O SEXO NO CASAMENTO

Paulo Zifum

Segundo a teologia judaico-cristã, o sexo um ato praticado por seres criados “à imagem e semelhança de Deus” (Gn.1.27) e, essa perspectiva vê o homem como ser transcendente e o sexo com implicações espirituais que, definem seu campo moral. Ou seja, o sexo tem uma natureza e um propósito que revela o caráter de seu criador. Nesse ponto de vista, o sexo deveria estabelecer uma aliança entre um homem e uma mulher no rito de passagem chamado de “tornar-se uma só carne” (Gn.2.24). Esse rito decisivo inaugura um novo estado do indivíduo moralmente comprometido. Por essa razão o mandamento divino “Não Adulterarás” (Ex.20.14) imprime no sexo um selo sagrado permitido apenas dentro da aliança conjugal.

A relação sexual foi planejada por Deus¹ para selar e manter a união conjugal, para procriação e para a recreação do casal. Depois da consumação, o ato conjugal faz a manutenção do amor entre o marido e a esposa. O plano divino criou uma relação dinâmica na qual a mulher, a parte mais frágil, acolhe o homem, de forma que ele, acolhido, se torna devedor, ficando predisposto a atender-lhe as vontades. A ideia de ter o homem a seus pés por causa do prazer sexual, coloca a mulher numa posição doadora, o que é vantajoso para ela. E quando o casal está tomado de obrigações com os filhos e as demandas da vida familiar, o sexo surge como pausa das responsabilidades. O sexo desliga, por um momento, das tensões da vida.

Tim Keller diz que ” …o sexo é, talvez, o meio mais poderoso que Deus criou para ajudar você a se entregar inteiramente a outro ser humano. É o modo designado por Deus para que duas pessoas digam uma à outra: ‘Pertenço completa, inteira e exclusivamente a você’. O sexo não deve ser usado para dizer nada menos que isso”.²

Após a entrada do pecado no mundo, o sexo sofreu distorções por causa dos ressentimentos surgidos no Éden (Gn.3.1-15). Os homens perderem a sensibilidade espiritual e se tornaram usuários e abusivos. As mulheres, por sua vez, perderam a sabedoria no uso de seus poderes e caíram embaixo do jugo pecaminoso do homem. Quase, a beleza do sexo em sua consensualidade e castidade, desapareceu. Tornou-se comum o uso do sexo para saciar apetites desenfreados e, nessa redução, nada há de transcendente. Por essa razão, o ateísta Freud defendia que não há no sexo nenhuma relação vertical, apenas a pulsão ³.

Mas, em Cristo, há esperança de elevação. Jesus, ao salvar as almas, as restaura e educa a viver de modo elevado. O sexo, então, na vida de casais redimidos, reveste-se de uma espiritualidade capaz de alcançar tanto a reverência de uma adoração como a mais volumosa das celebrações e das diversões. Em comunhão com Deus, o “incêndio erótico” é perfeito, sob controle, dando ao casal o “calor” do perdão e do pertencimento, oferecendo o fogo que “queima” os males da insegurança, ao mesmo tempo que ilumina a vida conjugal com as recreações que satisfazem as emoções. E espera-se que com todo esse revigoramento, a vida conjugal seja também protegida contra a imoralidade.

¹ Deus dedicou um livro na Bíblia para tratar desse tema. O Cântico dos Cânticos nunca é vulgar ou grosseiro em sua linguagem. Sua sexualidade é clara, mas não explícita; é exposta, mas dignificada; é cativante, mas tímida. Contribui para o amor ao invés de ser seu centro. Assim, o Cântico contribui para a revelação de Deus ao exaltar o tipo de amor que segue o padrão criativo de Deus e evita aquelas distorções das quais a própria Escritura dá amplo testemunho. Em um mundo em que tais perversões praticamente se tornaram a norma, o Cântico dos Cânticos é ao mesmo tempo contemporâneo e relevante.(PINTO, Carlos Osvaldo. Foco e Desenvolvimento no Antigo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2006.Pág.580.

² Keller. Timothy. Significado do Casamento, pág.217.

³ Pulsão na psicanálise é um impulso que direciona o comportamento do indivíduo e esse é gerado pelo inconsciente que afeta o indivíduo sem que este queira (O Conceito de Pulsão na Psicanálise Freudiana: file:///C:/Users/Casa/Downloads/3023-12441-1-PB%20(1).pdf).

O OLHAR PRECEDE O PERDÃO

Paulo Zifum

“Os olhos são a candeia do corpo. Se os seus olhos forem bons, todo o seu corpo será cheio de luz. Mas se os seus olhos forem maus, todo o seu corpo será cheio de trevas. Portanto, se a luz que está dentro de você são trevas, que tremendas trevas são!

Mateus 6:22,23

Pedro teve uma experiência inesquecível com Jesus. No jantar de Páscoa, Pedro estava visivelmente inseguro em busca de autoafirmação. Ele não queria deixar Jesus lavar seus pés, depois, tomado de ansiedade, queria saber quem do grupo haveria de trair o Senhor (Lc.22). Ainda na ceia, Pedro envolveu-se num debate sobre quem seria o maior entre os discípulos e, quando o Senhor avisou a todos que não suportariam a perseguição que estava para acontecer, Pedro se levantou para dizer que ele seria o único que resistiria. Nessa ocasião Jesus revelou que Pedro que iria negá-lo três vezes. Pedro não aceitou a profecia e quis mostrar para o Senhor que não era covarde o defendendo dos soldados no Gêtsamani (Jo.18). Mas, depois da prisão de Jesus, mesmo com todo esforço de seguir o Senhor à distância, Pedro sentiu a tenebrosa “hora do poder das trevas” (Lc.22.53). Nessa noite ele negou vergonhosamente a Cristo.

