CORRIGINDO A MÚSICA

Paulo Zifum

As músicas recebem generosa licença poética, mas quando entram no campo da teologia, o crivo não deixa passar erros graves. Quando uma música trata sobre a pessoa de Deus, a obra redentora de Cristo e assuntos decisivos da espiritualidade, os termos devem manter rigor, precisão e reverência¹.

Esses dias uma missionária que desenvolve trabalho com crianças, estava num palco repleto de crianças a seu redor para cantar uma música infantil. Em um determinado momento da apresentação, a missionária interrompeu as crianças questionando uma frase da música. Logo percebeu-se que tudo estava ensaiado. Nessa pausa, a líder fez a seguinte exposição doutrinária para um auditório repleto de adultos:

“As palavras fofinhas nem sempre são inocentes e, músicas infantis, como qualquer outro gênero, podem induzir ao erro. A linguagem, uma vez mal utilizada, pode, além de nos afastar da verdade pode nos tornar pessoas fracas. Posso dizer que o copo caiu, mas o correto é admitir que derrubei o copo na mesa assumindo minha falta de atenção e cuidado. Devemos ajudar nossas crianças a assumirem seus erros, evitando que sejam confundidas com o vitimismo de nossa cultura cuja tendência é negar a responsabilidade pessoal. Algumas coisas podemos justificar e alegar inocência, mas quando o assunto é o pecado, somente a confissão resolve. Talvez vocês não tenham notado, mas não é correto cantar “quando o mal faz uma manchinha”. Devemos cantar “quando eu cometo um pecado”. Pois, para tratar efetivamente o mal, devemos crer que não são as coisas, situações e pessoas que sujam nosso coração, mas apenas manifestam seu conteúdo. Assim como um chá dentro de um sachê é revelado pela água quente na xícara, da mesma forma não podemos negar que o “cheiro ou gosto ruim” que surgiu em nós se originou num mal impessoal. Cantar “quando eu cometo um pecado” não é fofinho, mas é o único meio de chegarmos a Jesus para receber limpeza segundo 1Jo.1.9. Tendo feita a correção teológica dessa parte, podemos cantar sem receio”.

Após a execução terna e doce das crianças, me dei conta do tamanho da lição que foi dada. Aplicando a todas as músicas de todos os gêneros, se o músico ou poeta entrar na seara teológica e induzir ao erro, perderá sua licença poética, pelo menos para meus ouvidos e e meu canto.

¹Reverência para os chatos de plantão Uma música calma pode estar cheia de erros, outra pareça irreverente por ser extremamente alegre, mas espelha a verdade. Os ritmos podem se mostrar inadequados para alguns temas, mas nossa atenção deve estar voltada ao conteúdo. E se a música não fere verdades absolutas, não deixe os chatos tirarem sua licença de curtir.

ENRAIZADOS EM CRISTO

Paulo Zifum

Quando a árvore adoece na raiz, o tratamento é difícil porque o local não é visível. Não é possível aplicar remédio ou podar as partes doentes. Basicamente, a árvore está condenada. Assim também, o ser humano não pode fazer nada para tratar a raiz de seu coração pecaminoso. É possível tratar a parte externa, contendo e educando o comportamento, mas o coração é inacessível. Podemos notar os sintomas diagnosticando palavras e atitudes (Lc.6.45, Pv.20.11), mas o tratamento eficaz é impossível.

Mas, Jesus disse: “o que é impossível aos homens é possível para Deus” (Lc.18.27). Uma pessoa, uma família, uma igreja, uma cidade, um país é curado quando Deus opera a conversão do coração. Quando uma pessoa é tratada pela Palavra de Deus, torna-se possível “discernir os pensamentos e intenções do coração” (Hb.4.12) desfazendo enganos profundos (2Co.10.3-5). E é nessa ação exclusiva de Deus que ocorre o milagre do novo nascimento, quando o Espírito Santo é derramado sobre a carne (Jl.2.28) e a raiz é substituída.

Substituída? Sim! Deus é poderoso para remover a raiz velha e enxertar a árvore na nova raiz que é Cristo. Como está escrito: “enraizados e edificados nele, firmados na fé” (Cl.2.7). Obra tal somente o Espírito Santo pode fazer. A natureza da raiz divina que é sã curará a árvore que agora plantada junto aos ribeiros de águas da Palavra de Deus, viceja e floresce.

