A FAMÍLIA CRISTÃ SEGUNDO RM.12

Paulo Zifum

Leia o texto de Romanos capítulo 12

A família cristã tem vida centrada na Cruz de Cristo, por meio dele qual alcança misericórdia para prestar o culto a Deus (vivo, santo e agradável, racional). Com o coração resolvido para Deus, assume uma postura de protesto contra o mundo, sem se conformar com ele, porque é orientada pela Palavra de Deus que revela a boa, perfeita e agradável vontade de Deus. Por essa razão, a família cristã, apegada ao bem, não é confundida pela secularização ou relativismo deste mundo, antes detesta o mal. Dessa forma centrada em Deus, de modo humilde pode ativamente servir na Igreja com seus dons. Depois de lançado o alicerce da vida espiritual, podemos apresentar a lista de recomendações do amor:

01-A família vive de modo honesto uns com os outros, com pacto de transparência, sem fingimento
02-A família é amável e reverente com as pessoas.
03-A família é trabalhadora, não come o pão da preguiça.
04-A família é fervorosa no Culto a Deus e confia no poder da oração
05-A família se envolve na ação social
06-A família é hospitaleira
07-A família é sensível às pessoas ao redor e mostra empatia com todos
08-A família é unida de pensamento e alma
09-A família é pacificadora
10-A família vence o mal com o bem

Todos os casais e famílias desejam viver o amor seguro sem sombra de dúvidas. Talvez, a segurança afetiva seja a maior necessidade humana. Ora, o amor se manifesta nos tratamentos diários e nos serviços prestados uns aos outros. E há de se notar o quanto os membros amam por meio do zelo com que se dedicam, e fazem os trabalhos domésticos sem precisar que se suplique por isso. O amor é solícito. E nesse ambiente o calor não é apenas afetivo, é espiritual. Há um fervor voltado para o culto a Deus, um louvor cheio de esperança e uma fé perseverante. A família fervorosa sabe entrar em oração quando “entra na casa a pobreza e visitam doenças e dor”. Os problemas em geral, são tratados de modo espiritual.

E quem ama cuida de sua família. No caso núcleos numerosos, um cuida do outro compartilhando as necessidades. E não somente cuidam um dos outro, também estendem a mão aos necessitados de fora. A família forma um equipe para socorrer vizinhos e parentes, com alimentos e assistência de presença e recursos compartilhados. E se há disposição em socorrer, há também em acolher. A hospitalidade é a marca da família piedosa. O amor tem essa ousadia de hospedar até visitantes desconhecidos. Para os cristãos, nenhum ser humano deve dormir ao relento, salvo os que preferem isso como liberdade. As famílias piedosas tem belas histórias para contar sobre acolhimento (Hb.13.2; Mt.25.34-40). E todo esse amor praticado, aliado a um espírito fervoroso, faz com os membros de uma família sejam capazes de “alegrar-se com os que se alegram e chorar com os que choram”. Num mundo cada vez mais individualista, há evidente falta de entusiasmo com os sentimentos do próximo. A vida tribalista, partidária e cheia de preconceitos, confina dentro uma bolha egoísta, mas a família cristã reage de modo diferente. Em vez uma fria apatia, o amor demonstra empatia com todos. E é o amor que une a família, mesmo que cada membro tenha suas diferenças, todos sabem que estão embaixo da mesma luta. Família divididas enfraquecem e são desfeitas, pois Satanás anda ao derredor promovendo intrigas e lançando dúvidas. Mas, a família que tem amor é também humilde para reconhecer que todos são pecadores que precisam uns dos outros, pois todos estão sob a mesma maldição do perigo das doenças e da morte. E embora o pecado tenha sido perdoado, ainda assim há a triste possibilidade de queda e ninguém deveria ser tão orgulhoso pensando de si além do que convém. Unir-se nesse pensamento, com amor, orienta a família nas soluções dos problemas.

Por fim, a família cristã reconhece sua missão pacificadora nesse mundo. E aqui temos assunto para clarear. O Evangelho da Paz traz a boa notícia do amor de Deus, mas os rebeldes não querem que o Senhor domine sobre eles. Portanto, os ímpios manifestam um constante estranhamento com os cristãos. Mas, o amor ágape do qual Paulo fala não se alimenta do comportamento do outro, sendo dependente dele. O amor reage com amor, sempre. Se o outro deseja criar conflito, o cristão deseja conciliação.
A família cristã é pacificadora, o que a coloca em missão de enviar aos inimigos provisões na demonstração de que não há ódio.
E é nesse ponto que o amor atinge seu ápice: “Pai, perdoa-os porque não sabem o que fazem”. O amor pelos inimigos é o ponto mais alto da vida cristã. E se o amor da família for esse tipo de amor, nada a pode impedir de vencer o mal.

CASAMENTO POSITIVO

Paulo Zifum

Pois, tantas quantas forem
as promessas de Deus, 
nele está o sim;
portanto é por ele o amém

2Co.1.20

O texto acima é aplicável ao casamento e em todas áreas da vida. O apóstolo Paulo versa sobre a graça de Deus em Cristo. Alcançamos o favor divino e não temos noção de como isso é maravilhoso, como está escrito: “Aquele que não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos concederá juntamente com Ele, gratuitamente, todas as demais coisas?” (Rm.8.32). E como filhos adotivos, não habituados com a grandeza do amor e cuidado do Pai celestial, é previsível que não saibamos desfrutar de estado de graça e das promessas contidas na Nova Aliança em Cristo.