Porém, em queda livre, prestes a ter toda sua estrutura emocional destruída, o Senhor segurou a Pedro com um olhar. Foi assim:

Então, prendendo-o, levaram-no para a casa do sumo sacerdote. Pedro os seguia à distância. Mas, quando acenderam um fogo no meio do pátio e se sentaram ao redor dele, Pedro sentou-se com eles. Uma criada o viu sentado ali à luz do fogo. Olhou fixamente para ele e disse: “Este homem estava com ele”. Mas ele negou: “Mulher, não o conheço”. Pouco depois, um homem o viu e disse: “Você também é um deles”. “Homem, não sou! “, respondeu Pedro. Cerca de uma hora mais tarde, outro afirmou: “Certamente este homem estava com ele, pois é galileu”. Pedro respondeu: “Homem, não sei do que você está falando! ” Falava ele ainda, quando o galo cantou. O Senhor voltou-se e olhou diretamente para Pedro. Então Pedro se lembrou da palavra que o Senhor lhe tinha dito: “Antes que o galo cante hoje, você me negará três vezes. Saindo dali, chorou amargamente

Lucas 22:54-62

Note o contraste que o autor faz entre o olhar da fixado da criada e a fixação do olhar de Cristo. Um apavora para fora, o outro chama de volta. O olhar do Senhor foi ressaltado aqui, mas é bom pensar que esse mesmo olhar velou pela vida de Pedro em oração várias vezes (Lc.22.32).

E depois de negar o Senhor e ser tocado por seu olhar de amor, talvez, Pedro tenha pensado que nunca mais veria aquele olhar novamente. Mas, depois da ressurreição, um novo encontro acontece e dessa vez o Senhor não tinha mais avisos ruins para dar. E, para ilustrar esse reencontro de modo sensível, vamos emprestar o olhar do poeta Stênio Marcius sobre João capítulo 21:

Vou pescar!
Parece que acordei
de um longo sonho
Parece até que eu
parei no tempo
Parece até que
nada aconteceu!

Vou pescar!
Quem sabe ele
apareça novamente
Quem sabe volte
a me chamar de amigo
Quem sabe chegue
andando sobre as águas
Quem sabe?

O Homem junto à fogueira
convida pra ceia
Pra uma conversa sincera!
Brasas queimando na areia
E dentro de mim
a lembrança de tê-lo negado
Por nada

É a hora da verdade
aqui em volta da fogueira
Melhor lançar tudo
que é palha no fogo!
Olhe bem dentro
dos olhos do homem
que reparte o pão
E me diga se alguém
é capaz de enganá-lo?

Tu sabes todas as coisas
Tu sabes do meu amor por ti!
Tu sabes todas as coisas
Tu sabes do meu amor por ti!

Essa poesia destaca o encontro do olhar de perdão. Aquele olhar, que já era perdão antes do galo cantar. O olhar que na Ceia era o amor que previa a ofensa e antecipava o perdão. Ele nos deu esse olhar bom e discreto que precede a bondade e a misericórdia para que, por meio de nós, a graça viesse se materializar.

CRISTO, O SUMMUM BONNUM

Paulo Zifum

Mas o que para mim era lucro, passei a considerar perda, por causa de Cristo. Mais do que isso, considero tudo como perda, comparado com a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por cuja causa perdi todas as coisas. Eu as considero como esterco para poder ganhar a Cristo e ser encontrado nele, não tendo a minha própria justiça que procede da lei, mas a que vem mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus e se baseia na fé. Quero conhecer a Cristo, ao poder da sua ressurreição e à participação em seus sofrimentos, tornando-me como ele em sua morte para, de alguma forma, alcançar a ressurreição dentre os mortos. Não que eu já tenha obtido tudo isso ou tenha sido aperfeiçoado, mas prossigo para alcançá-lo, pois para isso também fui alcançado por Cristo Jesus. Irmãos, não penso que eu mesmo já o tenha alcançado, mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus. Todos nós que alcançamos a maturidade devemos ver as coisas dessa forma, e se em algum aspecto vocês pensam de modo diferente, isso também Deus lhes esclarecerá. Tão-somente vivamos de acordo com o que já alcançamos. Fp.3.7-14

Os cristãos são definidos pela vida centralizada em Cristo na qual revelam grande entusiasmo. Os cultos, as músicas, as orações, os testemunhos e um forte senso de propósito, comprovam a alegria de pertencer à fé em Cristo. Se uma pessoa tem uma experiência verdadeira com Jesus, como Paulo, tudo que não pode ser relacionado com a vida cristã perde sentido. Após a revelação de Jesus Cristo, nossa alma descobre que o prazeres desse mundo nada se comparam à comunhão com Jesus. A cosmovisão cristã oferece transcendência que altera nossa existência (relação com o tempo, consigo, com outros e com as coisas). A nova vida é superior em todos os sentidos.

Por essa razão, ao comparar suas conquistas do passado com a pessoa de Cristo, Paulo percebeu que tudo que tinha era fútil e desprezível. Esse “tudo” refere-se à nacionalidade, carreira profissional e reputação que estava construindo em sua juventude (At.22.3; Fp.3.5-6). Tudo era promissor até seu encontro com Cristo. Ele percebeu que pouco ou nada podia ser aproveitado, além da Lei de Moisés.

Se não for assim, podemos nos enganar com uma falsa conversão “que ouve a palavra e logo a recebe com alegria. Todavia, visto que não tem raiz em si mesmo, permanece pouco tempo. Quando surge alguma tribulação ou perseguição por causa da palavra, logo a abandona” (Mt.13.20-21). Não há como sustentar uma vida cristã apenas “adicionando” Cristo como mais um bem, como quis fazer Simão, o mágico (At.8.9-24).