Porém, alguém pode questionar porque os regenerado ainda continuam cometendo pecado. Por isso, a metáfora botânica do enxerto usada por Paulo (Rm.11.17-36) é precisa. A árvore será transformada a partir da nova raiz, mas dentro dela ainda habita a seiva do pecado a ser expurgada (Ef.4.22-24). O Senhor decidiu esse “já e ainda não” seria nossa experiência no tempo, nos educando a aguardar o dia quando seremos perfeitos, benção essa que somente os eleitos alcançarão¹.

Diante dessa realidade, o cristianismo afirma que somente Cristo pode redimir a humanidade. Nenhuma outra ação religiosa pode curar o pecado do coração, nenhum sistema de pensamento ou governo humano pode oferecer o antídoto para o pecado que está na raiz da natureza humana. Portanto, não há outro meio senão um milagre, e se alguém deseja tal benção, deve saber que só há um que pode realizá-lo. Cristo, somente.

¹Diferente dos que são salvos, os ímpios serão eliminados pelo Senhor cujo “machado já está posto à raiz das árvores. Portanto, toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo” (Mt.3.10). E esse seria o destino de todos nós, se o Espírito não nos convencesse do pecado e nos regenerasse. Mas, graças à sua misericórdia para conosco, Jesus veio por baixo, se fez pecado e para que pudéssemos ser enxertados nele. Porém, os ímpios, serão arrancados para o juízo. Isso deveria causar extremo temor naqueles que foram enxertados.

COMO JEJUAR

Paulo Zifum

O jejum é uma forma intensa de oração e também um modo de lembrar que “nem só de pão viverá o homem” (Mt.4.4) e que “a vida é mais que o alimento” (Lc.12.23). O jejum fortalece a vida espiritual e os que praticam se mostram mais resistentes nas adversidades, pois, quem não é capaz de suportar uma breve abstinência voluntária, como resistirá à privações impostas pela vida? E, além de todo benefício espiritual, o jejum, feito corretamente, também traz benefícios para a saúde.

Para os cristãos, a prática do jejum está relacionada ao quebrantamento, súplica diante das aflições, fortalecimento espiritual ou luta pela libertação de pessoas presas física, espiritual ou emocionalmente. A tristeza pelo pecado pode levar ao jejum e o sofrimento pessoal ou de outros. Deve-se jejuar frequentemente, afastando-se por um tempo das distrações e prazeres legítimos, com o fim de dedicar-se mais à oração. E é o jejum um dos recursos mencionados na Bíblia para os que desejam que o Senhor opere livramento na vida das pessoas que sofrem algum tipo de opressão.

Podemos jejuar por questões pessoais como passar em algum exame, conquistar uma colocação profissional ou pedir quaisquer favores divinos. Associar o jejum a algo que se busca em oração demonstra perseverança maior e, os que desenvolvem essa prática, aprendem a jejuar com esses pequenos interesses. Entretanto, o jejum é uma disciplina que está mais relacionada ao Reino de Deus e a sua justiça, de forma que os interesses terrenos se tornam apenas meio e não um fim em si mesmos. Ou seja, a busca por espiritualidade, prosperidade, realização pessoal, posição social, livramento do mal ou algum tipo de triunfo, devem visar o benefício do próximo para a glória de Deus.

Porém, o pecado pode desfocar o jejum, assim como distorce as demais disciplinas espirituais. Esse desvio vai desde jejuar por vaidade em busca de superioridade até para receber bênçãos com o fim de viver regaladamente, que resume uma religiosidade egoísta. Por essa razão o Senhor nos alerta por meio do profeta Isaías:

Clama a plenos pulmões, não te detenhas, ergue a voz como a trombeta e anuncia ao meu povo a sua transgressão e à casa de Jacó, os seus pecados. Mesmo neste estado, ainda me procuram dia a dia, têm prazer em saber os meus caminhos; como povo que pratica a justiça e não deixa o direito do seu Deus, perguntam-me pelos direitos da justiça, têm prazer em se chegar a Deus, dizendo: Por que jejuamos nós, e tu não atentas para isso? Por que afligimos a nossa alma, e tu não o levas em conta? Eis que, no dia em que jejuais, cuidais dos vossos próprios interesses e exigis que se faça todo o vosso trabalho. Eis que jejuais para contendas e rixas e para ferirdes com punho iníquo; jejuando assim como hoje, não se fará ouvir a vossa voz no alto. Seria este o jejum que escolhi, que o homem um dia aflija a sua alma, incline a sua cabeça como o junco e estenda debaixo de si pano de saco e cinza? Chamarias tu a isto jejum e dia aceitável ao Senhor ? Porventura, não é este o jejum que escolhi: que soltes as ligaduras da impiedade, desfaças as ataduras da servidão, deixes livres os oprimidos e despedaces todo jugo? Porventura, não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres desabrigados, e, se vires o nu, o cubras, e não te escondas do teu semelhante? Então, romperá a tua luz como a alva, a tua cura brotará sem detença, a tua justiça irá adiante de ti, e a glória do Senhor será a tua retaguarda; então, clamarás, e o Senhor te responderá; gritarás por socorro, e ele dirá: Eis-me aqui. Se tirares do meio de ti o jugo, o dedo que ameaça, o falar injurioso; se abrires a tua alma ao faminto e fartares a alma aflita, então, a tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão será como o meio-dia. O Senhor te guiará continuamente, fartará a tua alma até em lugares áridos e fortificará os teus ossos; serás como um jardim regado e como um manancial cujas águas jamais faltam. Os teus filhos edificarão as antigas ruínas; levantarás os fundamentos de muitas gerações e serás chamado reparador de brechas e restaurador de veredas para que o país se torne habitável. Se desviares o pé de profanar o sábado e de cuidar dos teus próprios interesses no meu santo dia; se chamares ao sábado deleitoso e santo dia do Senhor , digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, não pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falando palavras vãs, então, te deleitarás no Senhor . Eu te farei cavalgar sobre os altos da terra e te sustentarei com a herança de Jacó, teu pai, porque a boca do Senhor o disse.

Isaías 58:1-14

O texto acima é uma pequena parte do livro de Isaías que carrega as mais duras exortações contra a hipocrisia do grupo religioso “que honra com os lábios, mas seu coração está longe” de Deus (Is.29.13, Mt.15.8). E a incoerência que o profeta muito denunciou foi a injustiça (Is.1.18) alertando que o culto a Deus só pode ser aceito se o ofertante ama seu próximo. Jesus deixou isso claro em seu ensino (Lc.10.25-37; Lc.18.9-17), confirmando que o jejum sem piedade é inútil aos olhos de Deus. Isaías confrontou o pecado da religiosidade de aparência, ao dizer: “Pois dia a dia me procuram; parecem desejosos de conhecer os meus caminhos, como se fossem uma nação que faz o que é direito e que não abandonou os mandamentos do seu Deus. Pedem-me decisões justas e parecem desejosos de que Deus se aproxime deles” (Is.58.2). E o profeta explica porque o jejum não era atendido: “Por que jejuamos’, dizem, ‘e não o viste? Por que nos humilhamos, e não reparaste? ’ Contudo, no dia do seu jejum vocês fazem o que é do agrado de vocês, e exploram os seus empregados. Seu jejum termina em discussão e rixa, e em brigas de socos brutais. Vocês não podem jejuar como fazem hoje e esperar que a sua voz seja ouvida no alto” (Is.58.3-4).

Agora, o uso do capítulo 58 de Isaías não pode ser usado apenas para exortar sobre como não jejuar, mas deve ser utilizado para encorajar o jejum, jamais desprezá-lo como se as boas obras o tornasse desnecessário. O texto orienta os crentes piedosos a seguirem as razões corretas para se jejuar para experimentarem a segurança de que receberão o favor divino em sua busca.

O QUE VERIFICAR ANTES DE JEJUAR
Jesus Cristo na Cruz tornou possível que nossas orações, jejuns e sacrifícios sejam aceitos, mas isso não significa que esses nunca seriam rejeitados. E, uma vez que jejum é uma forma de buscar a Deus, Jesus ensinou que a oferta do Jejum deve estar em harmonia com os relacionamentos pessoais, tanto no que tange aos sentimentos quanto ao comportamento (Mt.5.23-25). Dessa forma, o fracasso da oferta está relacionado à negligência do ofertante. E, assim como nossas orações podem ser sujas, o jejum também pode ser um sacrifício misturado com maldade, mágoa, ira ou soberba. Deus não aceitará nada nessas condições.

AS BOAS OBRAS DEVEM PRECEDER O JEJUM
O ofertante é lembrado que Deus não é como os deuses pagãos cujo capricho apenas exige penitências para atender pedidos. O Deus Eterno em seu caráter moral revela que o amor ao próximo é o que mais lhe agrada. E quando ele nos vê sendo humildes e bondosos, seu favor de inclina em nossa direção. E para evitar que o tema prenda-se ao contemplativo, Isaías prescreve as obras que devem preceder o jejum: “O jejum que desejo não é este: soltar as correntes da injustiça, desatar as cordas do jugo, pôr em liberdade os oprimidos e romper todo jugo? Não é partilhar sua comida com o faminto, abrigar o pobre desamparado, vestir o nu que você encontrou, e não recusar ajuda ao próximo?” (Is.58.6-7) e “se você eliminar do seu meio o jugo opressor, o dedo acusador e a falsidade do falar; se com renúncia própria você beneficiar os famintos e satisfizer o anseio dos aflitos” (Is.58.9-10) e “se você vigiar seus pés para não profanar o sábado e para não fazer o que bem quiser em meu santo dia; se você chamar delícia o sábado e honroso o santo dia do Senhor, e se honrá-lo, deixando de seguir seu próprio caminho, de fazer o que bem quiser e de falar futilidades” (Is.58.13).