Infelizmente, é comum encontrar cristãos broncos, num estado de espírito não condizente com aqueles que receberam o “sim” e o “amém”. O mau humor e reações frequentemente negativas não combinam com aqueles que foram aliviados pelo perdão divino. E, é possível ter a alma em conflito mesmo estando na companhia do Príncipe da Paz. Mas, por que estar em desasossego embaixo das asas do Altíssimo?

Porém, a vontade de Deus é que seus filhos desfrutem de “seu divino poder… e… grandíssimas e preciosas promessas” (2Pe.1.3-4). E quem experimenta essas coisas, torna-se uma pessoa cheia de paz de alegria no Espirito Santo.

E essa atmosfera positiva tem efeito direto na vida dos casais que tendem a passar mais tempo em concordância e encorajamento, em vez de gastar energia em disputas tolas. Em Cristo, o “sim” e o “amém” possibilita que as diferenças entre o homem e a mulher sejam equacionadas, que expectativas sejam moderadas e fixações idealistas sejam abandonadas. O casal mantem plena consciência da graça dada por Deus e, por isso, o perdão é pedido e oferecido com frequência. A busca pelo em torno do bem-estar um do outro preenche toda a agenda familiar que, por sua vez, dá tônus para ser bênçãos para as pessoas ao redor. Nesse caso, o progresso é inevitável (Ec.4.9-12).

A esposa é positiva para com seu esposo e o marido favorável para com sua mulher. Os dois conversam em linguagem positiva, pois está presente neles o “sim” e o “amém”. Para cada dificuldade, buscam nas promessas divinas um ponto de força e esperança. Falam disso um ao outro e, por essa razão, tendem a ser mais gratos, enxergando as provisões divinas. É um casamento positivo.

O PERDÃO AMISH

Paulo Zifum 

Na manhã de 2 de outubro de 2006, na pacata cidade dos Estados Unidos, um caminhoneiro de trinta e dois anos que trabalhava entregando leite no Condado de Lancaster, Pensilvânia, uma área conhecida por sua população amish, entrou na escola dessa comunidade e matou cinco meninas e depois cometeu suicídio, O assassino havia deixado um bilhete para a esposa e os três filhos falando de sua raiva contra Deus pela morte de sua filha pequena.

A notícia correu o mundo que só poderia sentir o horror e indignação, além da insegurança própria desses ataques covardes que deixam todos com medo pelo fato de poderem ocorrer em qualquer lugar e hora. Mas, o que ninguém poderia esperar, aconteceu. E o mundo que estava em trevas, viu a luz entrar por essa rachadura de ódio.

O Amor lança fora todo medo

Enquanto pessoas de todo o mundo poderiam pensar que a comunidade amish estava paralisadas numa espiral de dor, um avô de uma das meninas assassinadas, levantou-se e disse: “Não seremos vítima do ódio. Não vamos pensar mal deste homem”. E o desejo em produzir o perdão cresceu no seio da comunidade.

E para materializar esse perdão, as famílias amish enlutadas procuraram voluntariamente a membros da família do atirador para expressar conforto e perdão. Alguns visitaram a viúva do atirador, os pais e os sogros. Os amish disseram que perdoam o atirador e ajudaram a abrir uma conta bancária para ajudar a família dele em um banco local.

A partir dessas atitudes, uma onda de solidariedade tomou conta daquela comunidade. Diante do horror indescritível, essa resposta amorosa dos amish enlutados cativou todos os que ouviram falar sobre isso. Em vez de focar nos horríveis detalhes do evento, os veículos de imprensa de todo o mundo publicaram duas mil e quatrocentas histórias sobre essa atitude de perdão (“O Legado de Nickel Mines: Perdoar Primeiro”, Ann Rogers, jornal Pittsburgh Post-Gazette, 30 de setembro de 2007).

A viúva do atirador escreveu mais tarde uma carta aberta aos vizinhos amish: “O vosso amor pela nossa família nos ajudou a encontrar a cura que tanto precisamos. Os presentes que nos deram tocaram nossos corações de uma forma que nenhuma palavra poderia descrever. A compaixão de vocês foi muito mais além de nossa família e de nossa comunidade e está mudando nosso mundo, e por isso agradecemos sinceramente” (citado por Damien McElroy, “Viúva do Assassino da Escola Amish Agradece o Perdão das Famílias das Vítimas”, The Daily Telegraph, 16 de outubro de 2006).

*dados obtidos no site abaixo
https://portugues.ucg.org/revista-boa-nova/o-poder-do-perdao

EDUCAÇÃO DE FILHOS: Pontos de Revisão

Paulo Zifum

Educar filhos é tarefa da família. E a família, como esfera interdependente de outras esferas, aceita ajuda do Estado e da Escola. Porém, o que se vê são pais e mães reféns das instituições de ensino, quando deveriam ser avaliadores dos serviços por elas prestados. Mas, se as famílias não conseguem avaliar os resultados de sua própria tarefa interna, como analisará o que a Escola faz?

