CERTEZA DE SI E SENSO DE DIREÇÃO

Paulo Zifum

Os cristãos maduros mantem sóbrio senso de direção. Por causa da instrução, sabem quem eles são, onde estão e opara onde vão. E essa noção não apenas racional, mas fruto da fé, da confiança em Deus. Por isso, os crentes alcançam qualidade de vida na relação com o tempo, aceitando e resolvendo conflitos do passado, mantendo-se animados e firmes com o presente e cheios de esperança com o futuro. Note como o apóstolo Paulo aborda esse assunto:

Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus. Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus. Todos, pois, que somos perfeitos, tenhamos este sentimento; e, se, porventura, pensais doutro modo, também isto Deus vos esclarecerá. Todavia, andemos de acordo com o que já alcançamos. Filipenses 3:12-16

CERTEZA DE SI
Essa noção de si mesmo, do tempo e do propósito da vida remove toda a ideia de sorte. Paulo confessa que, ao olhar para trás, percebe suas falhas e imperfeições. Esse reconhecimento é um quebrantamento, uma humildade de aceitar que coisas do passado estão longe do ideal de Deus. Porém, ele não se sente derrotado com sua imperfeição porque sua confiança não está em si, mas em Cristo que redimiu sua alma oferecendo segurança espiritual. A expressão “fui conquistado” nos faz pensar em Is.53.11 onde a salvação dos eleitos parece ser um prêmio que Cristo recebeu. O termo também pode ser compreendido na figura da guerra onde os povos vencidos passavam a lutar por seu nosso Senhor que lhes garante a vitória final (2Co.2.14).

Todos nós, em algum momento da vida, podemos ter dúvidas sobre pontos de nossa identidade. Mas, os crentes não devem viver inseguros ou atormentados quanto ao passado. Caso estejam fracos em sua confiança, não conseguirão prosseguir para o alvo, por causa das tristezas do passado ou do “pecado que tenazmente assedia” (Hb.12.2). Mas, se confiarem em Cristo, serão capazes de “esquecer as coisas que para trás ficaram”, capazes de aceitar as limitações e o perdão divino, capazes de pedir e também liberar perdão.

Livres dos pesos do passado que fomos, é possível seguir confiantes “de glória em glória” (2Co.3.18) para o que haveremos de ser em Cristo. E essa certeza de si não é um orgulho religioso, mas uma fé inabalável que manifesta “a perseverança dos santos” (Ap.14.12). Vamos vencer, cruzar a linha de chegada, alcançar o prêmio de sermos como Cristo.

SENSO DE DIREÇÃO
Essa certeza cristão não pode ser confundida com a do mundo impenitente que rejeita a Deus. A identidade em Cristo conduz os crentes a um claro senso de direção espiritual. É possível saber qual o propósito desta vida e também avaliar o próprio crescimento pessoal. Como está escrito: “a luz do justo é como a luz da aurora, que vai brilhando até ser dia perfeito” (Pv.4.18) e “está, agora, mais perto do que quando no princípio cremos.” (Rm.13.11). Mas, “o caminho dos ímpios é como a escuridão; nem sabem em que tropeçam” (Pv.4.18-19).

Saber a direção e o caminho muda totalmente nossa experiência como seres humanos que não conseguem vitória sobre o pecado, o mundo, o diabo e a morte. Sem Cristo, todos vão para a linha do desespero, que é a falta de sentido e de segurança. Mas, os que estão em Cristo, podem correr e lutar com as certeza de quem são e para vão.

