VIVER SOB PRESSÃO

Como as descargas de adrenalina nos afetam? - A Mente é Maravilhosa

Paulo Zifum

Existem três tipos de pessoa: as que gostam de viver sob pressão, as que odeiam mas enfrentam e as que sucumbem.

Minha vida foi configurando uma mistura estranha de encrenca com ternura. Esse misto tornou-se um normal perigoso. Quando me converti, logo percebi que seria uma aventura constante. Viver entre dois mundos já é bem alucinante, com batalhas espirituais e tudo mais, é fascinante.

Quando oro, sinto participar de um mundo em construção. Quando falo, tenho a chance de mover realidades. E, cada dia tem um vale de decisão. E em cada encruzilhada, novo chão, em balanço rápido entre o sim e o não. Vivo, de olhos apertados, sob pressão.

SOU PASTOR

Ser Pastor na Atualidade | CONPASSCS

J. R. Leite

Sou pastor.
Minha glória e tensão.

Sinto falta das pessoas de um modo único.
Conto pessoas, anoto encontros e avalio como foram.
Sou pastor, cheio de amor, e de carência também.
As divisas entre o sacrifício e a recompensa são, sutis.

Sinto-me cortado pelo dom que possuo.
Como se Deus tivesse feito um transplante em mim.
Meu coração não funciona livre como os outros.
Bate desigual, arrítmico, mas cheio de esperança.

Tenho sequelas dessa intervenção divina.
Sinto dores quando muda o clima.
Sou sensível demais à dor e ao fracasso alheio.
Meus olhos secam quando ovelhas somem.

Mas, essa cirurgia que me une com Cristo,
que me fez pastor com o Supremo Pastor,
é minha maior alegria.
Se pudesse escapar, jamais faria.
E agradeço a Ele por nunca me deixar escolher.

E quando Ele voltar para contar suas ovelhas,
será difícil para mim.
Sei as ovelhas que perdi.
E, essa conta me persegue.
Vou desmaiar nas contas a prestar.

Salvei ovelhas de ladrões
Salvei de lobos e ursos
E, por elas enfrentei leões.
Mas, sinto-me triste pelas que foram levadas.
E, enquanto escolto o rebanho, choro, imploro,
para que chegue em segurança.
E, eu, descanse como ovelha, eternamente.


SOCIEDADE IDEAL

Paulo Zifum

Sociedade ideal é aquela sem racismo, machismo, feminismo e outros “ismos”. É uma sociedade cujo juízo de valor de uma pessoa ou de um grupo não carregam distorções de um mundo materialista e utilitário cuja tendência tribalista é invocar exclusividade, como se apenas um grupo fosse um fim em si.

Porém, esses “ismos” que fragmentam a humanidade, sufocam a solidariedade da raça, promovem a opressão de um darwinismo social e deflagram a luta de classes, estão presentes em todas as sociedades.

Há uma distorção em todas as relações sociais e muitos teóricos criam soluções para corrigir a discórdia entre os homens, porém, sejam ideais ou leis, tudo parece não funcionar.

A História nos ofereceu modelos de sociedade cujo obelisco social, religioso e político foi levantado como solução. Entre as propostas temos a sociedade judaica cujo registro tem cerca de seis mil anos e seu “obelisco” está em pé e intacto até hoje.

E a base da sociedade judaica define, primeiro, o que é humanidade: imagem e semelhança de Deus (Gn.1.26). A dignidade humana é intrínseca e não depende de valoração social. E essa é a base dos dez mandamentos (código moral universal e absoluto): o homem deve amar a Deus que o criou como seu correspondente e deve amar o seu próximo por ser esse um reflexo do Criador (Mt.22.37). O amor pelo Criador e pela criação define o juízo de valor de todas as relações possíveis. Essa estrutura redentora pode ser ilustrada no gráfico abaixo:

Nessa demonstração, o amor a Deus é o único meio sustentável da humanidade ser, de fato, unida.

Porém, Deus pode ser substituído da equação, causando um efeito semelhante. É possível organizar uma sociedade removendo os primeiros quatro mandamentos e, ainda assim, obter razoável concórdia, desde que os seis mandamentos restantes sejam mantidos.

O problema de se substituir Deus por algo menor é a relativização da moral. Desse ponto em diante, o grupo mais forte tende a impôr seus valores sociais, religiosos e políticos. A identidade construída em torno de algo/alguém inferior a Deus cria um grupo que, por mais pacífico que seja, terá conflitos internos e externos. O pecado do coração humano sempre vai inviabilizar o alcance do ideal.

Logo, qualquer tentativa social sem Deus está fadada ao fracasso. É uma escalada que tende a desmoronar com o tempo porque os ídolos do homem mudam conforme a paixão do momento. E o povo de Israel demonstrou esse verdade porque, eles mesmos tentaram e tentam sustentar uma sociedade secularizada.

A sociedade ideal, segundo a Bíblia, só pode ser construída a partir da comunhão com Deus, porque Ele modera e justifica as relações. Porém, o ser humano, por causa do pecado, se alienou de Deus e o resultado disso é facilmente notado nos noticiários.

