Paulo Zifum
“Saulo, respirando ainda ameaças e morte contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote2 e lhe pediu cartas para as sinagogas de Damasco, a fim de que, caso achasse alguns que eram do Caminho, assim homens como mulheres, os levasse presos para Jerusalém.3 Seguindo ele estrada fora, ao aproximar-se de Damasco, subitamente uma luz do céu brilhou ao seu redor,4 e, caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues?5 Ele perguntou: Quem és tu, Senhor? E a resposta foi: Eu sou Jesus, a quem tu persegues;6 mas levanta-te e entra na cidade, onde te dirão o que te convém fazer.7 Os seus companheiros de viagem pararam emudecidos, ouvindo a voz, não vendo, contudo, ninguém.8 Então, se levantou Saulo da terra e, abrindo os olhos, nada podia ver. E, guiando-o pela mão, levaram-no para Damasco.9 Esteve três dias sem ver, durante os quais nada comeu, nem bebeu. 10 Ora, havia em Damasco um discípulo chamado Ananias. Disse-lhe o Senhor numa visão: Ananias! Ao que respondeu: Eis-me aqui, Senhor!11 Então, o Senhor lhe ordenou: Dispõe-te, e vai à rua que se chama Direita, e, na casa de Judas, procura por Saulo, apelidado de Tarso; pois ele está orando12 e viu entrar um homem, chamado Ananias, e impor-lhe as mãos, para que recuperasse a vista.13 Ananias, porém, respondeu: Senhor, de muitos tenho ouvido a respeito desse homem, quantos males tem feito aos teus santos em Jerusalém;14 e para aqui trouxe autorização dos principais sacerdotes para prender a todos os que invocam o teu nome.15 Mas o Senhor lhe disse: Vai, porque este é para mim um instrumento escolhido para levar o meu nome perante os gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel;16 pois eu lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo meu nome.17 Então, Ananias foi e, entrando na casa, impôs sobre ele as mãos, dizendo: Saulo, irmão, o Senhor me enviou, a saber, o próprio Jesus que te apareceu no caminho por onde vinhas, para que recuperes a vista e fiques cheio do Espírito Santo.18 Imediatamente, lhe caíram dos olhos como que umas escamas, e tornou a ver. A seguir, levantou-se e foi batizado.19 E, depois de ter-se alimentado, sentiu-se fortalecido. Então, permaneceu em Damasco alguns dias com os discípulos.20 E logo pregava, nas sinagogas, a Jesus, afirmando que este é o Filho de Deus.21 Ora, todos os que o ouviam estavam atônitos e diziam: Não é este o que exterminava em Jerusalém os que invocavam o nome de Jesus e para aqui veio precisamente com o fim de os levar amarrados aos principais sacerdotes?22 Saulo, porém, mais e mais se fortalecia e confundia os judeus que moravam em Damasco, demonstrando que Jesus é o Cristo” (At.9.1-22)
A conversão de uma pessoa é uma surpresa para ela e para os que estão a seu redor. E a surpresa é descobrir que estamos na direção errada. E os religiosos são os que mais sentem o impacto dessa revelação, mas em geral, todos os pecadores quando se convertem ficam desorientados quando se dão conta da escuridão, engano e sujeira na qual estavam. A sensação é de desorientação, mas o Senhor logo garante que servos dele por meio da Igreja nos dirão o que fazer. Nesse momento, o Senhor nos “fere” com o quebrantamento no qual nos sentimos dependentes e miseráveis. Porém, é nesse estado de “cegueira” que Jesus nos faz enxergar verdade jamais conhecidas dando acesso à compreensão do sentido da vida.
Como Saulo, assumimos rumos nos quais buscamos nossa identidade no mundo ou apenas nos deixamos moldar nele. Saulo estava agindo segundo sua visão limitada de Deus, e não notava que sua vida estava cheio de zelo pela religião, mas sem amor. Ora, o amor seletivo dos judeus gerava ódio contra aqueles que não eram do mesmo tipo. Mas, Saulo achava que estava acerto e que Deus se agradava de seus esforços pela “pureza” de sua seita. Ele estava muito enganado.
Quando Jesus pergunta “Saulo, por que me persegues?”, uma luz é lançada em sua alma. A certeza no erro é um dos maiores perigos. Muitas pessoas magoadas ou ingratas ficariam surpresas se o Senhor lhes dissesse: -Por que você me odeia? Algumas perguntas são suficientes para nos dar um choque de realidade. Saulo achava que estava disciplinando pessoas rebeldes e que elas não tinham numa relação com Deus. É nesse ponto que a conversão é uma surpresa. Quando o Senhor diz: “É contra mim que você se levanta e contra mim que destila sentimentos de ofensa e palavras de ingratidão.
Nesse momento, filhos e pais, maridos e esposas, familiares e toda uma sociedade, pode ser salva do engano do pecado. A descoberta é tão impactante que causa a sensação de um cegueira na qual nos sentimos vulneráveis e carentes de alguém nos segure pela mão e nos oriente sobre que devemos fazer.
A conversão começa com quebrantamento, segue com humildade e sustenta toda uma vida na consciência de que tudo na vida humana está relacionado com Deus. A forma como tratamos nosso corpo, nosso tempo e bens, como nos relacionamos com as pessoas e com os eventos da vida reflete se nos convertemos ou se ainda estamos perdidos no “caminho de Damasco”.
Se o Senhor não aparecer no caminho para nos confrontar, morremos em nossos pecados. Felizes são os escolhidos para os quais a luz da verdade brilha, derruba, humilha e depois levanta.