O propósito deste texto é ajudar os pais cristãos a fazerem um breve revisão na qualidade da educação que oferecem a seus filhos. Essa avaliação deve ser feita segundo a Bíblia, pois é a Palavra de Deus em sua base teorreferente¹ que pode, de modo efetivo, conduzir o ser humano caído ao ideal original desejado pelo Criador. E em discordância com as Escrituras, toda educação é considerada uma rebelião contra Deus. Por isso, é preciso certificar-se que a educação oferecida é, de fato, baseada no ensino bíblico. Entretanto, é necessário lembrar que não estamos sendo simplistas dizendo que basta despejar conhecimento judaico-cristão, pois é sabido que um currículo pode ser maravilhoso, mas ter método de transmissão e consolidação ineficaz. E compreendemos “ensino eficaz” aquele que é composto de modelo exemplar (a vida do educador ou a mostra social), pressupostos e objetivos claros (conteúdo racional ou suprarracional) e regras de avaliação que sejam morais e justas, coerentes com os objetivos declarados.

ESFERAS AUXILIARES OU CONCORRENTES
Como dissemos, o Estado e a Escola podem invadir as competências impondo um currículo contrário às crenças da família cristã. Nesse caso, deve-se protestar. E, não apenas opor-se, mas buscar diálogo de modo que as esferas sejam auxiliares e não concorrentes.

Sabemos que os governos humanos se desequilibram perdendo freios e contrapesos sociais quando um grupo concentra poder em excesso. No caso do Brasil, há décadas o Estado tem se tornado cada vez maior assumindo competências fora de sua esfera, interferindo diretamente na vida privada dos cidadãos. Especificamente, na área da Educação, o Estado por meio do MEC passou a determinar o que as crianças devem ou não estudar. O problema é que, por maior boa intenção política que possa haver, a educação nacional não pode ficar nas mãos de uma elite intelectual apenas. E o mais perigoso é que o grupo que propõe o currículo é o mesmo que o avalia. No caso do Brasil, os políticos de esquerda conseguiram, por diversos meios, criar uma minoria majoritária (nos campos da política, da mídia e do judiciário) que, uma vez no poder de decisão do MEC, implantam uma educação para modificar e moldar a maioria passiva da população.

E parece que essa maioria não está interessada em saber sobre as numerosas pesquisas nacionais e internacionais que afirmam que o sistema de ensino brasileiro é considerado um dos mais ineficientes do planeta. O Brasil ocupa o 53º lugar em educação entre 65 países avaliados pelo Pisa. Ou seja, o país investe altas quantias em inclusão de alunos nas escolas, de facilitação no acesso, mas peca em oferecer um ensino de qualidade. Até 2019, o Brasil sequer topava participar do principal teste internacional para medir o analfabetismo funcional: o PIRLS (Estudo do Progresso Internacional da Alfabetização). Os alunos brasileiros apresentam dificuldades inaceitáveis no domínio de temas básicos da língua portuguesa e da matemática. Crianças e adolescentes frequentam aulas, mas não conseguem interpretar textos ou desempenhar raciocínio lógico elementar.

Segundo os dados de 2011 fornecidos pelo Instituto Paulo Montenegro:

  • 27% dos brasileiros são analfabetos funcionais, ou seja, sabem ler, mas não compreendem o sentido daquilo que leem. Há estudos recentes que apontam a elevação dessa taxa para 33%;
  • 40% dos estudantes do ensino superior são considerados analfabetos funcionais.

Parte considerável desse fracasso foi identificada na política de ensino adotada pelo viés de esquerda de sucessivos governos no Brasil. No Governo Dilma, por exemplo, criou-se o slogan Pátria Educadora com um programa carregado de ideologias contrárias à família e aos métodos pedagógicos tradicionais. Em 21 de abril de 2021 o governo aprova a Lei nº 12.612, na qual tornou o educador Paulo Freire patrono da educação brasileira. A Pátria Educadora elege as ideias de um intelectual comunista de intenções educacionais marxistas² para formar os professores e, esses educarem todos os alunos da rede pública e privada. E o que seria ensinado?

Em seu livro Pedagogia do Oprimido, Paulo Freire elogia Fidel Castro, Che Guevara, Mao Tsé-Tung, Lenin e as revoluções comunistas que, historicamente, derramou sangue inocente com esses líderes tiranos e assassinos. Freire promovia uma revolução socialista no Brasil por meio da subversão cultural de estudantes em prol do velho e refutado materialismo marxista. Suas ideias estimulam a revolta dos alunos diante da autoridade do professor e da família com demonização da autoridade paterna, que para Freire tudo era sinônimo de opressão. Qual o resultado? Polarização do ensino na ideologia em vez aplicação de pedagogias realmente científicas e calcadas em evidências empíricas, um nivelamento da relação professor-aluno abrindo uma escalada de falta de respeito no ambiente de ensino, uma indisciplina e falta de objetividade do estudo, ou seja, uma receita para se ter um ensino de má qualidade do ponto de vista dos resultados do desenvolvimento humano.

Com essa nota abrimos o debate para afirmar que o Estado invade competências e deseja ter o controle e monopólio do ensino. Por isso, as famílias cristãs não devem se omitir diante de abusos cujos resultados são desastrosos para seus filhos, pois isso seria abrir mão da tarefa dada por Deus. A família é a esfera da sociedade que forma cidadãos de consciência, moral e virtudes, de modo que a justiça e a bondade andem juntas no combate ao mal. O Estado e a Escola só devem interferir se, uma família em particular, esteja sabotando exatamente esses valores, mas jamais invadir a esferas de todas as famílias como se o Estado fosse o único ente capaz de educar.