Por isso, o Evangelho de Jesus Cristo ressoa anunciando que a prioridade não é edificar uma sociedade de afinidades entre os homens, mas reconciliar-se com Deus (At.17.30). E somente assim, o homem é capaz de assimilar a sociedade ideal estruturada e proposta por Jesus no Sermão do Monte (Mt.5 à 7), com um “ismo” distinto: o altruísmo.

AVISE SEU POLÍTICO

O Candidato Honesto filme - Trailer, sinopse e horários - Guia da Semana

Paulo Zifum

Caro político.

Você ganhará a eleição. 
Mas, você sabe exatamente
o que estará recebendo? 

Você fez reuniões e alianças, se esforçou numa extenuante campanha, negociou perigosamente e aprendeu a falar coisas que não está acostumado. Fez sua parte do trabalho de candidato. Agora… assumir o cargo é uma decisão exclusiva de Deus, porque se você irá trabalhar para Ele, cabe a ele confirmar seu nome (Rm.13.1-2).

Você ganhou a eleição e isso é empolgante!
Mas, na verdade, você deveria estar apavorado. 
O trabalho político é um fardo. 
Embora possa amealhar vantagens sociais e econômicas, abraçará uma tarefa muito desgastante e perigosa.  Você nunca mais será a mesma pessoa, sob o risco de perder a identidade e até o conforto familiar. Há muita ingratidão nessa missão e a oposição cuidará de te perseguir com ou sem razão.

Tome cuidado. Você é apenas uma pessoa. Tem limitações e deve saber que o cargo é muito complexo. Os interesses que concorrem e os poderes que disputam são incontroláveis. O jogo é sombrio. As demandas exigirão coisas que farão seu plano de governo parecer muito amador. Amigos certamente vão mudar de ideia no caminho e minarão a confiança. Isso deveria deixar qualquer candidato apreensivo.

E, é exatamente por causa da grandeza do cargo e pequenez do candidato que, nós, eleitores cristãos, fazemos o pedido número 1 para aquele que será eleito: Compareça, sem falta, na audiência com Deus. Essa audiência deve ocorrer assim que o cargo for homologado. Não faça como alguns que nem comparecem achando que sabem tudo. A História nos conta de governos desastrosos geridos por homens despreparados. O sucesso ou fracasso de um mandato pode ser definido na mesma sala onde o famoso Rei Salomão teve sua particular audiência com Deus (leia no link 1 Reis 3:3-13).

Você ganhou essa eleição. 
Assim que assumir,
entre em audiência com o Rei.

Por favor, leia e siga as instruções. 
Nós, o povo, as crianças, os jovens e velhos,
dependemos dos recursos que emanam dessa audiência.
Torcemos para que você seja bem sucedido.  

DEFINA O QUE É TENTAÇÃO

Tentação, meu amigo, é coisa do cão.
Para quem está na beira, um empurrão.
É o veneno com gosto bom.
É a beleza de anjo cheia de sedução
do diabo cheio de má intenção.

Mas, a tentação só tem efeito
sobre quem pelo mal é afeito
quando o prazer é melhor que a virtude
os pecados são maçãs de alegria

Não é a tentação que me altera
Sou eu que me revelo a ela
Dura verdade que não quero ver
Mas, sou eu, Senhor, sou eu.

INFÂNCIA QUE FAZ CRESCER

Tênis Conga Novo De Estoque Antigo | Mercado Livre

Paulo Zifum

Quando eu era criança, sabia brincar só. Tinha habilidade de criar perigos reais, mas preferia os imaginários. E meter medo em mim mesmo exigia muita concentração. As amigas de minha mãe eram feiticeiras que roubavam meninos gordinhos para fazer caldinho de bruxaria. Eu escapava das unhas vermelhas que tentavam me acariciar. O entregador de jornais cavalgava em seu pangaré, lançando pacotes sobre os muros. Esse sim, era o mais perigoso, com sua barba falha e seu dente de ouro. Dele me escondia, pois, sabia ser ele um forasteiro que raptava meninos gordinhos. Eu poderia criar os vilões mais perigosos e, fazia tão bem que meu coração acelerava tanto que suava de aflição, e depois, à salvo no porão, desatava a rir como um sagui. E, enquanto eu metia medo em mim, estava bom.

Porém, a saída da escola nunca era divertida. Era o mundo real do Ailton. O mulato de cabelo sarará e olhos castanhos claros era meu algoz. Embora ele fosse franzino e mais baixo, quando falava comigo, parecia ter o dobro do tamanho. Não entendia as broncas nem os sopapos que ele me dava. Ailton tinha cicatrizes no lado direito do rosto, e isso o deixava muito amedrontador. Todos os dias, na saída, ele me fazia ameaças e me empurrava.

Até que um dia, vislumbrei a saída da minha Alcatraz. Vi um menino gordinho fugindo da escola trepando no portão lateral. Foi incrível! Ele pulou e não olhou para trás. Fiquei dias planejando fazer o mesmo, só que eu não era de cabular aula, por isso, planejei escapar da surra minutos antes de formar a fila da saída.