Quando lemos os escritos de Paulo e sua relação intensa com Cristo, podemos comparar nosso próprio entusiasmo diante da beleza e grandeza da história da redenção. Nossa reação para com a descoberta do amor profundo dedicado a nós por meio de Cristo, revela o quanto compreendemos esse mistério. As pessoas que convivem conosco poderiam, rapidamente, apontar qual é o objeto de nossa maior paixão? Lendo Paulo, fica evidente que Cristo era tudo para ele.

ÀS VEZES, DISFARÇO

Paulo Zifum

Faço algumas coisas
de meu temperamento
em pura autogratificação
Depois, tento parar no meio
mas, em queda não há como
Feito o avanço
Percebo-me rude e inadequado
Disfarço com gracejos
mas, no fundo, reconheço
Ao redor,
fingem cegueira
Encolho e lamento
Confesso
e espero perdão



O CARNAVAL* COMO CONSEQUÊNCIA

Paulo Zifum

*A crítica cristã não deve condenar o folclore como manifestação da cultura, mesmo com sua sensualidade, pois um baile à fantasia pode ser uma diversão saudável. Porém, as festas carnavalescas são marcadas por excessos de muitas ordens, não porque incitam diretamente a isso, mas a malícia humana aliada à luxúria vê na ocasião uma oportunidade. Isso posto, o texto abaixo refere-se ao Carnaval em seus ambientes mais baixos que lembram a festa da Grécia Antiga em homenagem ao deus Baco¹.

Portanto, a ira de Deus é revelada do céu contra toda impiedade e injustiça dos homens que suprimem a verdade pela injustiça,
pois o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis; porque, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe renderam graças, mas os seus pensamentos tornaram-se fúteis e os seus corações insensatos se obscureceram. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos e trocaram a glória do Deus imortal por imagens feitas segundo a semelhança do homem mortal, bem como de pássaros, quadrúpedes e répteis. Por isso Deus os entregou à impureza sexual, segundo os desejos pecaminosos dos seus corações, para a degradação dos seus corpos entre si. Trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram a coisas e seres criados, em lugar do Criador, que é bendito para sempre. Amém. Por causa disso Deus os entregou a paixões vergonhosas. Até suas mulheres trocaram suas relações sexuais naturais por outras, contrárias à natureza. Da mesma forma, os homens também abandonaram as relações naturais com as mulheres e se inflamaram de paixão uns pelos outros. Começaram a cometer atos indecentes, homens com homens, e receberam em si mesmos o castigo merecido pela sua perversão. Além do mais, visto que desprezaram o conhecimento de Deus, ele os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem o que não deviam.
Tornaram-se cheios de toda sorte de injustiça, maldade, ganância e depravação. Estão cheios de inveja, homicídio, rivalidades, engano e malícia. São bisbilhoteiros, caluniadores, inimigos de Deus, insolentes, arrogantes e presunçosos; inventam maneiras de praticar o mal; desobedecem a seus pais; são insensatos, desleais, sem amor pela família, implacáveis. Embora conheçam o justo decreto de Deus, de que as pessoas que praticam tais coisas merecem a morte, não somente continuam a praticá-las, mas também aprovam aqueles que as praticam. Romanos 1:18-32

CONTEXTO
A República de Roma ofereceu aos povos o Direito Romano com sua visão Ética e Moral. O ordenamento jurídico brasileiro foi tecido com os fios do código civil romano. Por isso, se diz: “Somos romanos até quando falamos, nossa língua é filha do latim, somos romanos na nossa noção urbana, somos romanos em nossa literatura, somos romanos mesmo quando temos uma noção de patriotismo. Somos romanos política e administrativamente. Mas, principalmente, somos romanos quando falamos em Direito, quando falamos de nossa sociedade em um Estado de Direito. Direito este sistematizado pelos romanos antigos” (Flávia Lages Castro. História do direito geral e Brasil, p. 77).

Paulo conhecia a grandeza do passado de Roma como sociedade e sabia da importância de seu legado, mas muito antes do apóstolo escrever a Carta aos Romanos, o filósofo Salustio (séc.1 a.C.) denunciou:

Roma se consumia, depauperada de energias,
mas inebriada de luxo e de prazeres, nas rixas estéreis das facções.
Não havia mais ordem no Fórum, nem concórdia no Senado,
nem regra nos julgamentos, nem respeito aos superiores,
nem limites à jurisdição dos magistrados.

A depravação de Roma era tanta que já cheirava mal. O império estava em queda moral e ética, muito antes de cair militarmente pelas invasões das legiões bárbaras. Paulo escreve para essa Roma, o que nos esclarece a razão de iniciar sua carta com um discurso severo contra a imoralidade.

A IRA
Paulo define que a ira de Deus se revela quando Ele “entrega o homem a si mesmo” (Rm.1.24, 26 e 28). E a razão dessa ira está fundamentada na quebra do primeiro e segundo mandamento que é a idolatria, e não somente por isso, mas por rejeitarem a busca do aviso divino, mostrando rebeldia . Adão e Eva quebraram o primeiro mandamento, mas só foram expulsos depois de não reconhecerem o erro. A ira de Deus se revela diante da obstinação, da rebeldia humana. Como? Quando Deus tira da humanidade seus freios morais. Com a perda do juízo, a humanidade se perverte em curso natural e crescente.

