OS ORÁCULOS ATUAIS

Paulo Zifum

Assista o vídeo abaixo. Leônidas, rei de Esparta, via a necessidade de consultar o Oráculo de Delfos, para saber se teria êxito na guerra contra os Persas. O rei paga os sacerdotes leprosos¹ para consultar o serviço religioso.

Crio uma metáfora: uma certa casta de jornalistas de hoje são os sacerdotes, cuja doença os fez perder a sensibilidade e capacidade de viver no mundo real. O incenso é a ideologia que entorpece para criar o ritual. E moça é a internet que, lambida pelo jornalista, fala o que se deseja ouvir. E Leônidas é o brasileiro que desconfia, mas consulta.

Porém, há esperança e cura, segundo 1Rs.5 e Lc.5. O Cristianismo pode redimir tais jornalistas. Cristo pode tirar esses profissionais da corrupção.

¹Os sacerdotes estão com Hanseníase (Lepra), uma doença infecciosa crônica e curável. Sem tratamento, além dos danos aos nervos, o doente perde a sensibilidade e torna-se inválido, sem forças para se mover.

PROGRESSISTA, NÃO!

Paulo Zifum

Progressista de verdade é aquele que considera que tudo pode ser modificado conforme o anseio social. O problema é que “tudo” e “anseio social” são questionáveis. Na prática, o pensamento progressista considera ruim até o passado virtuoso, mas não entrega para a sociedade um “novo” superior. Eles acreditam que o progresso depende de mudanças constantes propostas por “novos rumos” culturais e morais, porém, os resultados de gestão progressista no Brasil, entregaram péssimos resultados na área da educação e na construção de uma sociedade mais ética.

Sou conservador, mas evito conservadorismo radical que nega a realidade para “não mudar nada”. Os extremos são idolátricos e perigosos. Acredito, sim, que precisamos revisar estruturas sociais criadas de modo a dialogar com as próximas gerações. Mas, os progressistas querem mudar as bases sociais da tradição judaico-cristã, sem, contudo, oferecer outra base melhor e mais sólida.

Por isso, não é honesto romper com tradições e virtudes apenas dizendo que são valores ultrapassados. E descartar a história é um juízo de valor socialmente destrutivo. Porque, se a ética cristã está baseada em termos humanistas de justiça e, se os países mais igualitários que protegem a liberdade individual são nações de berço cristão, por que não reconhecer o mérito?

O movimento progressista deseja remover o protagonismo do pensamento cristão, posto que é conservador nos costumes. E partidos políticos, artistas e grandes meios de comunicação criaram a narrativa de que é preciso parar “a ditadura de maioria cristã” no Brasil.

E quando um artista ou político me diz: “você ama o passado e não vê que o novo sempre vem“, eu fico desconfiado. E, se o passado tem razão, ao excitado progressismo, digo: não!

Belchior lançou essa canção em 1976. Ela levanta o dualismo entre os movimentos sociais.

COME BACK HOME!

Céu estrelado, Isla del Sol, Lago Titicaca, Bolívia | Flickr

Paulo Zifum

Todos os dias eu acordo
E procuro viver melhor
Mas, por mais que esforço
Acho que já fui melhor
E penso em voltar para casa
sem saber como

Minha mãe me disse:
Eu peço a Deus por você
para que não pare de seguir
Essa linda sussurra pra mim:
Você não errará o caminho!

Mas eu estou cansado
Eu quero voltar para casa
sem saber como

Meu pai, calado me disse:
Você sabe o que fazer
Não olhe para trás
Esse farol ilumina o porto:
Você vai chegar logo!

Mas eu ainda duvido
Eu quero voltar para casa
sem saber como

Então, fiz uma oração
Pedindo mais uma música
E foi assim que olhei para o Céu
Ei! Cara!
Você já está voltando pra casa!
Continue louvando!
Já está chegando!

VOLUME NÃO É PESO

Flexível

Paulo Zifum

Um religioso pode falar muito sobre as palavras “Deus” e “amor”, assim como humanistas ateus podem usar muito as expressões “ser humano” e “empatia”, sem, contudo, elevar a ninguém.