O SOM DO NOME

J.R.Leite

Primeiro, há necessidade de precisar o que é o nome e o que é o verbo, depois o que é a negação e a afirmação, a declaração e o discurso. Há os sons pronunciados que são os símbolos das afecções na alma, e as coisas que se escrevem que são os símbolos dos sons pronunciados. E, para comparar, nem a escrita é a mesma para todos, nem os sons pronunciados são os mesmos, embora sejam afecções da alma -das quais esses são sinais primeiros -idênticas para todos e, também são precisamente idênticos os objetos de que essas afecções são as imagens” Isagoge -Aristóteles pag.3 (16a)

Perfeita análise!
O som de dois nomes, para mim, são distintos entre todos os nomes: Jesus e Fabrícia. O primeiro é responsável por dar sentido à existência de toda boa dádiva e dom perfeito (Tg.1.17), o segundo nome é símbolo da provisão divina para mim. Esses dois nomes criaram em mim afetos profundos de gratidão e, por fim, definiram meu nome. Jucimar, portanto, é símbolo de afeto por duas pessoas.

E graças a Jesus, que se revelou a mim primeiro, não estou confundido nos afetos distorcidos pelo pecado. Por seu Espírito, posso desenvolver afetos corretos a respeito de Deus, o que torna possível entender a provisão divina. O nome de minha esposa emite o som da graça que me traz segurança e sabedoria. Quando falo seu nome, sinto-me amado e, ao ouvir meu nome em sua doce voz, sei que estou perdoado. Ela materializa em pequena proporção, a pessoa de Jesus.

São puros os deleites espirituais
retirados em Jesus,
sem o qual todos os afetos
se tornam idolatria,
nas quais as devoções
se reduzem
a barro sem fôlego.

Escrevo esses símbolos,
para que sejam lidos e,
uma vez pronunciados,
ecoem, de meu coração,
no céu e na terra.

*a foto acima
é a tentativa de simbolizar
a sombra de três pessoas
em uma

DOWNLOAD INCOMPLETO

Paulo Zifum

“Todavia, Deus, que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, deu-nos vida juntamente com Cristo, quando ainda estávamos mortos em transgressões — pela graça vocês são salvos. Deus nos ressuscitou com Cristo e com ele nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus, para mostrar, nas eras que hão de vir, a incomparável riqueza de sua graça, demonstrada em sua bondade para conosco em Cristo Jesus. Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie. Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as quais Deus preparou de antemão para que nós as praticássemos” Efésios 2:4-10

Quando iniciamos o processo de baixar um arquivo ou fazer um download, na tela do computador aparece uma animação gráfica para visualizarmos a ação. O arquivo só abre se o download chegar a 100% para abrir com sucesso num sistema compatível. E de nada adianta chegar a 99%, pois não há sucesso se faltar 1%. Assim, são as nossas obras em relação à salvação de nossa alma. Para sermos salvos por meio das obras precisamos fazer um download completo e perfeito de todas as exigências da Lei moral de Deus (Rm.3.20). Porém, isso não é possível para pecadores, porque nunca chegamos a 100%, pois está escrito: “é evidente que diante de Deus ninguém é justificado pela lei” (Gl.3.11), “portanto, ninguém será declarado justo diante dele baseando-se na obediência à lei, pois é mediante a lei que nos tornamos plenamente conscientes do pecado” (Rm.3.20).

O único homem que apresentou obras completas foi Jesus. Ele, “embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu e, tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o Autor da salvação eterna para todos os que lhe obedecem (Hb.5.8-9). “Portanto, visto que temos um grande sumo sacerdote que adentrou os céus, Jesus, o Filho de Deus, apeguemo-nos com toda a firmeza à fé que professamos, pois não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, mas sim alguém que, como nós, passou por todo tipo de tentação, porém, sem pecado” (Hb.4.14-15).

Em Cristo, iniciamos o download das boas obras no programa que Deus preparou para nós. Mas, sabemos que nessa vida não conseguiremos chegar a 100%. Se o arquivo foi aberto, ou seja, se recebemos o Espírito Santo, não foi por nosso mérito, mas por meio de Cristo.