Em nossa experiência social, podemos perceber que, quando pais ou autoridades não estão presentes para fazer oposição ao erro, acelera-se a depravação, como está escrito: “não havendo profecia, o povo se corrompe” (Pv.29.18). Podemos também ilustrar a ação punitiva de Deus com o caso de um rei que, informado sobre a rebeldia de uma de suas cidades, em vez de marchar contra ela, apenas deixa de proteger suas fronteiras. Paulo declara que Deus entrega os rebeldes à “impureza sexual” (Rm.1.24) e à “uma disposição mental reprovável” (Rm.1.28). Ou seja, a degradação da perda da ética e da moral é, em si, uma sentença.

A INDESCULPABILIDADE
Paulo fundamenta que as ações de Deus são perfeitas e justas. Em determinado tempo “Deus não levou em conta os tempos da ignorância” (At.17.30), mas o pecado da rebelião recebe um tratamento diferente. Aos romanos, Paulo explica que toda sociedade, de alguma forma, recebe de Deus algum tipo de revelação, umas mais outras menos, mas recebem. A rejeição aos mensageiros divinos, seja o mundo criado ou a presença da Igreja, pode acarretar numa sentença sem volta. Deus enviou Jonas à Nínive porque era uma cidade cujo povo não sabia discernir a mão esquerda da direita (Jn.4.11), mas Sodoma e Gomorrra eram cidades que estavam num estado muito pior que Roma (Gn.19). Quando Paulo diz que os rebeldes são indesculpáveis (Rm.1.20), alerta sobre o estado mais perigoso que um ser humano pode se encontrar.

A IDOLATRIA
Paulo trata especificamente da idolatria romana dirigida aos deuses gregos e um misto de outra crendices. A quebra do primeiro e segundo mandamento, como dissemos, não é o problema porque uma pessoa pode estar na ignorância, mas havendo conhecimento mínimo de que Deus é quem deve ser adorado e mesmo assim é rejeitado, torna o pecado maior. O pecado da idolatria é perigoso porque destrói a referência daquilo que é eterno para reduzir a vida ao efêmero, esvaziando o sentido da vida. E esse pecado tem fases semelhantes ao pecado do adultério: primeiro o home olha para outra mulher, depois começa a venerá-la, até que se entrega á traição, sabendo que está quebrando a aliança com a esposa. Outra ilustração que mostra a feiura da idolatria seria uma pessoa tomar uma obra de arte de um artista e atribuir a outro, propositalmente, porque não gosta do autor verdadeiro. Por isso, a idolatria é odiosa.

O HOMOSSEXUALISMO
Paulo escolhe uma das depravações praticadas em Roma e destaca que elas não eram apenas praticadas, eram estimuladas e validas pela sociedade. Ela não cita os incestos, pedofilia, bestialidades, orgias e bacanais conhecidos daquela capital romana, porque bastava mencionar o homossexualismo para provar a depravação.

DEGRADAÇÃO SOCIAL
Paulo, finaliza esse trecho de sua carta com uma mostra do estado que uma sociedade pode chegar em seu afastamento de Deus: “injustiça, maldade, ganância e depravação. Estão cheios de inveja, homicídio, rivalidades, engano e malícia. São bisbilhoteiros, caluniadores, inimigos de Deus, insolentes, arrogantes e presunçosos; inventam maneiras de praticar o mal; desobedecem a seus pais; são insensatos, desleais, sem amor pela família, implacáveis” (Rm.1.29-31). Essa lista de vícios e maldades, hoje, está em desfile nas páginas da Internet confirmando que as pessoas “não somente continuam a praticá-las, mas também aprovam aqueles que as praticam” (Rm.1.32).

CONCLUSÃO
Quando sentimos nossa sociedade em declínio ético e moral, corremos o maior perigo que um povo pode viver, a saber: a ira divina. Podemos sobreviver a pandemias e terremotos, a governos tiranos e corruptos, mas se formoS rebeldes contra Deus, jamais podemos sobreviver. Roma que o diga.

¹Baco, o deus do vinho e dos excessos, principalmente sexuais; representava os prazeres mundanos e segundo a mitologia greco-romana. Dessa festa surgiu o conceito “bacanal” para referir-se à orgia sexual. Nas festas de Baco, somente as mulheres poderiam sair às ruas nuas e realizavam sexo à luz do dia. Tempos depois, o Senado romano permitiu a participação de homens e alguns relatos do evento foram descritos pelo historiador Tito Lívio que, registrou vulgaridades com crianças e animais. E na Bacanália, o casamento era desconsiderado e as relações relações extraconjugais eram consensualmente estimuladas pelos próprio casal. Sendo a imoralidade desenfreada, as festas saíram do controle com a escalada da violência, o que pressionou o Senado romano proibir as festas, permitindo somente em ocasiões específicas.

VOCÊ SE CONVERTEU?

Paulo Zifum

Quando Deus se revelou a mim, minha vida mudou. Experimentei a conversão e, logo me dei conta de que não era apenas uma mudança de comportamento, do tipo que qualquer pessoa esforçada pode causar. Podemos emagrecer, cuidar da saúde, largar um vício, concentrar-se mais no estudo e trabalho, deixar de ser desagradável, ser mais educado, deixar de ser covarde e enfrentar os problemas e selecionar melhor os amigos), mas quando Cristo se revela para uma pessoa, o impacto é infinitamente mais profundo e extenso. Se usarmos uma linguagem de computação, podemos dizer que a conversão não é apenas “baixar aplicativos e programas” legais e úteis para melhorar sua vida. A conversão a Cristo é como instalar um sistema operacional singular que roda aplicativos e programas que, segundo Jesus, “o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece” (Jo.14.17). Quando Deus “instala” em nós o Espírito Santo, a mudança é tão profunda que Jesus afirmou que a pessoa nasce de novo (Jo.3.5). E essa mudança radical de natureza só o Criador pode realizar. Nós, como a história da humanidade comprova, só podemos otimizar algumas virtudes enquanto tentamos frear vícios e maldades, mas os atuais problemas sociais mostram que a humanidade não pode redimir a si mesma.