A maldição o mundo pós-moderno é utilizar mais as palavras com menos significado. E assim, a vida, de tão existencialista, é esvaziada de sentido. Todos os espaços da literatura e da arte foram ocupados por uma espuma de isopor, onde se fala muito de amor e não se consegue educar uma sociedade que ama.

Tequel: Pesado foste na balança, e foste achado em falta.” Dn.5.27 

QUEBRAR O TERMÔMETRO

Como descartar termômetro de mercúrio

Paulo Zifum

A metáfora “quebrar o termômetro para baixar a febre” se refere a uma tentativa de se livrar dos problemas criando uma falsa sensação de solução. Mas, esse recurso só adia a percepção.

Essa ideia de “melhor não ver”, “faz de conta que não existe” ou “não ligo” pode funcionar em alguns casos, porém, na maioria das vezes, a “febre” causa convulsão, com efeitos muito piores.

É melhor buscar ajuda quando não se sabe o que fazer. Se a “temperatura” está alta demais, nem sempre calar-se ou isolar-se vai melhorar. Se o temperamento aquece muito rápido, gritar para calar o mundo não vai resolver.

Quebrar pessoas, quebrar compromissos, quebrar promessas, são ações escapistas que beiram a irresponsabilidade. E pode ser uma maldade neutralizar a opinião ou sentimento de alguém apenas para não “ver o mercúrio subindo”.

Se você olhou o termômetro e não sabe como resolver um conflito, peça ajuda. Procure o conselho de alguém que conhece a sabedoria judaico-cristã. Com certeza, um conselho cristão e bíblico lhe ajudará. A Palavra de Deus tem “antitérmicos” eficazes para “baixar” nosso ego e nossos medos.

Não quebre o indicador, quebre seu orgulho e sua pressa.

ESPELHO MEU

O Cinema e o Reflexo

Antonio de Castro dizia que “o teatro bem compreendido é a melhor escola dos costumes, a verdadeira moral em ação. ‘Se quiserdes, dizia um célebre viajante, avaliar de pronto a civilização de qualquer povo, vede as peças que são levadas à cena em seu teatro, e o acolhimento que se lhes faz“.¹ Logo, os streamings na internet formam um tipo de espelho da sociedade.

É só analisar. O que as pessoas mais acessam? Quais os artistas que mais agradam? Fico constrangido quando o canal que mais me distrai é feito pelo humor que condeno: “está errado, mas é engraçado”.

Quando espelhos surgem no top10 dos mais vistos no mundo, sei como o mundo está indo. E eu, que não sou louco, sóbrio assumo: “ai de mim, sou homem de olhos impuros e habito no meio de um povo de impuros olhos” (Is.6.5). Nada que o ser humano faz é fora de mim. Somos todos pecadores cujo espelho é, também, nosso juiz.

¹ LOPES, Antônio de Castro. Teatro do doutor A. de Castro Lopes. Rio de Janeiro: Tipografia do Imperial Instituto Artístico, 1864. (tomo I). p. I.

BOI DE PIRANHA

História da Netflix – Origem, plano de expansão e produção original - Hora  7 - R7 Segredos do Mundo

O filme Cuties traz mais uma polêmica a favor da empresa Netflix (a plataforma de streaming mais popular). Digo a favor porque, quando uma obra é censurada, as pessoas ficam curiosas para “dar uma espiada”. Cuties causou nos EUA com um protesto de quase um milhão de assinaturas. E agora, no Brasil é alvo de ações de boicote.

A diretora do filme, Maïmouna Doucouré, em entrevista, disse que sua intenção era denunciar o abuso sexual infantil. Porém, os críticos disseram que foi como “fazer um filme a favor dos animais mostrando animais sendo torturados”. A diretora alegou que jamais quis promover a sensualidade infantil. Mas, a arte, uma vez pública, não pertence mais ao autor, mas entrega-se à crítica, que pode ser justa, ou não. E, uma parte significativa do público, achou o filme tem tolerância à pedofilia.

Porém, os cristãos sóbrios precisam tomar cuidado para não entrar para a “patrulha moral” que cai matando em cima de “boi de piranha”. Os conservadores nem sempre estão vigilantes para perceber a mágica de chamar atenção para o que não é importante.

