BATISMO E BODAS

Paulo Zifum

Qual a relação do batismo com o cerimônia de casamento entre em homem e uma mulher? Segundo o livro de Gênesis capítulo 24, o homen busca a candidata à esposa, ela é abordada com uma sinalização evidente de dote (Gn.24.22). Depois ela decide casar-se (Gn.24.57) e inicia a viagem como noiva adornada. Rebeca passa a pertencer à Isaque por fé.

Essa narrativa pode ilustrar como os crentes entram em aliança com o Senhor por meio de seus mensageiros. Como Eliezer, os evangelistas se esforçam pregando o convite para descobrirem os eleitos. E quando ocorre uma conversão, quem leva uma alma a Cristo, adora a Deus por conseguir para Ele uma noiva.

Os crentes, mesmo sem entender plenamente, maravilhados e com fé, aceitam seguir até às águas do batismo, e entram em aliança para pertencer ao Senhor.

PASTOR EDITAM A BÍBLIA?

Paulo Zifum

Assim como os jornais sempre editaram as notícias, controlando a maioria da população, os líderes religiosos postos como oráculos, podem cair na mesma tentação que é poder induzir os ouvintes a acreditarem que escutam toda a verdade.

Sou pastor e temi estar fazendo isso. Acho que todos os ministros que usam a tribuna da Igreja devem temer o fato de que o povo confia demais em seu guia (por limitações cognitivas, afeto ou preguiça), o que pode dar ocasião para o abuso de só falar o que gostam ou apenas o que o próprio ministro aprecia.

É claro que os ” despenseiros” selecionam o alimento espiritual, mas pregar somente o “politicamente correto” ou apenas o “fogo e inferno” é privar um povo de, nesta vida, saber a bênção que graça e verdade juntas oferecem.

Os pregadores não devem ser bonzinhos nem azedos, antes temperados. Com a coragem dos profetas e a doçura dos pastores, devem pregar sem editar seja a vara, o cajado, o óleo ou o cálice transbordante.

Ministros editam? Sim. Por isso, o apóstolo Paulo alerta que cada sofrerá o dano em sua obra dependendo de qual material usou (1Co3). Suponho que a palha e madeira representem os púlpitos editoriais próprios dos hereges.

Eu, me cuidarei, porque o fogo do juízo de Tg.3 não faz distinção denominacional.

O FATOR MÍNIMO

Paulo Zifum

A Lei de Liebig ou Lei do Mínimo ilustrada pelo barril de aduelas irregulares, pode ser aplicada à vida de uma pessoa que, mesmo em condições internas e externas favoráveis, não consegue alcançar o progresso desejado. Um exemplo disso podemos notar em um pai de família que trabalha por anos, dia e noite, atendendo telefone aos finais de semana. Ele faz tudo isso para dar aos seus o melhor conforto material, semana, mas descobre, depois de um tempo, que sua esposa está depressiva e os filhos se sentem distantes dele. O fato alto é a segurança financeira, mas baixa segurança afetiva. Há também casais que se amam muito, mas sofrem com problemas financeiros. Existem pessoas com alto nível intelectual que não desenvolvem vida social saudável, trabalhadores autônomos dedicados e bons profissionalmente que não conseguem fazer orçamentos corretos e falham no planejamento, empresas com ótimos produtos que encalham porque não possuem um bom time de vendas.

Quem estuda livros, faz cursos de capacitação, ouve boas palestras e assiste tutoriais, busca conselhos, cresce. Mas, muitos, mesmo “enriquecendo o solo” com tudo que podem, ainda assim, não conseguem alcançar a vida abundante e plena de significado que gostariam.

E “essa felicidade malograda”, precisa ser identificada para ser, então, reparada. Não adianta sair exigindo tudo de si e dos outros, quando não sabemos qual a área de nossa vida está mais pobre. E com a sabedoria judaico-cristã, podemos identificar algumas áreas em escala de importância.