Havia um homem religioso chamado Saulo que viveu uma das conversões mais dramáticas da Bíblia. Ele buscava coisas espirituais sem espiritualidade, se achava um homem bom e buscava crescer em sua posição social. Até que um dia, o próprio Jesus apareceu para ele na estrada de Damasco. E o encontro foi tão forte que Saulo ficou cego por três dias (At.9). Desse dia em diante a vida de Saulo, que teve seu nome mudado para Paulo, foi radicalmente transformada. Leia abaixo o que ele mesmo explicou:

Mas o que para mim era lucro, passei a considerar perda, por causa de Cristo. Mais do que isso, considero tudo como perda, comparado com a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por cuja causa perdi todas as coisas. Eu as considero como esterco para poder ganhar a Cristo e ser encontrado nele, não tendo a minha própria justiça que procede da lei, mas a que vem mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus e se baseia na fé. Quero conhecer a Cristo, ao poder da sua ressurreição e à participação em seus sofrimentos, tornando-me como ele em sua morte para, de alguma forma, alcançar a ressurreição dentre os mortos. Não que eu já tenha obtido tudo isso ou tenha sido aperfeiçoado, mas prossigo para alcançá-lo, pois para isso também fui alcançado por Cristo Jesus. Irmãos, não penso que eu mesmo já o tenha alcançado, mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus. Todos nós que alcançamos a maturidade devemos ver as coisas dessa forma, e se em algum aspecto vocês pensam de modo diferente, isso também Deus lhes esclarecerá. Tão-somente vivamos de acordo com o que já alcançamos. Fp.3.7-14

Espiritualidade
Voltando à minha conversão, notei que eu tinha mudado em três níveis: espiritual, autoestima e vida social. Deus passou a ser uma realidade, não apenas uma ideia. Não sabia explicar, mas eu sentia minha vida espiritual e sentia uma desejo muto forte de entender a oração (aquela loucura de falar com alguém invisível, sem telefone ou outro dispositivo). Passei a ter muitas experiências jamais vividas naturalmente. Esse despertamento atingiu minha visão de mim mesmo.
AutoEstima
Com 14 anos eu sentia muita necessidade de ser aceito, havia uma inquietação constante porque eu estava sempre desejando o que os jovens mais velhos vivam. Eu passava 24 horas preocupado comigo, sobre a roupa e penteado e como alimentar minha auto estima com olhares de admiração. Eu desejava ser importante, sem notar que não me importava com as pessoas. Depois que me converti, passei a receber várias exortações sobre a vaidade, o ego e a idolatria que tanto deixam as pessoas oprimidas e ansiosas. Agora, na Igreja, eu estava sob as tradições antigas das quais Tim Keller se refere que, para resolver problemas sociais “as pessoas eram repreendidas, convencidas do erro e alertadas da sua maldade” (Ego Transformado, pág. 13). Com esse tratamento, passei a sentir-me mais seguro porque havia conseguido confessar o pecado do egoísmo e as intenções carentes e tolas.
Vida Social
E o último nível lógico que foi alterado em minha vida foi meu convívio social. Uma vez que minha autoestima estava agora sendo firmada espiritualmente e passei a enxergar as pessoas como um fim em si mesmas e não mais como um meio. Foi aí que notei que muitas coisa estava errada. Eu não entendia a que significava realmente vida em comunidade, eu não sabia qual era o meu papel como filho, irmão e amigo. Minha vida mudou radicalmente nesses níveis e, por isso, soube que estava “rodando em novo sistema operacional”.

Paulo e a Espiritualidade (Fp.3.7-11)
Ele explica que as coisas a seu redor mudaram. O que antes era importante, agora era desprezível. Antes, Paulo não tinha referência para comparar, mas desde que Cristo apareceu para ele, sua atenção mudou todo seu juízo de valor. A vida como existência, as realizações, as pessoas e as coisas passaram para o cálculo da “perda e lucro”, ou seja, tudo deveria ser “queimado” para ganhar a Cristo, e a conta “perder para ganhar” fecha perfeitamente. Note no texto quantidade de vezes que ele repete a palavra Cristo. Ele queria que todos soubessem de sua fixação, que a razão de sua vida não era uma espiritual generalizada, mas direcionada para Cristo. A conversão torna Cristo mais visível que o mundo físico. E quando uma pessoa percebe a grandeza de Jesus, tudo converge nele e passa a ser sobre ele. Tudo, o corpo e seus sentidos, as amizades e as descobertas, os sentimentos e o pensamentos. O casamento passa a ser idealizado como um presente para ele e meio dele ser glorificado.

Como podemos saber se somos convertidos?
Basta notarmos se Cristo é para nós
“a pérola de grande valor” (Mt.13.45-46).