O artigo 205 da Constituição diz: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. A lei fala que colaboração, não concorrência que destitua o poder da família. Em setembro de 2018 o STF, uma corte infelizmente de esquerda, julgou a causa de uma família na cidade de Canela, interior do Rio Grande do Sul, que resolveu entrar com um Mandado de Segurança pedindo que fosse reconhecido o seu direito líquido e certo — isto é, incontestável — de educar os seus filhos em casa. A corte não seguiu o voto de seu relator, o ministro Barroso, o que é incomum. Barroso afirmou que a Constituição Federal não apenas permite, mas garante a educação domiciliar. Ele próprio colocou alguns requisitos para a educação domiciliar, até que o Congresso Nacional fizesse uma lei específica para isso. Mas os ministros seguiram o voto do ministro Alexandre de Moraes que não negou a possibilidade da educação domiciliar, mas disse que a educação domiciliar não consta na Constituição Federal — que não a proibiu nem permitiu; para que ela seja oficialmente permitida e garantida, tem de haver uma lei federal. A família de Canelas perdeu a ação. Leia sobre Homeschooling no link abaixo.
https://www.brasilparalelo.com.br/artigos/homeschooling-permitido-no-brasil

Com isso não estamos dizendo que as escolas públicas ou privadas sejam ruins, mas, se essas instituições deixarem de ser auxiliares assumindo franca concorrência, ela se opõe à Constituição que pede “colaboração”. Essas instituições devem explicar às famílias, que é a base da sociedade, quando ocorre inserção de ideologias e resultados baixos no nível geral dos alunos.

O CONTEÚDO DA EDUCAÇÃO CRISTÃ
Com sua base nos pilares Criação, Queda e Redenção, os pais ensinam as razões porque devemos temer e amar a Deus. Esse ensino deve feito com exemplo e de maneira proposicional formal e informal (Dt.6.1-25).

Exemplo
A criança consegue perceber que os pais acreditam naquilo que ensinam. Se desejamos ensinar a nossos filhos que eles devem cultuar a Deus de modo exclusivo e inteiro, devemos mostrar em nossas vidas que Deus ocupa o centro de nosso coração. E os filhos sabem que seus pais amam ao Senhor por notarem que eles obedecem aos mandamentos. Os filhos de Noé viram que o pai andava com Deus porque a arca foi construída. Isaque temeu porque quando o Senhor pediu a seu pai que o sacrificasse, Abraão obedeceu. Esse fato é importante para se evitar que o “ministério seja censurado” (2Co.6.3) ou desacreditado por má conduta do educador, pois está escrito: “hipócritas, vocês exigem o que não fazem” (Mt.23.2).

Conteúdo
O conteúdo do ensino é a Lei e o Evangelho. Os pais devem ensinar a Lei moral do Antigo Testamento e o Lei da Liberdade e da Graça do Novo Testamento. Esse ensino deve ser feito de modo formal “assentado em tua casa” ou informal “andando pelo caminho” O ensino deve ser verbal e visual. Com base nos pilares Criação, Queda e Redenção, os pais ensinam que Deus, como criador tem o poder de determinar as leis sobre os homens, que o pecado da rebelião contra e lei divina tem consequências e que somente Cristo pode nos livrar da condenação. A Educação Cristã denuncia que todos os seres humanos são pecadores e precisam se arrepender e buscar a redenção em Cristo. A explicação do sistema sacrificial do Antigo Testamento e a apresentação de Jesus Cristo como cordeiro de Deus que tira do pecado do mundo é essencial. Portanto, ao ensinar os dez mandamentos o pecado é ressaltado e ao explicar a mensagem da Cruz a esperança é colocada no lugar certo. Por isso ressoa a exortação: “ensina a criança o caminho que deve andar” (Pv.22.6).

A DISCIPLINA
Pv.29.15]

O pressuposto de que todos são pecadores e que a natureza humana se inclina para o mal, mostra não apenas a necessidade de ensino, mas também de medidas corretivas que auxiliem o ensino. A desobediência deliberada é um ato de rebeldia contra um ordem clara e Deus, como Criador, sempre puniu sua criação rebelde. Ora, o castigo aplicado dentro de um processo educativo é um ato de amor e não vingança. A intenção é quebrar a vontade rebelde, pois “a criança entregue a si mesma” perde o autocontrole e começa a envergonhar seus pais (Pv.29.15). A Bíblia recomenda: “Não evite disciplinar a criança; se você a castigar com a vara, ela não morrerá. Castigue-a, você mesmo, com a vara, e assim a livrará da sepultura” (Pv.23.13-14). Impingir dor é um recurso dramático para a criança que ainda não possui juízo moral e precisa adquirir autocontrole por meio de sua consciência animal (autopreservação). Os que discordam desse princípio normalmente se baseiam na exceção composta por crianças que não precisam desse tipo de intervenção. Essa mostra ínfima nada se compara com a mostra que as escolas oferecem, onde a maioria das crianças e adolescentes são indomáveis. Ou seja, a regra é que o mundo é composto por pessoas cuja liberdade não quer limites, e isso em todas as áreas. O mundo já experimenta um nível de caos pelo fato de muitos crimes não terem o devido castigo, mas ainda existem leis que punem os infrator. Ora, é capaz que os que discordam dos pais aplicarem castigo físico nos filhos, também discordarem do sistema prisional do mundo. Mas, seria de esperar que os criminosos prefiram uma boa surra do que perder a liberdade. A ideia do castigo imediato é redimir a criança dando a ela a certeza de que a ofensa foi resolvida. E deve-se aproveitar a ocasião da disciplina para pregar o Evangelho para a criança, mostrando que em Cristo ela achará vitória para vencer o pecado que sempre acha um caminho para entrar na vida humana.