NATAL: TODA A PROVIDÊNCIA DIVINA

Paulo Zifum

Naquela manjedoura estava toda a providência divina. Naquele bebê poderia ser posta a toda nossa esperança. Mas, a maioria que olha uma imagem, monumento ou encenação do presépio de Natal, não consegue perceber como Simeão poderia se lá estivesse. Leia o relato abaixo:

Havia em Jerusalém um homem chamado Simeão, que era justo e piedoso, e que esperava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava sobre ele. Fora-lhe revelado pelo Espírito Santo que ele não morreria antes de ver o Cristo do Senhor.
Movido pelo Espírito, ele foi ao templo. Quando os pais trouxeram o menino Jesus para lhe fazer conforme requeria o costume da lei, Simeão o tomou nos braços e louvou a Deus, dizendo: “Ó Soberano, como prometeste, agora podes despedir em paz o teu servo. Pois os meus olhos já viram a tua salvação, que preparaste à vista de todos os povos: luz para revelação aos gentios e para a glória de Israel, teu povo”. O pai e a mãe do menino estavam admirados com o que fora dito a respeito dele. E Simeão os abençoou e disse a Maria, mãe de Jesus: “Este menino está destinado a causar a queda e o soerguimento de muitos em Israel, e a ser um sinal de contradição, de modo que o pensamento de muitos corações será revelado. Quanto a você, uma espada atravessará a sua alma
“. Lucas 2:25-35

A PROVISÃO
A declaração “os meus olhos já viram a tua salvação” é dirigida a um bebê. Simeão enxergava algo que a maioria não era capaz de ver. Jesus é suficiente para nos dar segurança, paz e felicidade. Nele estava toda a providência divina. Tudo o que precisamos está em Cristo. Tudo. Ele é a cura para todos os nossas enfermidades, o meio de perdão para todos os nossos pecados. E quanto às outras provisões, o apóstolo Paulo diz que se Deus “não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos concederá juntamente com Ele, gratuitamente, todas as demais coisas?” (Rm.8.32), e ainda que “Deus suprirá todas as necessidades de vocês, de acordo com as suas gloriosas riquezas em Cristo Jesus” (Fp.4.19).

Não. Não era apenas um bebê na manjedoura ou nos braços de uma camponesa. Como está escrito: “Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação, pois nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos ou soberanias, poderes ou autoridades; todas as coisas foram criadas por ele e para ele. Ele é antes de todas as coisas, e nele tudo subsiste. Ele é a cabeça do corpo, que é a igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a supremacia. Pois foi do agrado de Deus que nele habitasse toda a plenitude, e por meio dele reconciliasse consigo todas as coisas, tanto as que estão na terra quanto as que estão no céu, estabelecendo a paz pelo seu sangue derramado na cruz” (Cl.1.15-20).

Porém, poucos conseguem compreender Cristo dessa forma. Mesmo sendo cristãos, ainda assim Cristo não é a solução para todas as coisas. Continuamos ansiosos, com a felicidade ameaçada pela falta de coisas, dependendo demais das pessoas para ter paz. Se alguém nos perguntar: “o que vocês veem nesse bebê?”, podemos até dizer “vemos a salvação”, mas logo virá a pergunta, então porque vivem inseguros como os demais?

Simeão viu o Senhor, não apenas um bebê. Ele já o viu assentado no trono do mundo. Sua alma entrou em paz. Ele estava totalmente suprido.

PESSOAS COMPLICADAS

Paulo Zifum

Tento ajudar pessoas em apuros. Algumas, confesso que sinto não ter nenhuma chance de socorrer, porque tomam suas crenças confusas e discursam, vez após outra, para um número considerável de pessoas. E cada vez que defendem teses distantes da realidade, e cada ato que se apresentam como vítimas ou juízes, essas pessoas ganham convicções. E, dentro de um emaranhado de palavras sobre verdade e justiça, misturam mentira e maldade sem perceberem a diferença. Gostaria de tirá-las dessa confusão, mas, quanto mais tento, pior se torna a situação.

Deus me ajude a exortar e aguardar que essas pessoas amadas voltem à sensatez.