Paulo e a AutoEstima (Fp.3.9)
Paulo confirma que a estima que passou a buscar era “ser encontrado nele, não tendo a minha própria justiça que procede da lei, mas a que vem mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus e se baseia na fé”. O foco não sou eu como um ícone em destaque, mas ele queria “se achar” em Cristo. É comum o uso da expressão “fulano precisa se achar” ou que “sicrano precisa se achar”. Paulo diz que seu alvo, meta para sua autoestima era ser achado em Cristo (o eu-nele), ou seja, a partir dele e de sua obra. Ele sabia que o esforço humano, por si só, não pode cumprir os ideais da lei ou alcançar perfeição, e a frustração é certa, pois no final, depois de fazer tudo, o ser humano longe de Deus não terá as necessidades supridas, o que leva à depressão e linha do desespero. Paulo, ocupado em “estar em Cristo”, alcançou uma liberdade que poucos de nós desfruta, ao dizer: “pouco me importa ser julgado por vocês ou por qualquer tribunal humano” (1Co.4.3). Note que ele não disse “nada importa”, mas “pouco importa”, ou seja, minha identidade não corre risco pelo comentário ou desafeto de alguém. Se estivermos em Cristo, Ele nos livrará dos extremos complexos de superioridade ou inferioridade. Buscando a vida centrada em Cristo, aprendemos a não pensar de si mesmos nem além (Rm.13.3) nem aquém. Tanto reconhecemos nossas falhas com humildade como nos sentimos confiantes com o perdão oferecido por Cristo. Nosso mundo interior se equilibra e organiza na opinião de Deus. Logo, a vida espiritual eleva a autoestima para o lugar correto.

Como posso saber se passei pela conversão verdadeira?
Basta notar que a preocupação que tenho
com sucesso e realização pessoal
está fixada em estar mais perto de Cristo
mesmo que as pessoas me desprezem.

Paulo e a Vida Social (Fp.3.12-14)
Ele deixa claro que sua vida tem um propósito, um alvo: “Quero conhecer a Cristo, ao poder da sua ressurreição e à participação em seus sofrimentos, tornando-me como ele em sua morte para, de alguma forma, alcançar a ressurreição dentre os mortos. Não que eu já tenha obtido tudo isso ou tenha sido aperfeiçoado, mas prossigo para alcançá-lo, pois para isso também fui alcançado por Cristo Jesus. Irmãos, não penso que eu mesmo já o tenha alcançado, mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus“. Essa “participação em seus sofrimentos” refere-se claramente a vida de sacrifício do Senhor e sua morte na Cruz. Paulo ensina que “ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou” (2Co.5.15). E qual foi a razão pela qual Jesus morreu? Está escrito: “porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios” (Rm.5.5-6). Ora, não precisamos de um estudo muito profundo para concluir que a conversão muda radicalmente nossa vida social. Esse “viver para Cristo” (Fp.1.21) do qual Paulo fala é a vida em missão de serviço e resgate do próximo. A vida social deixa de ter um interesse usuário comportado e passa a fazer sentido no “mais bem-aventurado é dar do que receber”. Pessoas convertidas experimentam o que Paulo chama de “enriquecer a muitos” e “me gastarei e deixarei gastar pelas vossas almas” (2Co.12.15). Agora, é preciso destacar que a conversão leva à uma vida social de sacrifício em nome de Cristo, ou seja, não reclama elogio para o sacrifício, antes aponta para aquele para quem a oferta está destinada. a um nível de amor , não apenas

Como saber se nos convertemos?
Basta notar como o fluxo de nossa vida
se volta pra a Cruz indicando que
estamos dispostos a sacrificar o que somos e temos
pelas pessoas e pelas almas perdidas

Considerando esses três níveis, podemos verificar se passamos por uma experiência genuína de conversão. Existem outros pontos relevantes, mas por esses é possível analisar.

USE TODA SUA FÉ

Paulo Zifum

Jesus repreendeu o demônio; este saiu do menino e, desde aquele momento, ele ficou curado.
Então os discípulos aproximaram-se de Jesus em particular e perguntaram: “Por que não conseguimos expulsá-lo? “
Ele respondeu: “Por que a fé que vocês têm é pequena. Eu lhes asseguro que se vocês tiverem fé do tamanho de um grão de mostarda, poderão dizer a este monte: ‘Vá daqui para lá’, e ele irá. Nada lhes será impossível.

Mateus 17:18-20

O Senhor, ao mencionar “uma fé capaz de mover montanhas” (1Co.13.2), ele não estava usando uma figura de linguagem. A Bíblia nos conta que a natureza do mundo criado foi alterada nos casos de Moisés, Josué e Elias. E a literalidade, por sua vez, não impede o uso figurado do “remover montanhas” para ilustrar todas as condições impossíveis para o ser humano. Tanto leis da física como o estado danificado da alma podem impedir, como montanhas intransponíveis, que um bem seja alcançado. Nesse caso, a fé é acionada para remover barreiras.

Entretanto, a fé não deve ser encorajada para que o crente venha se exibir, o que seria infantil e inútil. Jesus não está, de forma alguma, estimulando a vaidade religiosa. O contexto de seu ensino está no uso da fé para ajudar o próximo.

Nessa tarefa, nos sentimos impotentes, muitas vezes, e notamos a pequenez de nossa fé. Jesus, então, nos encoraja a começar mostrando ousadia.

E o Senhor nos surpreende mostrando que, mesmo a fé mais minúscula é capaz de grandes feitos. E como não fazemos ideia do tamanho da fé que temos, dificilmente a usamos tudo plenamente.

PREGAÇÃO E GUERRA

Paulo Zifum

A comparação é uma das formas de explicar algo e, dependendo do sucesso, é possível localizar sentimentos jamais explicados. Quem já subiu num púlpito para fazer um discurso urgente, pode compreender melhor sua tarefa com a descrição abaixo.