A CONVERSA INTENCIONAL
Os propósitos do coração humano
são como águas profundas,
mas quem é inteligente
sabe como trazê-los à tona

Pv.20.5.

Os pais sábios conversam com seus filhos, os estimulando a expor suas ideias. A estratégia, porém, não funcionará sem o devido respeito. Qualquer ser humano se fecha quando se sente intimidado ou quando nota falta de amor. Para manter aberta a porta do diálogo, pais cristãos devem amar seus filhos mostrando interesse sincero de compreender suas dúvidas e conflitos.

Perguntas inteligentes e honestas podem abrir portas do coração. Se os pais criam ambiente seguro onde os filhos conseguem abrir o coração e contar desejos, fraquezas, sentimentos de raiva, medo ou angústia, é mais fácil ensinar os princípios da Palavra. Pergunte a seus filhos sobre como foi o dia, o que acham da escola e dos amigos, o que os incomoda e o que os deixa tristes. É importante perguntar se há algo que acham esquisito no comportamento de alguns amigos. Nos dias de hoje, há sempre sugestões sobre uso de bebida, drogas, imoralidade aberta ou homossexualidade, mas poucos pais perguntam: o que você acha disso? Os pais reativos e moralistas, antes de ouvir, fazem discursos fortes que destilam insegurança e pouco argumento inteligente, mas os pais sábios conduzem a conversa com diálogo suave sem preconceitos, de modo que os filhos sentem que serão ouvidos. Alguns pais até deixam a conversa inconclusa para não desperdiçar a chance de continuar em outro momento. É importante pergunta se eles acreditam em Deus e na Bíblia e se não acham o culto enfadonho. Procure abrir portas para que, entrando saiba, de fato, o que seus filhos pensam. E ao descobrir algo preocupante, é natural demonstra certo espanto, mas jamais escândalo que sinaliza imaturidade, pois espera-se que os pais não se surpreendam tanto com o mundo que já conhecem.

CAUSANDO A CONFISSÃO PÚBLICA
Js.24
Rm.10.9

O ser humano se compromete com as crenças que confessa. E essa é uma forma eficaz de ajudar os filhos a assumirem compromisso consciente com ordens claras. Quando os pais ordenam para o filho distraído ir direto para casa da avó sem parar na praça, ele pode ficar calado e em seu coração dizer “não sei se vou ir direto”. Por isso, pedir que o filho repita a ordem é uma forma de ajudá-lo a comprometer-se. E insistir com a razão moral pode ajudar ainda mais, pois quando o filho diz: eu sei, não devo parar na praça porque nesse horário jovens mais velhos estão usando drogas, porque a Bíblia diz que as más companhias corrompem os bons costumes.

Confissão de Fé
Ajude seus filhos a definirem sua fé. Quando discursamos sobre algo, somos confrontados com nossas dúvidas e exigidos a sermos autênticos. Filhos pequenos devem recitar a Bíblia para moldar o coração, mas é na adolescência que o desafio surge. Por isso os adolescentes tendem a ficar calados para não se comprometerem. Mas, se o desafio for feito de modo respeitável, o jovem pode resolver e abraçar a fé. O mundo cerca nossos filhos de tentações para que eles desistam da fé. Pais prudentes reconhecem quando seus filhos não possuem convicções e, por isso, insistem que seus filhos sejam honestos. O método usado por Josué foi honesto, porque ele sabia que Israel não se desfazia dos ídolos numa demonstração clara de que a confiança não estava exclusivamente em Deus. Por essa razão, não por desrespeito, ele afirmou: -vocês vão abandonar o Senhor!. A afirmação de apostasia tirou as tribos do silêncio e da falsa neutralidade, e eles, envergonhados com a acusação, decidem atravessar aquela linha imaginária riscada por Josué. E Josué os força para obter deles a confissão por três vezes, o que garantia que estavam certos da decisão. Ao fim da sabatina, Josué faz a solene declaração: “sois testemunhas contra vós mesmos de que escolhestes ao Senhor, para o servir. E disseram: Somos testemunhas” (Js.24.22).

Mesmo com todo esse esforço, é possível que aqueles que confessaram em um momento (Mt.16.16-19) podem negá-la em outro (Mt.26.69-75). Porém, é exatamente a confissão que ajuda os desviados a voltarem para o caminho.

CULTO DOMÉSTICO
https://paulozifum.wordpress.com/2017/05/06/culto-domestico-e-a-10o-praga/
https://www.youtube.com/watch?v=4XCavdYlDcM

CONSELHO TUTELAR

¹Teorreferência é um conceito empregado pelo Dr. Davi Charles Gomes para indicar que Deus é o ponto de referência último de toda existência. Acessível em https://cpaj.mackenzie.br/wp-content/uploads/2018/11/6-A-metapsicologia-vantiliana-uma-incurs%C3%A3o-preliminar-por-Davi-Charles-Gomes.pdf.

² O fracasso do comunismo/marxismo, é claro do ponto de vista humanista. A ideia de uma sociedade igualitária e justa a partir do controle do Estado não funcionou em lugar nenhum onde esse sistema foi aplicado. Logo, uma breve e honesta revisão pedagógica descartaria essa proposta do currículo. Mas, quando os responsáveis pela educação não fazem revisão, podem condenar gerações inteiras à inutilidade pois todo aprendizado não conduz a resultados louváveis.

