Paulo Zifum
Segundo Modestino (jurista grego pós-clássico), o casamento é uma “coniunctio maris et feminae, consortium omnis vitae, divini et humani iuris communicatio (união de macho e fêmea, uma ação de toda a vida, a comunicação do direito divino e humano). A expressão consórcio é adequada para o casamento pois define a animada associação para realizar uma ação por meio da partilha de recursos com o propósito de atingir um objetivo comum. O problema é que com o tempo, alguns casamentos perdem a aura “animada” por causa da disparidade de esforços e a mudança de objetivos.
Existem consórcios ruins que já começam desonestos, porém, a maioria são feitos com a sincera vontade de buscar o bem comum. A pergunta útil é: Por que os casais comuns* depois de um tempo começam a desconfiar de que não estão sendo favorecidos? Existem três motivos naturais: 1-A falta de ajuste ao crescimento da relação. 2-A falta de revisão dos acordos infantis. 3-A falta de releitura do ambiente.
Os motivos naturais: a roupa usada aos 10 anos não cabe no corpo de 15. O vinho novo fermenta e pressiona o recipiente. A árvore quebra os tutores tão úteis. E os lugares por vezes obrigam as aves a migrarem, porque o inverno pode tornar o ambiente perigoso para seres frágeis. Mudança e adaptação são difíceis de assimilar, principalmente em consórcio quando apenas uma parte quer mudar. O preço parece alto demais e o cônjuge começa a achar que está saindo no prejuízo.
Um casamento que não providencia “roupas maiores” que ofereçam mais mobilidade e conforto, pode ficar preso e retardar o crescimento. Se o casal não sentar para revisar e refazer o “consórcio”, pode ser condenado a enfrentar, por anos, brigas sobre a posse da razão. Casais assim são como crianças, precisam de tribunal adulto para conciliá-los. Além das limitações causadas pela falta de maturidade, temos a questão do ambiente. Muitos casais não se dão conta de que entraram em “regiões perigosas” ou “estações severas”. Ignorar a força externa é um erro. Nem todos os empregos são bons para o casal, nem todos os bairros são favoráveis para a família, nem toda a amizade é inocente. Alguns sonhos, metas podem ser adiados e uma saída estratégica pode salvar o casamento.
A solução? Além do amor não há outro modo de proteger este consórcio. Só o amor fará concessões e ajustes. Só o amor pode levar o casal até o fim do consórcio cujo objetivo é viver uma linda amizade e deixar após si um mundo melhor. Se traduzir AMOR para JESUS (Deus é Amor, Jesus é Deus, logo…). Todo casamento precisa de Jesus. É Jesus que muda as noções de ganho e de perda, dando ao casal inteligência espiritual para crescer. Os que acreditam assim, convidam a Jesus Cristo para mediar a relação e guiar o casamento para que chegue a seu propósito desejado.
*CASAIS COMUNS compõem (suposição) 84% dos casamentos. 14% são casamentos ruins que sabotam a humanidade. Os outros 2% são casais especiais que vivem cada etapa, conversam, revisam, migram e aprofundam suas raízes numa relação de respeito constante e crescente mantendo a paixão até o fim da vida. Os casais comuns formam o grupo de bons casamentos que tem possibilidades de viver bem se crucificarem o ego, evitando assim a “bolha da auto-gratificação”. Um casamento comum, sem a mediação de Jesus, pode piorar muito com o passar do tempo.