O nervosismo dá lugar à adrenalina para batalha. Tanto a arte da pregação como a da guerra são atividades adquiridas no desenvolvimento da criatividade. Ambas são uma luta corpo-a-corpo, não uma exibição de armas. A pregação é uma arte, mas não é uma exposição de arte. Há um território a ser conquistado. No caso da pregação, o campo de batalha é a mente e o coração dos homens” texto de David Hansen adaptado (A Arte de Pastorear, pg.111)

“Pois, embora vivamos como homens, não lutamos segundo os padrões humanos. As armas com as quais lutamos não são humanas; pelo contrário, são poderosas em Deus para destruir fortalezas. Destruímos argumentos e toda pretensão que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levamos cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a Cristo”. 2 Coríntios 10:3-5

O SALMO DO PASTOR

Paulo Zifum

O Senhor é o meu pastor.
Nada me faltará.
Ele me faz repousar
em pastos verdejantes.
Leva-me para junto
das águas de descanso,
e refrigera-me a alma.
Guia-me pelas veredas da justiça,
por amor de seu nome.
Ainda que eu ande
pelo vale da sombra da morte,
não temerei mal algum,
porque a tua vara e teu cajado
me consolam.
Preparas-me uma mesa
na presença dos meus adversários,
unges-me a cabeça com óleo,
o meu cálice transborda.
Bondade e misericórdia
certamente me seguirão
todos os dias da minha vida
e habitarei na casa do Senhor
para todo sempre.

Salmo 23

Essa poesia foi escrita 1000 a.C., aproximadamente. O autor, Davi de Belém, foi pastor de ovelhas e, por isso, nos apresenta uma perspectiva terna de como é nossa relação para com Deus. O Salmo 23 em seu monergismo, fala sobre a suficiência de Deus e nossa total dependência dele. E essa maravilhosa poesia não serve apenas para aumentar nossa fé na providência e segurança divina, mas também pode nos orientar na tarefa de cuidado para com o próximo.

Destaques:
Ser Ovelha: O Salmo 23 é uma das confissões humildes de Davi (Sl.40.17). Comparar-se com uma ovelha é humilhante para seres humanos cujo desejo de ser autossuficiente leva ao orgulho. O Salmo 23 nos alerta que não podemos garantir nosso futuro com um (Lc.12.19-21). Somente o Deus Eterno pode nos dar essa segurança. Ovelhas são seres indefesos, não tem garras ou dentes afiados, não enxergam bem, possuem pouco senso de direção e assusta com facilidade. Declarar-se uma ovelha é o mesmo que pedir socorro. Aqueles que reconhecem sua condição de fragilidade perante Deus caminham para a salvação. Mas, embora ser ovelha aponte para a limitação, há na ovelha algo muito elogioso pois, é um animal dócil e fácil de conduzir. E assim como Cristo era manso e humilde igual um cordeiro, devemos também ensináveis e tratáveis.
Pirâmide de Maslow: O Salmo 23 trata das necessidades básicas do ser humano: Fisiológica, Segurança e Estima e Realização pessoal. Jesus, o bom pastor, disse: “não andeis ansiosos pelo comer ou vestir pois vosso pai suprirá” (Mt.6.25-34), ele disse: ” enviarei o Consolador que nunca vos abandonará” (Jo.14.16) e “nunca vos deixarei, nunca jamais vos abandonarei” (Hb.13.5). E o Salmo 23, ao sair da figura da ovelha, mostra o cenário do banquete do Rei onde o súdito é por ele honrado, pois “em Cristo, somos conduzidos em triunfo” (2Co.2.14). Essa estima é ilustrada também na Parabola da Ovelha perdida que foi procurada como se fosse única (Mt os.18.10-14). Quanto à realização pessoal, parece que Davi lembra que foi num banquete que Samuel, o ungiu como o novo rei de Israel. Ele, como irmão mais novo fora excluído do banquete, mas parece que Deus escolhe “as coisas que não são, para envergonhar as que são” (1Co.1.27). Essa inversão da sorte pode ocorrer nessa vida ou no porvir quando Cristo glorificar os que nele confiaram.
Graça: O Salmo nos diz que Deus nos supre com pasto, água, descanso e educação na justiça com deleites para vivermos uma vida segura e significativa. E, com doutrina perfeita, Davi não se mostra vaidoso com a vida abastada, antes reconhece que não é seu mérito pessoal, mas “bondade e misericórdia”. E o Salmo encerra com a segurança eterna que só Deus pode oferecer.

O SALMO 23 PARA AUMENTAR A FÉ
Está escrito: a fé vem por ouvir a mensagem, e a mensagem é ouvida mediante a palavra de Cristo. (Rm.10.17). Ler e meditar no Salmo 23 estimula nossa fé, pois “aquele que se aproxima de Deus, deve deve crer que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam” (Hb.11.6). Ao seguirmos Abraão na famosa confissão de que “Deus proverá” (Gn.22.8), repousamos nessa providência dizendo: “aos seus amados ele o dá enquanto dormem” (Sl.127.2) e que “não devemos andar ansiosos por coisa alguma” (Mt.6.22-33; Fp.4.6). Portanto, ler, ouvir, meditar e confessar o Salmo 23 são passos para crescer na fé e em relação ao futuro termos uma percepção positiva. Deus está aqui e estará lá. E todos precisamos acertar essa noção para não ficarmos aturdidos como os demais que não tem esperança” (1Ts.4.13).

Nada
Nada é nada, mesmo?
Porque nossa imaginação cria necessidades além do que seria razoável, esse “nada me faltará” não inclui as invenções da vaidade descrita no Salmo 131, mas aponta para a satisfação do Salmo 37.4. Deus pode “fazer infinitamente mais do tudo quanto pedimos ou pensamos” (Ef.3.20), mas esse “nada me faltará” está relacionado ao necessário para nossa vida como ovelha. E se pensarmos na simplicidade da vida de uma ovelha, podemos comparar como é simples suprir tudo que um aluno primário precisa para aprender ou tudo que pescador artesanal precisa para pescar. Deus suprirá tudo que precisamos. E para compreender esse “nada me faltará” os sábios sugerem que, diante da ansiedade façamos a seguinte pergunta: “eu preciso ou desejo?”. A resposta honesta pode nos fazer perceber quantas veses desejamos coisas que não precisamos.