CASAMENTO: PONTOS MAIS IMPORTANTES

Paulo Zifum

O Casamento é uma necessidade e um desafio na vida dos pecadores. Richard Steele disse que o estado conjugal pode ser “uma imagem completa do céu e do inferno que podemos experimentar nessa vida”. Essa observação não está distante da verdade e, infelizmente, qualquer um pode constatar que a maioria dos casamentos está bem longe do paraíso. Isso porque o pecado residente em cada cônjuge se encarrega de manter um tipo de lei da gravidade no relacionamento onde tudo puxa para baixo. Num mundo que parece se opor à felicidade conjugal, os casais temem não dar conta das demandas da vida a dois.

A CRUZ-CASAMENTO QUEBRANTADO (receber)
Se afirmarmos que temos comunhão com ele, mas andamos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade. Se, porém, andamos na luz, como ele está na luz, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado. Se afirmarmos que estamos sem pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça

1 João 1:6-9

Por essa razão, o ser humano precisa suplicar o auxílio divino, pois sua condição espiritual diz que, diante de Deus, nada tem a oferecer, apenas a receber. E pior, sua condição subtrai sua vida a cada dia embaixo da maldição do pecado na qual chora dizendo: “não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço” (1Co.7.12-25). Então, o que fazer diante de tal conflito? Sozinho, nada pode fazer, mas se o Espírito Santo agir, irá reconhecer que algo está errado em seu comportamento e entrará num processo de arrependimento. Quando isso ocorre, a alma é conduzida a buscar a Deus em oração. Ora, a oração nesse caso, é como um bebê recém-nascido que respira pela primeira vez. Esse momento pode ser definido como novo nascimento no qual inicia-se uma nova vida. Ocorre uma iluminação e a pessoa de Cristo é, enfim, revelada. Daí em diante, passa-se a perceber a vida de outra forma, as situações, as falhas, as palavras, as pessoas, tudo muda. E entre todas as mudanças, a mais destacada que surge é um relacionamento com Deus que antes não existia, as orações passam a ser frequentes juntamente com a confissão dos pecados.

Em Cristo: A felicidade conjugal pode ser alcançada por cônjuges imperfeitos se eles buscarem uma vida perdoada

CRISTO-CASAMENTO MEDIADO (comprender)
Mas agora, em Cristo Jesus, vocês, que antes estavam longe, foram aproximados mediante o sangue de Cristo. Pois ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um e destruiu a barreira, o muro de inimizade, anulando em seu corpo a lei dos mandamentos expressa em ordenanças. O objetivo dele era criar em si mesmo, dos dois, um novo homem, fazendo a paz, e reconciliar com Deus os dois em um corpo, por meio da cruz, pela qual ele destruiu a inimizade

Efésios 2:13-16

Sem essa experiência de perdão, Deus não ocupa o centro da vida conjugal, é como se ele estivesse fora da equação do casamento. Mas, se houver o acerto com Deus proposto em Cristo, o casamento será redimido, posto que Cristo é seu mediador. Uma vez tratado o relacionamento vertical, o casal pode cuidar da vida horizontal porque recebem recursos de Deus. No casamento mediado, é possível um cônjuge oferecer ao outro auxílio e perdão. E a dinâmica do relacionamento não depende apenas de afinidades e vantagens, mas de Cristo que está entre o marido e sua esposa, de modo que Cristo não permite que os pecados e ofensas com palavras atinjam diretamente, mas ele toma os cônjuges e os exorta e também os cura. O Senhor, que conhece profundamente o cônjuge, ele pode nos ensinar a tratarmos um ao outro, nos treinar a ouvir e falar de modo assertivo e também nos mostrar uma noção de tempo realista e bondosa para com as deficiências do outro. É o Espírito Santo que nos convence e nos leva ao outro para, no momento e forma correta, tratar os problemas pessoais e conjugais.

Em Cristo: A felicidade conjugal é promovida e preservada no casamento mediado

FOCO-CASAMENTO PRODUTIVO (frutificar/dar)
Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho. Porque se caírem, um levanta o companheiro; ai, porém, do que estiver só; pois, caindo, não haverá quem o levante. Também, se dois dormirem juntos, eles se aquentarão; mas um só como se aquentará? Se alguém quiser prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; o cordão de três dobras não se rebenta com facilidade”

Eclesiastes 4:9-12

Quando as nuvens estão cheias de água, derramam chuva sobre a terra. Quer uma árvore caia para o sul quer para o norte, no lugar em que cair ficará. Quem observa o vento não plantará; e quem olha para as nuvens não colherá. Assim como você não conhece o caminho do vento, nem como o corpo é formado no ventre de uma mulher, também não pode compreender as obras de Deus, o Criador de todas as coisas. Plante de manhã a sua semente, e mesmo ao entardecer não deixe as suas mãos ficarem à toa, pois você não sabe o que acontecerá, se esta ou aquela produzirá, ou se as duas serão igualmente boas

Eclesiastes 11:2-6

Uma vez que o relacionamento é perdoado e mediado, o casal passa a viver o que de fato é tornar-se uma só carne. A união 1+1=3 pode ser experimentada na otimização do tempo e recursos, pois o casal passa mais tempo promovendo o progresso do lar do que “apagando incêndios” com discussões tolas e inúteis. Casais que oram juntos aprendem a confiar no poder de Deus, não paralisam com ansiedades. Também treinam uma postura mais ousada para realizar projetos. O resultado é que produzem mais.