1º Comunhão com Deus
A Bíblia apresenta a verdade de que o relacionamento com Deus é o fator mínimo da humanidade caída. O pecado nos afasta de Deus e, consequentemente, das pessoas e da vida eficaz e produtiva. E, embora seja possível produzir muitas coisas longe de Deus (arte, literatura, ciência, etc.), não é possível alcançar a verdadeira paz que somente Cristo pode oferecer. Isso pode ser constatado nos resultados do mundo nas famílias, bairros e governos que, embora. E a Bíblia nos informa que Adão e Eva tinham tudo, mas colocaram tudo a perder (Gn.3). Caim, o primeiro filho de Adão e Eva, foi incapaz de perceber que sem Deus sua relação com seu irmão não estava saudável (Gn.4.1-10). Com o coração longe de Deus “as sínteses não podem mais fazer-se”, ou seja, a ausência de um fator essencial anula os outros. Por isso, Salomão declara que tudo é vaidade e correr atrás do vento, e Paulo, de modo mais profundo, diz que longes de Deus, os homens estão confinados à inutilidade dos pensamentos. A vida passa desperdiçada.

Para reparar essa aduela, não há outra forma a não ser render-se a Jesus Cristo em arrependimento. É preciso confessar os pecados e pedir graça ao Senhor. Essa é a ação mais importante da vida: a reconciliação com Deus! E, uma vez em paz com Deus por meio de Cristo, somos auxiliados pelo Espírito Santo a seguir uma jornada de oração, na qual podemos obter sabedoria, conselhos e vitórias. E mesmo que não haja uma cura física ou virada financeira, somos satisfeitos em Deus. E o Espírito nos conduz a ler a Bíblia nos dando nela entendimento de como tratar nossos vícios, medos, ansiedades e depressões.

Todos nós temos um ponto fraco, uma área de deficiência que humilha e limita. E o cristão, é encorajado pela Bíblia a buscar tratamento e reparo. O ensino bíblico, em seu equilíbrio, afirma que não alcançaremos perfeição nessa vida*, mas jamais estimula entreguismo que gera mediocridade. Há, em toda a Escritura, motivação para superar dificuldades, vencer medos, crescer em todos os níveis para glorificar a Deus. Portanto, ao descobrir nosso fator mínimo, podemos orar, estudar o que a Bíblia ensina sobre e reparar a área deficiente.

Esse fator pode ser aplicado em 3 áreas da vida e, com todo cuidado em uma específica.

1ª Relacionamentos
o homem que tem muitos amigos
sai perdendo, mas há amigo
mais chegado que irmão
” (Pv.18.24).

Em sua relação com as pessoas, qual é seu fator mínimo? É importante saber para reparar, identificar para buscar ajuda, descobri para remediar. Muitas pessoas estão cansadas de seus relacionamentos porque são carentes demais ou exigentes demais. Algumas situações na vida podem sugerir que o melhor seja se isolar, mas essa medida não pode ser permanente. O reparo da aduela baixa nos relacionamentos está em buscar equilíbrio em Deus que nos ensina a viver de modo resolvido e amoroso. Deus coloca muitas pessoas em nossa vida, mas quem tem deficiência nessa área não consegue cultivar e reter. Você não consegue se comunicar bem? Tem dificuldade de falar de sentimentos, de agradecer ou expressar amor? Esse fato mínimo pode ser consertado em todos os níveis (casamento, filhos, parentes, amigos e conhecidos).

2ª Estudo/Trabalho
Quem somente observa o vento nunca semeará, e o que olha para as nuvens nunca segará. Semeia pela manhã a tua semente e à tarde não repouses a mão, porque não sabes qual prosperará; se esta, se aquela ou se ambas igualmente serão boas” (Ec.11.-4 e 6)

Essa aduela baixa faz com que muita gente perceba que o tempo está passando e as conquistas não estão avançando. Seja na administração do lar, dos cursos, da vida profissional ou da empresa, é possível perceber que alguma área não está funcionando. Você tem dificuldade de concentrar-se? Tem deficiência na organização? Então, ore Tg.1.5 todos os dias e eleja alguém de confiança para prestar contas desse reparo. Comece hoje!