Nota única: Somos desafiados no “nada me faltará” quando faltam recursos, quando as pessoas nos abandonam. É preciso ter fé quando entramos no Vale da Sombra que pode ser a última caminhada dessa vida. Por isso, esse Salmo é o recurso indispensável quando Deus nos conduz à passagens da vida que nos provam. O verso 4 é um convite de treinamento para a ovelha: ovelha diga assim: “não temerei quando acontecer”, repita: “não temerei”. Como disse Habacuque: “ainda que não haja mantimento, eu confiarei em ti, Senhor”.

O SALMO 23 PARA PASTORES
Abel era pastor de ovelhas (Gn.4) e Moisés também precisou desse treinamento para cumprir seu chamado (Ex.3). Essa profissão foi escolhida por Jesus para ilustrar seu ministério de amor e a realidade de eleição (Jo.10). Paulo afirma que a igreja precisa ser pastoreada (At.20.28) e Pedro ordena: “Pastoreiem o rebanho de Deus que está aos seus cuidados. Olhem por ele, não por obrigação, mas de livre vontade, como Deus quer. Não façam isso por ganância, mas com o desejo de servir. Não ajam como dominadores dos que lhes foram confiados, mas como exemplos para o rebanho. Quando se manifestar o Supremo Pastor, vocês receberão a imperecível coroa da glória” (1Pe.5.2-4).

Pastores
Imagine como é grande o desafio dos pastores nas igrejas. Eles precisam cuidar “como Deus quer” cuidando das pessoas para o Supremo Pastor que é Cristo. Por isso, a igreja deve orar por esses líderes dados por Deus, como está escrito: “e vos darei pastores segundo o meu coração, que vos apascentem com ciência e com inteligência (Jr.3.15). Eles, tem nesse ministério a chance de provar que amam a Cristo ao apascentarem as ovelhas do Senhor (Jo.21.17). Oremos pelos pastores para que representem bem, ainda limitadamente, o Salmo 23.

Você guarda algum rebanho?
Agora, não apenas os pastores de igrejas cuidam de rebanhos. A família, os alunos, grupo de ministério e os funcionários são rebanhos que Deus entrega temporariamente a nós. E agora, é possível que uma pessoa tenha rebanho virtual com dezenas, centenas ou milhares de seguidores. Essa perspectiva nos faz notar que temos responsabilidade para com o Senhor que “passando por todas as cidades e povoados, ensinando nas sinagogas, pregando as boas novas do Reino e curando todas as enfermidades e doenças… viu as multidões, teve compaixão delas, porque estavam aflitas e desamparadas, como ovelhas sem pastor” (Mt.9.35-36).

O ser humano vive e passa por esse quadro de aflição e sensação de desamparo. Ter alguém por perto com a mão estendida, oferecendo abrigo, uma cesta básica, uma carona, um suporte, um conselho ou abraço amigo, é uma grande benção. Existem pessoas cuja presença nos comunica segurança, há porém aqueles que não inspiram confiança. Portanto, importar-se com o próximo com o fim de suprir necessidades, estar ao lado em suas aflições de perdas materiais ou afetivas, enfermidades ou fracassos, marca a presença do Bom Pastor. Quando nos colocamos calados e chorando baixo ao lado de quem perdeu um ente querido, cumprimos o verso 4 do Salmo 23.

As histórias de pastoreio são muitas. A mãe pastoreia seus filhos na vereda da justiça. Um pai que planeja um passeio com a família porque percebeu que todos estão tensos. Uma professora tinha costume de cantar para seus alunos no início das aulas e isso dilatava o coração dos alunos, depois ela fazia uma oração. Um patrão entregou devocionários para seus funcionários e, uma vez por semana os reunia no pátio para ouvir pedidos e assim, orar por eles. Um líder de ministério cuida de sua equipe e liderados fazendo das reuniões e das tarefas um meio de demonstrar amor. Um aluno pode considerar-se responsável por sua classe e interceder por seus amigos, mostrando compaixão, empatia pelos obtusos e defendendo os maltratados. Filhos podem se imaginar que em algum momento seus pais precisarão de cuidados.

E assim como Deus nos encoraja nos dando diversas vitórias, devemos demonstrar para nossos liderados que reconhecemos que eles tem lutado e se esforçado. Isso pode ser com elogios, uma refeição bem preparada ou até uma festa de honra. A figura do “preparas-me uma mesa na presença dos meus adversários” indica que Deus intervém para demonstrar que ele está conosco. Se fosse no contexto hoje, seria como se Deus desse um banquete e postasse no Face ou Instagram para que todos saibam que tal pessoa recebeu o favor do Rei.

Reconhecendo-se ovelhas ou não, todos somos. E a diferença entre elas é que umas estão no aprisco do Senhor e outras desgarradas. No juízo final, o Senhor vai separar as ovelhas dos bodes (Mt.25.32) e, nesse dia, aqueles que fizeram do Salmo 23 o salmo de suas vidas, estarão a seu lado para sempre.

Conclusão: Devemos crer na provisão divina, mas não sermos jamais como o Mar Morto que apenas recebe como um fim em si. Pois, está escrito: “para que também possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação, pela consolação com que nós mesmos somos” (1Co.1.4). Deus nos concedeu ministério de sermos seus cooperadores.