Mas, é importante lembrar que a prosperidade não pode ser um fim em si na vida do casal ou da família. O propósito da união conjugal é glorificar a Deus sendo benção para os pobres entre parentes, amigos e desconhecidos. Como está escrito: “Atire o seu pão sobre as águas, e depois de muitos dias você tornará a encontrá-lo. Reparta o que você tem com sete, até mesmo com oito, pois você não sabe que desgraça poderá cair sobre a terra” (Ec.11.1). Deus nos abençoa para que possamos abençoar a outros.

Em Cristo: A felicidade conjugal é alcançada pelo crescimento pessoal e visível do casal

ALEGRIA-CASAMENTO DIVERTIDO (celebrar)
Alegra-te, jovem, na tua juventude, e recreie-se o teu coração nos dias da tua mocidade; anda pelos caminhos que satisfazem ao teu coração e agradam aos teus olhos; sabe, porém, que de todas estas coisas Deus te pedirá contas. Afasta, pois, do teu coração o desgosto e remove da tua carne a dor, porque a juventude e a primavera da vida são vaidade

Eclesiastes 11:9,10

Seja bendita a sua fonte! Alegre-se com a esposa da sua juventude. Gazela amorosa, corça graciosa; que os seios de sua esposa sempre o fartem de prazer, e sempre o embriaguem os carinhos dela”

Provérbios 5:18,19

O conceito de um casamento divertido pode parecer conflituoso, porque para muitos o casamento é sério e não pode ser divertido. De fato, alguns consideram o casamento tão tenso como o trabalho dos bombeiros que resgatam vítimas. Mas, o casamento não pode ser polarizado em coisas sérias, objetivas e justificadas. Infelizmente, alguns casais fixaram tanto suas energias em vencer financeiramente ou moralmente que esqueceram de celebrar suas vitórias. Nunca podem festejar para não gastar, não podem passear porque precisam cuidar das obrigações. As conversas tendem a ser sempre carregadas de críticas, aulas, explicações e definições entre o bem e o mal. Mas, há mais coisas a serem feitas e ditas que falar sobre o certo e o errado. Existe o elogio, o encanto, a música, a dança, o riso, as histórias engraçadas, as brincadeiras e os sonhos absurdos.

E, além de todas essas coisas boas, há o ato conjugal que, segundo a Bíblia, é o tipo de embriaguez recomendado por Deus (Pv.5.19). Deus criou o sexo para a procriação e o recreio conjugal. E esse afeto íntimo não deve ser negligenciado (1Co.7.2-6)

Em Cristo: a felicidade conjugal externada é saudável para vivermos nesse mundo duro


O CASAL SE AMA

O homem cujo coração está cativo à mulher que ama, sonha com ela toda noite, tem ela em seu olhar e apreensão quando acorda, medita nela quando senta à mesa, anda com ela quando viaja e conversa com ela em cada lugar onde vai…  ela se reclina no peito dele, cujo coração confia nela; e isso leva todos a confessarem a torrente de afeição dele, como um rio impetuoso, corre a toda força, transbordante.” Thomas Hooker- Um puritano descrevendo o amor conjugal

Foto: Filme Quando um homem ama uma mulher

PARA TE PROVAR

Paulo Zifum

Recordar-te-ás de todo o caminho
pelo qual o Senhor , teu Deus,
te guiou no deserto estes quarenta anos,
para te humilhar, para te provar,
para saber o que estava no teu coração,
se guardarias ou não os seus mandamentos.
Ele te humilhou, e te deixou ter fome,
e te sustentou com o maná,
que tu não conhecias,
nem teus pais o conheciam,
para te dar a entender que
não só de pão viverá o homem,
mas de tudo o que procede
da boca do Senhor viverá o homem.

Deuteronômio 8:2,3

Registro da Minha História Pessoal
Eu me recordo, e me esforço de lembrar das coisas que vivi até aqui. Desde que m converti, sinto a mão do Senhor a me guiar nesses quase quarenta anos de jornada cristã. Nesse momento, volto meu foco de memória para as situações que me humilharam. Confesso que não atentei para a maioria delas como o texto acima as define. Demorei para perceber que Deus é aquele que organiza o trajeto de nossa vida, nos levando propositalmente para “desertos”. Ele causa e aplica os exames.

Lamento a quantidade de vezes que tive dó de mim acionando autodefesas do ego, sem saber que estava sendo avaliado. Quantas vezes orei de modo equivocado, pedindo livramento da situação, em vez de pedir mais fé, mais amor ou apenas agradecer por ter mais do que merecia. Sou como o povo de Israel que, no deserto, em de vez louvarem ao Senhor por não serem mais escravos, queriam imediatamente viver o melhor possível. Entendo aquele povo, porque vejo essa mesma tendência em minha história. Pois, quantas vezes murmurei baixinho diante das limitações que me humilharam.

Hoje, com cinquenta anos, estou mais atento. Consigo notar a sombra de uma cruz se erguendo em cada humilhação. Quando me sinto impotente, já sou capaz de ouvir o Espírito me dando dicas para avançar na confiança em Deus. Antes, eu era emocionalmente rudimentar, mas agora estou mais sensível. E cresci a ponto de não mais ser surpreendido com “prova-surpresa”, mas passei a pedir: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me e conhece os meus pensamentos. E vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno” (Sl.139.23-24).

E a sondagem mais importante para mim é saber se eu, da fato, amo as pessoas. Pois, Deus, ao ordenar a segunda tábua dos mandamentos, não queria somente que o mal ao próximo fosse evitado, mas que o bem pudesse ser assimilado e praticado. Não é apenas não dar falso testemunho, mas fazer de tudo para proteger a honra do meu próximo. Não apenas não matar, mas, de alguma forma, dar qualidade de vida para ele. Diante disso, amar ao próximo é muito mais que não odiá-lo ou viver de modo neutro para com ele.