3ª Frutos na Igreja
Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça“(Jo.15.16)

E seria possível aplicar esse fator na vida de uma comunidade cristã? Guardadas as devidas proporções, sim. Igrejas que são teologicamente ricas com boas tradições sólidas, mas não evangelizam nem discipulam, podem apresentar um crescimento muito baixo, com desenvolvimento lento ou até, decrescimento.

A Igreja é diferente de tudo que conhecemos neste mundo e, como instituição, não pode ser comparada com outras a não ser com ela mesma, porque ela não uma instituição humana, é divina. Deus é quem cria comunidade, ele é quem reúne as pessoas e as capacita com dons. Quanto ao desenvolvimento, a atividade da Igreja é a lavoura de Deus (1Co.3.9) onde os cooperadores podem plantar e regar, mas o crescimento é exclusivo de Deus (1Co.3.6). Porém, embora Deus seja controle sua obra, ele permite que os trabalhadores desperdicem seu tempo com negligências.

Se uma Igreja está situada num país livre cujas pessoas são receptivas, então, os campos já estão brancos para a ceifa. É possível reparar essa aduela e pedir que Deus nos use para vivermos uma vida frutífera e plena de significado, porque tudo aqui passará, tudo é vaidade, mas o Evangelho é o poder de Deus para salvar almas cujo valor é eterno.

CONCLUSÃO: A aduela mais baixa é o relacionamento com Deus. Portanto, nada adianta ganhar o mundo inteiro e perder a alma. Uma pessoa poder ser bem-sucedida materialmente, mas tolo “é o que entesoura para si mesmo e não é rico para com Deus” (Lc.12.21). Também, aquele que for negligente em sua obra, mesmo que seja um filho de Deus, desperdiçará os bons talentos dados por Deus e chegar[a no Céu de mãos vazias. Deus nos deu apenas uma chance para realizarmos sua obra e vivermos uma bela vida. Repare suas aduelas.

*Algumas limitações fazem parte do propósito divino para nos manter humildes (2Co.12.7-9), mas a maioria delas são efeitos do pecado passíveis de reversão.

A MIM O FIZESTE

Paulo Zifum

Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me hospedastes; estava nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me. Então, perguntarão os justos: Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? Ou com sede e te demos de beber? E quando te vimos forasteiro e te hospedamos? Ou nu e te vestimos? E quando te vimos enfermo ou preso e te fomos visitar? O Rei, respondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes. Mt.25.35-40

Estava confuso, estava endividado, estava sendo condenado, estava solitário, estava viciado, estava em depressão, estava divorciado, estava revoltado, estava no crime, estava fracassado e foste em busca de mim.

QUANDO O AMOR ACABA

Paulo Zifum

O término de um relacionamento revela que aquele consórcio cujas vantagens foram prejudicadas não pode ser mantido por uma das partes ou por ambas. Esse amor humano que perde o fôlego só se “se incendeia nas qualidades amáveis do outro” que, mesmo com todas as vantagens disponíveis, ainda assim desvanece. Esse tipo de amor pode acabar subitamente de tão frágil que é.

E acaba, nem sempre por culpa das partes, mas pela limitação delas. A amor humano dá pane por inúmeras contingências que fogem do controle dos amantes que, em pleno voo, assistem as hélices pararem do nada. Felizes os que conseguem, há tempo, fazer um pouso de emergência e salvar a saúde mental e emocional, porque as quedas costumam ser um desastre.

E aqui estamos falando de amor que acaba, não de sentimento que se esfria. É difícil. Às vezes, se demora para acreditar e mais tempo ainda para desistir. E, como uma morte cerebral, é possível um amor sobreviver artificialmente por um tempo, ficando a decisão de desligar ou não as máquinas que o mantém.