FILHOS DE ZERUIA

Paulo Zifum

Pesquise essa expressão na Biblia e saberá que, todas as pessoas piedosas terão de conviver e tolerar os “filhos de Zeruia”. O ponto é que, por mais que possamos ser melhores, somos lembrados que também, em alguma área da vida, podemos ser piores. Como Davi que, embora tenha visto uma certa escuridão na vida de seu comandante Joabe, reconheceu seus próprios pecados escandalosos. Todavia, Davi sabia qual era a grande diferença entre ele e Joabe.

É possível, por imposição da vida ou por circunstâncias, sermos unidos a pessoas nebulosas, iradas, maldosas ou irreverentes. E, depois de contrairmos para com elas dívida de gratidão, ficarmos presos a elas. Contudo, esse convívio forçado pode ser um dos meios mais eficazes dos filhos de Deus adquirirem identidade segura de que pertencem à luz.

Se você for capaz de discernir que seu espírito é diferente do mundo, então há de estranhar os “filhos de Zeruia” e, durante sua vida se afligirá ao conviver com pessoas como Joabe. E, mesmo que estejam com você cantando hinos na Igreja, você sentirá algo suspeito naquela comunhão. E esse sentimento de separação, quando legítimo, é humilde, sem julgamento alheio. Todos os que se sentem diferentes de Zeruia, devem ser gratos por serem capazes de notar em si tal distinção.

COMO SABER QUE ESTAMOS LONGE DE DEUS

Paulo Zifum

A maioria não percebe que a luz está diminuindo, apenas vão se afastando seguindo o flautista encantado. Mas, não faço parte da maioria. Sei quando estou me afastando de Deus. Os sintomas são simples: começo a tropeçar em coisas pequenas e a me dedicar a outras sem valor. Fora os outros problemas como distúrbios em relação ao tempo, medo infundados, ansiedades sem catálogo e um tipo de ira velada e ruidosa. E, antes que as coisas piorem como, confusões em série com pessoas amadas ou aquisição de novos vícios, corro de volta para as orações humildes.

Para os crentes não é difícil saber quando se perde do caminho estreito. A amplitude de diversões, o relaxamento moral e a o conforto egoísta são sinais claros do caminho largo. Voltei.

MEMÓRIAS DE UM ADOTIVO

Paulo Zifum

Depois que tive ciência de minha adoção, passei a chamá-lo de pai. E confesso que sinto tanto o amor dele que esqueço a ideia de ser adotivo. Em meu espírito, tenho certeza de filho, e não sei como explicar. É uma confiança profunda de que ele jamais vai mudar seu afeto por mim. Tenho provas suficientes de que eu nunca serei uma ameaça para nossa relação, haja o que houver.

Conversamos pouco e, esse é o ponto que faz eu lembrar que sou adotivo. Distraio-me com tudo a meu redor e ele nunca demonstra estar decepcionado se não tenho assunto com ele. Falo muito sobre ele, basicamente o dia inteiro, porém, falo pouco com ele. Isso me deixa inseguro em minha identidade, como se houvesse uma barreira entre nós.

Fora isso, sinto como se ele corresse em minhas veias, principalmente quando tenho compaixão das pessoas as colocando na melhor luz possível. Quando amo é como se eu fosse ele o tempo todo. A sensação de poder, nesse caso, é maravilhosa. E esse é um segredo que o mundo não pode conhecer, somente os filhos. Pois, os que amam verdadeiramente sabem que não podem produzir tão puro dom por si mesmos.

Sou um poderoso filho adotivo. Entretanto, ainda sinto desejos próprios de bastardos, como um vírus a impor uma memória daquilo que um dia eu poderia ser. Meu pai mesmo, já me falou sobre esses desejos em minha porta. Por causa do amor dele e a ele, tenho vencido. E sinto-me cada vez mais forte.

E, talvez, seja a adoção um dos fatores que me fazem me sentir especial. Ele me quis, me escolheu, pagou um alto preço por meu resgate e lavrou a adoção derramando o sangue de seu próprio filho legítimo. Jamais poderia duvidar desse amor. Jamais.