Era uma sexta cinzenta (tinha de ser) e eu estava determinado a escapar. Ailton já tinha me avisado que iria deixar meu olho roxo. Então, sai disparado sacolejando minha pasta polionda azul deixando o lápis e o apontador de ferro cair. Minha performance estava traçada: pular e não olhar para trás. Me atrapalhei para socar a pasta entre as frestas do portão, mas consegui a esbagaçando e vendo tudo se espalhar do lado de fora. Trepei no portão e, logo percebi a falta da habilidade do gordinho inspirador. Minha barriga prendeu na hora de girar as pernas para fora. Quase cai de volta, mas, com mais um impulso, me esborrachei para fora. Esfolado, ajuntei o tudo de qualquer jeito de desci a ladeira junto ao muro da escola.

Isso, sim, foi uma aventura.
Provei para mim muitas coisas.
Agora eu era um fugitivo.
Me sentia diferente.
Ergui a cabeça e pensei:
Sou um bundão!

Ailton foi importante para meu desenvolvimento. Aprendi a apanhar sem contar para ninguém, aprendi a pensar em soluções. Aprendi que algumas saídas não resolvem o problema, mas adiar um confronto pode ser um bom preparo.

Na segunda tínhamos aula de educação física. Nesse dia o professor se enfezou com o Ailton e o fez fazer 100 abdominais. O menino teve um problema grave de hérnia e foi parar no hospital. Nunca mais vi o Ailton, nem aquele professor.

Sentia falta daquela tensão na saída da escola e, olhava para aquele imenso portão branco com vontade de saltar de novo.

ALMA CORTADA AO MEIO

Paulo Zifum

sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes.
…o que duvida é semelhante à onda do mar, impelida e agitada pelo vento.
Não suponha esse homem que alcançará do Senhor alguma coisa;
homem de ânimo dobre, inconstante em todos os seus caminhos.
Tiago 1:3-8

O plano de Deus para seus filhos é que se tornem inteiros. Depois da queda (Gn.3), todos ficamos divididos ao meio, senão, dilacerados em vários pedaços de desejos. Mas, graças a Jesus Cristo, o homem perfeito, temos a esperança de, um dia, nos tornarmos “perfeito e íntegros, em ada deficientes”.

E essa é uma das bençãos da conversão que nos torna novas criaturas: sermos inteiros, novamente. O coração convertido segue sentido único, de volta para Deus. Não que pulse sem traições no caminho (2Sm11-12), mas se reconstitui e une-se a Deus no arrependimento.

CORAÇÃO DUVIDADO

homem de ânimo dobre,
inconstante em todos os seus caminhos

Tg.1.8

O coração, na visão judaico-cristã, é o centro da vida (Pv.4.23). Logo, dúvidas nessa “ponte de comando” é caos anunciado. E, se as perguntas “Quem sou eu? e “Qual é o meu propósito?” não forem resolvidas, a navegação está comprometida.

E a Bíblia mostra em suas narrativas cada momento de dúvida do ser humano e como esse, em vez de tirar as dúvidas de si, apostou em fantasias e vaidades, para obter certezas instantâneas.

E essa é uma tentação dos diabos:
imaginar e projetar-se feliz
sem saber da tristeza, a raiz

Deus criou a humanidade inteira e una, mas nos metemos em muitas confusões (Ec.7.29). E hoje, somos cheios de dúvidas disfarçadas de certezas artísticas e científicas. Temos dúvidas se somos amados e se vamos poder continuar a viver ou se o sonho será realizado. E, em cada ponta de dúvida, o coração salta, mesmo sem certeza.

Mas, é possível ter certeza de algo?
De quem se é ou para onde se vai?

A resposta está em Jo.14.6
Está em um homem, por mais incrível que pareça.

CORAÇÃO DIVIDIDO

Paulo Zifum

homem de ânimo dobre,
inconstante em todos os seus caminhos

Tg.1.8

O coração é o centro de comando da vida. Logo, podemos imaginar o problema se as ordens forem “vá!” e “fique!” no mesmo dia. Pense nos caos se o comando for “ame” e “odeie”, “espere” e “apresse”, tudo ao mesmo tempo. “Ninguém pode servir a dois senhores” (Mt.6.24), mas o coração humano tenta essa proeza, para seu próprio infortúnio.

Pessoas casadas fazem isso. Desejam servir o Amor, que é totalmente altruísta e fiel, mas, ao mesmo tempo querem servir a si mesmos. Não tem como isso dar certo! Se você se casou, então, deve servir o Amor somente. E o Amor não hesitará em sacrificar você pelo bem do outro. É um comando só.

Pessoas que desejam emagrecer, ficam divididas. Pessoas que querem estudar, ficam divididas. Pessoas que precisam acertar pendências morais, ficam divididas. Pois, de um lado está o senhor da Saúde, Disciplina e Virtude, mas do outro está outro senhorio que diz “ninguém tem nada a ver com isso!” ou “você precisa relaxar” ou “não exagere”.

E aí, chegamos no “centro da divisão”: o ídolo. Servimos aquilo que amamos e, se amamos duas coisas ao mesmo tempo, não conseguiremos fazer nada direito.