Como Deus Prova nosso Amor
E como sei se estou guardando os mandamentos como o Senhor quer? Particularmente, sinto isso quando passo desafetos ou decepções com pessoas. Deus usa situações diversas para que eu mesmo saiba se amo livremente ou se dependo do desempenho do próximo para obedecer suas ordens. E quanto a “amar o próximo como si mesmo”, creio ser necessário que cada um de nós saiba a verdade se nossos relacionamentos são altruístas o utilitários.

Note quando o texto bíblico: “ele te deixou ter fome” (Dt.8.3). Há indicação que Deus criou artificialmente uma situação de necessidade física para que o povo de Israel treinasse sua espiritualidade. Essa vida espiritual é um lugar alto onde o ser humano não precisa apenas de coisas materiais para se sentir seguro. E foi por isso que no deserto Deus fez cair alimento do céu: para deixar claro que ele é nossa segurança e quem, de fato, cuida de nós.

Usando metaforicamente o “ele te deixou ter fome”, podemos dizer que Deus pode nos guiar a um deserto emocional que configure um tipo de solidão. São situações nas quais as pessoas se ausentam, não podem nos suprir ou se voltam contra nós. E isso pode ocorrer repentinamente. Nesse momento, somos humilhados e provados. E, somente assim, podemos saber se nosso coração “se agrada e se satisfaz no Senhor” (Sl.37.4), ou seja, se acreditamos que “nem só do pão” social ou afetivo viverá o homem. Se nos sentimos amados apenas quando as pessoas nos amparam, nos aprovam, nos valorizam e verbalizam seu amor, nossa suficiência não está em Cristo. Mas, se ao sermos humilhados com fracassos no desempenho social, criticados ou reprovados, reagimos humildes em busca de redenção, então, Cristo nos basta. Não que, sendo cristãos, deixamos de ter necessidade de estima dos outros, mas as pessoas deixam de ser nossa única fonte de amor.

Conclusão
Sinto a graça de Deus, pois Cristo não tivesse me alcançado, eu estaria seguindo rumo ao juízo divino que “sonda o coração e examina a mente, para recompensar a cada um de acordo com a sua conduta, de acordo com as suas obras” (Jr.17.10). Nesses últimos anos, fui “apanhado… em meu coração, porquanto havia me afastado de Deus para seguir meus ídolos” (Ez.14.5). Deus revelou minhas intenções pecaminosas de vaidade. Pois, o desejo de ter a admiração e aprovação de todos não é sinônimo de vontade de glorificar a Deus. E é esse desvio que inviabiliza a vida sociedade: desejar ser suficiente ou colocar o ser humano limitado como provedor, colocando a providência divina fora da equação. Ora, se Deus estiver à margem da vida social, o resultado é um iminente fracasso.

Mas, nosso Senhor nos dá todos os dias, a oportunidade de buscar redenção em Cristo nos mostrando que a real necessidade do ser humano é Cristo, o “pão da vida” (Jo.6.35).

Hoje, continuo sendo provado,
testado e avaliado.
Estou contente por viver
a melhor fase de meus exames,
porque, pelo menos,
já mantenho consciência e
sei o está acontecendo
em tempo real.

OS BOCÓS

Sofremos muito com o pouco que nos falta 
e aproveitamos pouco o muito que temos.
(William Shakespeare) 

Felicidade
Vicente de Carvalho

Só a leve esperança, em toda a vida,
Disfarça a pena de viver, mais nada:
Nem é mais a existência, resumida,
Que uma grande esperança malograda.

O eterno sonho da alma desterrada,
Sonho que a traz ansiosa e embevecida,
É uma hora feliz, sempre adiada
E que não chega nunca em toda a vida.

Essa felicidade que supomos,
Árvore milagrosa, que sonhamos
Toda arreada de dourados pomos,

Existe, sim: mas nós não a alcançamos
Porque está sempre apenas onde a pomos
E nunca a pomos onde nós estamos

QUERO AMOR SINCERO

Paulo Zifum

Quando a gente ama
Não pensa em dinheiro
Só se quer amar
De jeito maneira
Não quero dinheiro
Quero amor sincero
Isso é que eu espero

Tim Maia

O que o autor quis dizer com “quando a gente ama não pensa em dinheiro”? Estaria ele confrontando as relações utilitárias, onde não se ama, se negocia? A poesia diz que “quem ama quer amar”, mas também cita o “quero amor sincero, isso é que eu espero”. É um “concurso de solicitações diversas, egoístas e altruístas, que harmoniza e equilibra os impulsos da liberdade individual, que não quer limitações”¹? O amor sincero não é materialista, é desapegado. Mas, ao mesmo tempo, é carente de certa reciprocidade. E é tão nobre pedir amor dizendo: “não quero dinheiro”, porque a maioria dos carentes tem dois amores.

¹Clóvis Beviláqua
https://www.youtube.com/watch?v=Xro_y5ft7YE

PARA QUEM 22

J.R.L.

Duas décadas mais dois anos
no crepúsculo do século
como luz da aurora
cresce a menina
nasce a mulher
diga seu nome!
Luiza
dúvida
certeza
da paixão à decepção
da fraqueza tira força
vitória
diga seu nome!
Luiza
no nome dEle
em Seu mundo
do amor
da nobreza
celebre!