NA PORTA DO PALÁCIO

Paulo Zifum

Quando Mardoqueu soube de tudo o que tinha acontecido, rasgou as vestes, vestiu-se de pano de saco e cinza, e saiu pela cidade, chorando amargamente em alta voz. Foi até a porta do palácio real, mas não entrou, porque ninguém vestido de pano de saco tinha permissão de entrar. Em cada província onde chegou o decreto com a ordem do rei, houve grande pranto entre os judeus, com jejum, choro e lamento. Muitos se deitavam em pano de saco e em cinza. Quando as criadas de Ester e os oficiais responsáveis pelo harém lhe contaram sobre Mardoqueu, ela ficou muito aflita e mandou-lhe roupas para que ele as vestisse e tirasse o pano de saco; mas ele não quis aceitá-las. Então Ester convocou Hatá, um dos oficiais do rei, nomeado para ajudá-la, e deu-lhe ordens para descobrir o que estava perturbando Mardoqueu e porque ele estava agindo assim. Hatá foi a Mardoqueu na praça da cidade, em frente à porta do palácio real. Mardoqueu contou-lhe tudo o que lhe tinha acontecido e quanta prata Hamã tinha prometido depositar na tesouraria real para a destruição dos judeus. Deu-lhe também uma cópia do decreto que falava do extermínio, que tinha sido anunciado em Susã, para que ele o mostrasse a Ester e insistisse com ela para que fosse à presença do rei implorar misericórdia e interceder em favor do seu povo. Hatá retornou e relatou a Ester tudo o que Mardoqueu tinha dito. Então ela o instruiu que dissesse o seguinte a Mardoqueu: “Todos os oficiais do rei e o povo das províncias do império sabem que existe somente uma lei para qualquer homem ou mulher que se aproxime do rei no pátio interno sem por ele ser chamado: será morto, a não ser que o rei estenda o cetro de ouro para a pessoa e lhe poupe a vida. E eu não sou chamada à presença do rei há mais de trinta dias”. Quando Mardoqueu recebeu a resposta de Ester, mandou dizer-lhe: “Não pense que pelo fato de estar no palácio do rei, de todos os judeus só você escapará, pois, se você ficar calada nesta hora, socorro e livramento surgirão de outra parte para os judeus, mas você e a família de seu pai morrerão. Quem sabe se não foi para um momento como este que você chegou à posição de rainha? ” Então Ester mandou esta resposta a Mardoqueu: “Vá reunir todos os judeus que estão em Susã, e jejuem em meu favor. Não comam nem bebam durante três dias e três noites. Eu e minhas criadas jejuaremos como vocês. Depois disso irei ao rei, ainda que seja contra a lei. Se eu tiver que morrer, morrerei”. Mardoqueu retirou-se e cumpriu todas as instruções de Ester.

Ester 4:1-17

O livro de Ester é o único livro da Bíblia que não menciona o nome de Deus e não usa nenhuma expressão em referência à divindade. Com esse cuidado literário, o autor conseguiu mostrar aos leitores que a história grita o nome de Deus sem mencionar uma palavra sequer sobre ele.

O estudo desse livro, especialmente o capítulo 4, é muito apropriado para tempos em que instituições, partidos ou grupos poderosos decidem aniquilar seus desafetos. O texto conta a dramática história do povo judeu na qual surgiu Mardoqueu, pai adotivo da menina órfã que tinha se tornado a rainha da Pérsia. A trama ensina o que pessoas oprimidas devem fazer quando suas vidas estão ameaçadas. Mardoqueu mostra que é preciso protestar diante daqueles que podem fazer algo, não para colocar neles a fé, mas para exortá-los quanto a seu dever.

A palavra foi severa: “Não pense que pelo fato de estar no palácio do rei, de todos os judeus só você escapará, pois, se você ficar calada nesta hora, socorro e livramento surgirão de outra parte para os judeus, mas você e a família de seu pai morrerão”. Mardoqueu chama atenção para aqueles que habitam em lugares seguros, alienados quanto à opressão dos povos. Os isentões normalmente ficam calados diante da calamidade fora de suas “torres de marfim”. A história sentencia os covardes.

