. E para adquirir algo tão superior, maridos e esposas precisam de disposição, amor e fé. Ou seria muito amor?