A PROMESSA DE RESPOSTA
Uma vez que o ofertante agradou o Senhor com sua vida altruísta, o Senhor promete as seguintes bênçãos:

Presença divina: “como a alvorada, e prontamente surgirá a sua cura; a sua retidão irá adiante de você, e a glória do Senhor estará na sua retaguarda. Aí sim, você clamará ao Senhor, e ele responderá; você gritará por socorro, e ele dirá: Aqui estou” (Is.58.8-9).
Satisfação de Alma: “então a sua luz despontará nas trevas, e a sua noite será como o meio-dia. O Senhor o guiará constantemente; satisfará os seus desejos numa terra ressequida pelo sol e fortalecerá os seus ossos. Você será como um jardim bem regado, como uma fonte cujas águas nunca faltam” ((Is.58.10-11).
Vida com Propósito Elevado: “O Senhor o guiará constantemente; satisfará os seus desejos numa terra ressequida pelo sol e fortalecerá os seus ossos. Você será como um jardim bem regado, como uma fonte cujas águas nunca faltam. Seus filhos reconstruirão as velhas ruínas e restaurará os alicerces antigos; você será chamado reparador de muros, restaurador de ruas e moradias… então você terá no Senhor a sua alegria, e eu farei com que você cavalgue nos altos da terra e se banqueteie com a herança de Jacó, seu pai. ” Pois é o Senhor quem fala. (Is.58.11-14).

Jejuar corretamente é necessário e reserva experiências exclusivas.

A NECESSIDADE DE ORAR

Paulo Zifum

A FRAQUEZA DA CARNE
Vigiai e orai, para que
não entreis em tentação;
o espírito, na verdade,
está pronto,
mas a carne é fraca.
Mt.26.41-42

Notamos nossa sede, fome, frio, calor ou coisas sensuais, mas não sabemos lidar com pensamentos, sentimentos e fixações esquisitas e temos dificuldade de tratar as pessoas que nos frustram e nos ofendem. O ser humano carnal é fraco para fazer a vontade de Deus e Jesus disse isso quando estava em aflição no jardim do Getsemani. Ele sentia-se fraco, por isso estava orando. E se nosso Senhor orava ao perceber sua fraqueza, quanto mais nós.

Nossas tristezas e raivas não são identificadas e somos tentados a tratar coisas simples de modo complexo ou complicar situações que deveriam ser resolvidas de modo humilde. Mas a carne é fraca e não sente a vida espiritualmente. Fracassamos ao enfrentar as seduções, nos enchemos de ansiedade no trato com o tempo futuro. A carne não conta com Deus para vencer o pecado ou garantir segurança.


AUXÍLIO DIVINO PARA ORAR

Embora a carne não saiba buscar auxílio em oração, Jesus disse que nosso espírito, uma vez reavivado (Jo.3.1-8), pode aprender a vencer lutas e tentações. E conforme o Senhor prometeu que o Espírito de Deus nos ajudaria (Jo.14-16), Paulo também confirma que “da mesma forma o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza, pois não sabemos como orar, mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que sonda os corações conhece a intenção do Espírito, porque o Espírito intercede pelos santos de acordo com a vontade de Deus” Rm.826.27).

O Espírito Santo nos convence do pecado, portanto ele nos conduz a resolver o assunto mais importante numa conversa com Deus, a saber, a busca por perdão. Nossos pecados nos separam de Deus e impedem que nosso coração tenha paz ou segurança. Uma pessoa pode ir ao culto, fazer a obra de Deus, mas se não tratar o problema do pecado, não sentirá a doce presença de Deus nem poderá obter aquela satisfação própria de uma conversa com o Pai. Sem o Espírito, nossas orações seriam reprovadas, como está escrito: “quando pedem, não recebem, pois pedem por motivos errados, para gastar em seus prazeres” (Tg.4.3).

Mas, graças a Jesus Cristo que nos enviou seu Espírito para nos socorrer em nossa fraqueza, de modo que, toda vez que os filhos de Deus começam a orar, o Espírito Santo os auxilia imediatamente. Portanto, quanto mais oramos, mais auxílio recebemos e, por isso, aprendemos mais.