Quem patrocina o riso imoral (2Co.11.14), sabe enganar os conservadores de plantão, que estão sempre chocados com uma coisa grotesca, mas não percebem as dezenas de “coisinhas sutis” passando quase invisíveis (Mt.23.24). Assim, “o mágico” consegue fazer que outros filmes se tornem inofensivos. Dessa forma, ninguém reclama se o filme transformar o vilão em mocinho, tornar desejável e belo o sexo antes do casamento e seduzir casais casados a verem legalmente pornografia. E se os adultos não percebem os fundos ideológicos, o que esperar das crianças?

Assistir um “coquetel” de aventura, ficção, violência e crime sem propósito redentor, diverte e faz rimos, mas nos acostuma no lado sombrio. O mal tem a arte milenar de estar presente sem ser notado nem julgado.

Sobre o filme Cuties, não tiro da diretora Doucouré o benefício da dúvida. Ela pode ter boa intenção, mas o outro lado tem razão para suspeitar. A Netflix dá o circo que o povo gosta, e o fato de ter centenas de filmes subversivos é uma crítica, não contra a empresa, mas contra quem consome. Com essa malícia, notamos a malandragem.

“envio vocês como ovelhas entre lobos. Portanto, sejam prudentes como as serpentes e simples como as pombas” Mateus 10:16

ARTISTAS DO LADO ERRADO

Paulo Zifum

“A decadência da sociedade é louvada pelos artistas assim como a decadência de um defunto é louvada pelos vermes.” G. K. Chesterton

G. K. Chesterton (1874-1936), foi um escritor, poeta, filósofo, dramaturgo, jornalista, palestrante, teólogo, biógrafo, literário e crítico de arte inglês. Chesterton é muitas vezes referido como o “príncipe do paradoxo”.

Chesterton era um amante da arte, não um moralista. Ele acreditava que “a arte é a assinatura do homem” na história. O escritor dizia que “a decoração do mundo é função do artista”. Porém, o filósofo não deixou de denunciar o vício dos artistas que, seguiam a tendência da vaidade não importando se estavam do lado imoral. Os artistas são capazes de invocar a liberdade separada da justiça, ou o direito separado da moral. São tentados a relativizar tudo em nome da arte, e com esse “salto alto” pulam na alienação que os distancia do bom, belo e verdadeiro (conceito de Platão).

Há quem questione se existe um conceito universal para o que é bom, belo e verdadeiro, mas existe. Esse trio de valores e a forma como eles se relacionam é de fundamental importância para obtermos um juízo estético correto.

Essa tríade, para os cristãos bem instruídos, pode ser reconhecida mesmo na arte feita por um ímpio. Não devemos desqualificar a arte pela imperfeição do artista, mas aceitar todo tipo de obra como expressão da arte, é nega-la.

Leia sobre em https://cpaj.mackenzie.br/wp-content/uploads/2020/01/Resenha-3-A-arte-moderna-e-a-morte-de-uma-cultura-H.-R.-Rookmaaker-Allen-Porto.pdf

Leia também https://teologiabrasileira.com.br/introducao-a-estetica-crista-parte-i/

Leia, se puder, o livro Beleza de Roger Scruton

Foto: Filme 7 Vidas, uma obra de arte.

O IMPACTO DE GÊNESIS 3

Derek Kidner, sobre Gênesis 3:

“Três classes de desordem, cobrindo a maior parte do sofrimento humano, fazem seu aparecimento germinal neste capítulo. Nas relações pessoais há os primeiro sinais de alienação mútua (verso 7) e da brutalização do amor em sua expressão sexual (verso 16b). Embrionariamente, estão aqui as desconfianças e paixões que assolarão a sociedade. Na esfera espiritual o homem transformou-se, na sua autocontradição, simultaneamente na fuga (e banimento) de Deus (verso 8,24) e na batalha contra o mal (verso 15). No plano físico, sua vida terá de ser uma penosa luta para renovar (verso 16) e manter (verso 19) os processos vitais básicos, os quais foram conturbados em certa medida. Num aspecto, esta confusão múltipla é seu castigo, pronunciado por Deus; noutro, é simples consequência da sua anarquia. Sem direção, o coro da criação só pode ranger em dissonância. Na verdade, como base em Rm.8.19-23 e n o que se sabe do mundo pré-humano, parece que havia um estado de lida e liça na natureza desde o princípio, que o homem foi capacitado a “subjugar” (cap.1.28), (talvez pouco a pouco conforme se fosse espalhando para encher a terra), até que ele próprio se desordenou. Ainda agora o seu poder sobre a natureza (Sl.8.6-8; Tg.3.7) reflete essa capacidade original. A influência ordenadora do Homem, Jesus Cristo, mostra o que foi o seu potencial pleno, que um dia haverá de concretizar-se em toda a parte e para sempre (Rm.8.19)”

Comentário de Gênesis. Vida Nova. Pág.68-69.

Derek é poético e preciso em sua análise do problema do pecado. E sua análise da vocação do homem em controlar o caos é bela quando aponta, finalmente, para Jesus Cristo. Bravo!

Discordo de Derek em sua interpretação de que Gn.3.16 germinou a brutalidade do homem para com a mulher (se é que estou sendo justo com sua nota). A sentença divina limitou a mulher, impondo-lhe uma significativa perda de liberdade. Mas, não é a Lei uma forma de proteção para a natureza em descontrole? O pecado, de fato, gerou tanto a brutalização como a banalização do amor em sua expressão sexual, mas, Gn.3.16 não versa sobre isso. O texto reafirma a hierarquia necessária para o bem da mulher, porém, o pecado trouxe o machismo (o fracasso do governo protetor de Adão) e o feminismo (a rebeldia de Eva contra a sentença divina).

A JUSTIÇA É CEGA?

Paulo Zifum

O caso do vendedor Atercino Ferreira mostra a limitação da justiça dos homens. Em 2002, Atercino se separa da mulher e os filhos Andrey (8 anos) e Aline (6 anos) vão morar com a mãe na casa de uma amiga. Em 2004, o Ministério Público denuncia Atercino por abusar sexualmente dos filhos quando era ainda casado. Em 2012, Andrey registra em cartório: “Eu, quando criança, era ameaçado e agredido para mentir sobre abusos sexuais contra meu pai”. Em 2014 o pedido de revisão do caso com base no novo depoimento de Andrey (20 anos) chega ao Supremo Tribunal Federal, mas a ministra Rosa Weber nega o reexame das provas. Em 2015, Aline com 19 anos registra em cartório que também foi forçada a acusar o pai. Em 2017, Atercino foi preso. Ele respondia em liberdade e os filhos moravam com ele, mas, após o caso ser considerado transitado em julgado, foi condenado a 27 anos de prisão.
https://noticias.r7.com/sao-paulo/filhos-inocentam-pai-da-acusacao-de-abuso-sexual-apos-13-anos-02032018

Digamos que você é um juiz ou juíza desse caso. Sua obrigação é enxergar a verdade. Seu dever é ser imparcial. Sua tarefa é ler os autos do processo. Mas… vai depender do quanto você enxerga.

A frase “A Justica é Cega” aponta para o fato do juiz ser dependente das provas apresentadas pelos advogados, com as quais deve julgar com imparcialidade. Nesse caso, a habilidade dos advogados em convencer o “cego” é decisiva.

Entretanto, a frase sobre a cegueira da Justiça pode ser uma crítica ao sistema judiciário que mostra deficiência para enxergar a verdade, uma vez que a mentira se veste muito persuasiva https://paulozifum.wordpress.com/2020/09/12/nua-e-crua/

Tanto para culpar o inocente como para inocentar o culpado, os juízes estão sujeitos, posto que, em parte estão cegos diante dos “escuros” processos que devem julgar.

E o Atercino? Depois de ficar um ano preso, foi finalmente inocentado em 2018.

A Justiça cega conseguiu ver ou precisou apalpar? Às vezes, nem sólidas provas fazem um juiz enxergar. Mas, no Brasil, esperança precisamos ter, pois, dar vista aos cegos, Deus tem o poder.