Note que Mardoqueu declara a fé de que “socorro e livramento surgirá de outra parte”, ou seja, Deus não depende de uma pessoa poderosa ou influente para livrar os oprimidos. Essa fé, entretanto, não exclui a busca pelo auxílio da rainha, por isso Mardoqueu conclui com racionalidade sua exortação: Quem sabe se não foi para um momento como este que você chegou à posição de rainha?

Devemos clamar por justiça e pedir socorro às autoridades constituídas, mas essas devem se lembradas que, se forem covardes, perecerão. Ester compreendeu o recado e se levantou para lutar pelos vulneráveis, mesmo que nada desse certo e viesse a perecer por isso. Porque, a luta pela justiça e pela liberdade é mais importante que viver em segurança.

Brasileiros protestam nas portas das autoridades, pedindo que os livre dos déspotas que oprimem com violência ideológica, corrupção financeira, degradação moral e todo tipo de mentira. Mas, será que o povo compreende que a voz pode ser dirigida à autoridade, porém os olhos devem estar fixos em Deus? As autoridades são apenas instrumentos nas mãos de Deus. Precisamos aprender com Mardoqueu que, mesmo pedindo à rainha, disse: “se você ficar calada nesta hora, socorro e livramento surgirão de outra parte”. Ou seja, o pedido pode ser feito na porta do palácio do rei, mas a fé deve ser posta apenas em Deus.

O desfecho do livro de Ester culminou em livramento, ainda que não sem guerra. O povo ameaçado pode lutar por suas vidas. O livramento concedeu aos judeus apoio do palácio real e paridade de armas. E é isso metade dos brasileiros desejam.

POSTURA DE ESCUDEIRO

Disse, pois, Jônatas ao seu escudeiro: Vem, passemos à guarnição destes incircuncisos; porventura, o Senhor nos ajudará nisto, porque para o Senhor nenhum impedimento há de livrar com muitos ou com poucos. Então, o seu escudeiro lhe disse: Faze tudo segundo inclinar o teu coração; eis-me aqui contigo, a tua disposição será a minha. Disse, pois, Jônatas: Eis que passaremos àqueles homens e nos daremos a conhecer a eles. Se nos disserem assim: Parai até que cheguemos a vós outros; então, ficaremos onde estamos e não subiremos a eles. Porém se disserem: Subi a nós; então, subiremos, pois o Senhor no-los entregou nas mãos. Isto nos servirá de sinal” (1Sm.14.6-10)

Todos nós temos uma missão a cumprir que, prevê batalhas no percurso. E muito cedo, os missionários e guerreiros aprendem que nunca devem entrar em campo sozinhos. E não adianta apenas ter gente por perto, é preciso ter aliados treinados, pois pessoas distraídas e despreparadas não são úteis no calor da guerra. Aqueles que chamamos de companheiros de armas, são as pessoas que tem conosco um pacto de fidelidade para nos ajudar a vencer.

E cada um de nós, em nossas linhas de frente, precisamos de escudeiros, aqueles que otimizam nossas habilidades carregando as armas e, na hora do enfrentamento, nos defendem e até, do perigo nos salvam. O escudeiro com sua lança se torna um braço unido ao ataque. Ele também se torna um conselheiro positivo.

Note a expressão “a tua disposição será a minha”. No contexto, temos evidenciados dois valores: submissão e coragem. O que se requer de escudeiros é que sejam dispostos a se unir com seu líder partilhando a mesma visão e estejam prontos a se sacrificar pela causa. No caso de Jonatas acima, o que ele estava pensando em fazer era, humanamente, uma missão suicida, mas perceba que ele expõe a seu ajudante que o plano não era uma loucura, mas um ato de fé em Deus com passos de prudência. Jonatas era um líder espiritual, diferente de seu pai Saul que colocou-se em perigo a si e a seu escudeiro (1Sm.31.4-8).

Que sejamos para nossos líderes
fiéis escudeiros cujo espírito
seja submisso e corajoso
que é útil em tempos de guerra.