E como o Espírito nos auxilia? Pelo menos, três formas são evidentes: sobrenatural (At.2; 1Co.14.2), em dinâmica natural da conversa (Gn.18 diálogo crescente de Abraão) e nos lembrando de recitar a Escritura. Sobrenatural porque existem assuntos que nossa alma infantil e limitada não poderia versar diante de Deus. Natural porque nosso relacionamento com Deus, para nós, é temporal e necessita crescer em intimidade, e não apenas isso, nós precisamos repetir certas conversas para tratar nosso lapso de memória. E, por fim, porque a Escritura é perfeita, recitar a Palavra de Deus em nossas orações nos garante que “esta é a confiança que temos ao nos aproximarmos de Deus: se pedirmos alguma coisa de acordo com a sua vontade, ele nos ouve” (1Jo.5.14).

A conclusão é que, se entendêssemos mais nossa necessidade de orar, compreenderíamos melhor porque Paulo disse que devíamos “orar sem cessar” (1Ts.5.16).

REAÇÃO A COISAS ESQUISITAS

Paulo Zifum

Coisas esquisitas acontecem conosco. Do nada, acordamos estranhos com pensamentos negativos ou as pessoas ao redor parecem tristes. Pessoas a quem amamos “viram a cabeça” nos surpreendendo e desfazendo a amizade antiga. E, de repente, notamos o ambiente pesado ou estranhamos o lugar no qual sempre nso sentimos bem. Gente bem intencioanada se aproxima com excessos de elogios ou valorização, suponde que não suportamos nossas dificuldades, por isso usam palavras exageradas como um tipo de bebida forte para nos tirar da realidade. E tudo fica mais estranho. E, conversas esquisitas surgem, desde de maledicências até um tipo de humor picante que corrompe os bons costumes. A sedução surge forte e altera sentimentos em nós. Logo, algo sinistro no ar pode ser notado, mas a maioria não sabe o que fazer, senão conviver com as coisas esquisitas desse mundo.

Porém, os cristãos são ensinados a orar a Deus em reação a essas esquisitices. Quando lemos o livro de Salmos, podemos ler a descrição de quase todos os estados negativos da alma humana, como “transe de morte” (Sl.116.3) que representam angústias profundas, e a reação sugerida é orar a Deus. Jesus, ao sentir as pressões da vida, disse que devíamos “vigiar e orar” porque a carne é fraca tanto para lutar quanto para resolver os conflitos da vida (Mt.26.41-42).

Somos capazes de resolver muitas coisas na luta nesse mundo contra o mal, e podemos suportar os males e defender a quem amamos. Mas, existem coisas esquisitas, estranhas e invisíveis que não podemos dar solução. Por isso, devemos entregar tudo em oração, sejam sentimentos de fixação ou o vício de alguém que amamos.

A vida não segue serena, estável ou lógica, antes é cheia de imprevistos e coisas esquisitas. Por isso, o salmista disse “quando estiver com medo, confiarei em ti” (Sl.56.3). Pessoas, coisas, situações podem ser complexas para tratarmos, por isso devemos orar por nós, por elas e com elas.

EU FAÇO ORAÇÃO

Paulo Zifum

Conta-se que um cristão foi evangelizar um homem numa exposição de arte e, logo descobriu que aquele homem se tratava de um cientista famoso. Muito educado, o homem começou a mostrar o quanto a ideia de Deus era fraca diante das evidências científicas. O evangelista, visilvemnte desoconcertado, nunca tinha conversado com alguém de tamanha inteligência, sem saber que o discurso brilhante daquele ateu estava baseado na falácia do argumentum ex silentio, que facilmente poderia ser constestado com o argumento antropológico de Santo Anselmo ou Pascal. Mas, o evangelista não desejava vencer um debate, pois estava pregando para aquele homem por paixão por sua alma. Após ouvir com delicada atenção a exposição sofiscada do cientista, o cristão disse: “Doutor, perdoe minha ignorância porque desconheço essas grandezas da ciência da qual o senhor fala, mas gostaria de fazer uma pergunta simples: quando tenho um dificuldade, enfermidade ou aflição que o dinheiro ou nenhum homem pode resolver, eu me ajoelho e oro quando um parente que amo está sofrendo e eu, impotente vejo que meus recursos acabaram, eu oro a Deus. E o senhor? O que faz? O evangelista não sabia que aquele senhor já tinha gasto tudo e tentado de tudo para salvar seu filho perdido nas drogas. O homem encerrou a conversa com um tapinha nas costas do evangelista agradecendo pela conversa.