Dentre as coisas mais perigosas que alguém possa viver, o fim de um amor está no topo depois do pecado contra a consciência e da mentira deliberada. Por isso, quando um amor acaba, é urgente correr para Deus cujo amor jamais acaba (1Co.13.8).i

Afortunados são os que, na senda do amor humano, são surpreendidos pelo amor divino. Com ele, aprendem a amar verdadeiramente sendo transportadas para “o reino do Filho do seu amor”. Esse reino tem sua base na escola da Graça, onde os relacionamentos não versam mais sobre as vontade individuais autônomas, mas sobre Deus e seu perfeito amor. Em Deus há possibilidade do amor humano ser sustentando.

Todavia, mesmo que se acabe, os amantes podem sobreviver agarrados ao amor divino.

LADEIRA ACIMA

Paulo Zifum

O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca perece; 1Co.13.4-8

Werner de Boor analisa o sublime texto acima com uma sensibilidade rara. Ele comenta que nossos relacionamentos estão confinados no movimento pendular entre simpatia e antipatia, e mal gostamos, já “não queremos ter mais nada a ver com algumas pessoas”. Para Werner, o amor “não perde o fôlego”, não é um sentimento “absorvente, que se incendeia nas qualidades amáveis do outro, mas amor jorrante, que abraça o outro também com todas as suas dificuldades e incompatibilidades”¹.

Essa fonte “jorrante” só possível se estivermos ligados a Deus, como está escrito: “amamos porque Ele nos amou primeiro” (1Jo.4.19). Ele interrompe o vício usuário que nos faz ver o outro como um meio e nos convence que a visão saudável é ver o outro como um fim em si. É esse amor que “cobre multidão de pecados” (1Pe.4.8) é que é capaz de “ver e sentir o mal que é cometido contra ele e não contabilizá-lo, tratando-o como não acontecido”², porque não usa a contabilidade do “até sete vezes de Pedro”, mas a do “setenta vezes sete” de Jesus (Mt.18.21-22).

Porém, não se deve confundir o “cobrir” do amor com algum tipo de cumplicidade com a injustiça, pois não há amor sem a Cruz. O Evangelho não promove a impunidade, antes garante que em sua morte na Cruz, Cristo pagou pela cobertura dos eleitos. O amor cristão com sua reação proporcional de alegria e tristeza adequadas, mantém o equilíbrio e a determinação do “tudo sofre, tudo crê, tudo suporta, tudo espera”.

Somente por esse estreito “caminho sobremodo excelente”, que é Cristo, é possível que um pecador volte gradativamente para Deus, pois andando nele, vê revertidos os efeitos da Queda. Pela maravilhosa graça de Cristo, os convertidos se veem praticando atos tão nobres que, enfim, podem afirmar que estão salvos.

¹de Boor, Werner. Carta aos Coríntios Comentário, Editora Evangélica Esperança, Curitiba. 2004, pág. 206.
² Idem. pág.207.

LADEIRA ABAIXO

Paulo Zifum

O amor é essencial para viver. Faltando amor, perdemos os freios na íngreme ladeira das dúvidas, equívocos e iras. Note, abaixo, a descrição do amor que aponta para o Único capaz de impedir o destino de todos nós:

O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca perece; 1Co.13.4-8

Sem paciência, o coração fica sem bondade e, sem bondade, passa-se a maltratar todos ao redor até fechar-se de marra e mágoa. Sem amor, a descida é certa para uma vida nada razoável onde o dano só aumenta, até o fim do poço. Lá embaixo, longe do Amor, começa-se achar que o bom é mau e o mau é bom, com um tipo de alegria sombria e uma tristeza maligna. Como uma maldição, o prazer deixa de repousar sobre o bom, belo e verdadeiro, mas deleita-se em tudo que é fútil e rasteiro.

Ó Senhor!
Tenha piedade de mim!
Faça-me subir!
Cristo, Salvador!