FICA TRISTE NÃO

 

Sem título

O poema abaixo foi encontrado na parede do dormitório de crianças de Auschwitz

Amanhã fico triste,
Amanhã.
Hoje não.
Hoje fico alegre.
E todos os dias,
por mais amargos que sejam,
Eu digo:
Amanhã fico triste,
Hoje não.
Para Hoje e todos os outros dias!

*FOTO : Irena Sendler, foi responsável por salvar a vida de mais de 2.500 crianças durante a Segunda Guerra Mundial

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PORQUE JONAS FUGIU

Paulo Zifum

Por que Jonas fugiu? Pelas mesmas razões que desobedecemos leis e nos esquivamos de obrigações. Ele evadiu porque obedecer era contra seus princípios ou apenas frustrante. Jonas é um caso sério de humanidade. Fugir de Deus é uma prática de todos, mas só alguns possuem consciência desse plano de fuga. Jonas sabia o que estava tentando. Ele já tinha feito a escolha errada e, em seu coração, já havia traçado seu destino. E nessa opção, talvez, estivesse querendo julgar e decidir sobre quem merece e quem não merece clemência.

Jonas fugiu porque não queria tratar o assunto. Estava cansado, talvez irritado. Ele não tinha medo da missão, só não via sentido em cumpri-la. As leis precisam fazer sentido para nos dedicarmos a elas. Cada pessoa deseja decidir qual lei deve ser obedecida e qual deve ser “driblada”, qual lei merece submissão e qual deve ser alvo de rebelião. A humanidade toda parece que dirige acima da velocidade e só reduz quando avista um radar. Somos  todos fugitivos da lei.

Jonas tinha suas razões. Mas, a pergunta que não quer calar é a seguinte: Por que ele fugiu se poderia apenas ficar em Israel, sem embarcar para lugar nenhum? Ele não tinha coragem de ficar e ignorar a ordem de Deus?

Arrisco responder: Jonas fugiu porque era criança. Adão e Eva fugiram porque eram crianças. O filho pródigo foi para uma terra distante porque era criança. Os adultos dizem: “Para onde poderia eu escapar do teu Espírito? Para onde poderia fugir da tua presença? (Sl.139.7) e param com a ilusão de fuga.

Eu fujo. Vivo comprando bilhetes para Társis. Vejo que meus pares se metem em altas confusões porque querem mudar decretos divinos. Parece uma sina! Fugir da verdade, fugir da missão, fugir do compromisso, fugir dos pais, fugir de casa e do casamento, fugir da realidade e de tratar as coisas.

Deus é bom e sabe amar. Ele deixa Jonas fugir para o mar e depois manda um recado. Pena que só depois de irmos parar no “bucho da baleia”, “chiqueiro dos porcos” ou fundo do poço como Davi com Bate-seba é que paramos com essa compulsão.

Porque Jonas fugiu eu você sabemos bem.

(Compare o trecho do livro de Jonas e o clássico da Queda em Gênesis: Jonas 1.1.-3“A palavra do Senhor veio a Jonas, filho de Amitai com esta ordem: “Vá depressa à grande cidade de Nínive e pregue contra ela, porque a sua maldade subiu até a minha presença”. Mas Jonas fugiu da presença do Senhor, dirigindo-se para Társis. Desceu à cidade de Jope, onde encontrou um navio que se destinava àquele porto. Depois de pagar a passagem, embarcou para Társis, para fugir do Senhor.”  Genesis 3.8-10 Ouvindo o homem e sua mulher os passos do Senhor Deus que andava pelo jardim quando soprava a brisa do dia, esconderam-se da presença do Senhor Deus entre as árvores do jardim. Mas o Senhor Deus chamou o homem, perguntando: “Onde está você? “E ele respondeu: “Ouvi teus passos no jardim e fiquei com medo, porque estava nu; por isso me escondi”.)

*foto: Jack Sparrow (Piratas do Caribe) é um personagem de comportamento infantil que não hesita fugir em qualquer situação de perigo.

VADE RETRO SÁTANA

Paulo Zifum

Funciona mais ou menos assim: Um vendedor deseja chegar a um cliente, mas precisa preparar o campo. Então, ele manda um “cão farejador” para coleta de informações. Esse consegue dados fazendo comentários legais, perguntando de modo inocente e mostrando afinidades. Depois, o vendedor manda o “lenhador” para induzir a pensar no produto. Colocando uma imagem ou fazendo um comentário em voz alta. Em seguida, o vendedor chega a tempo hábil para oferecer o produto.

A propaganda que assistimos e ouvimos é o “lenhador” batendo firme, cadenciado e preciso no lugar certo de nossos desejos revelados pelo “cão farejador”. O vendedor parece ter o comprador em sua mão.

Satanás faz exatamente assim. Por seus agentes somos “farejados” o tempo todo. Uma vez encontradas as pontinhas discretas de cobiça ou fantasia que puderem ser materializadas, então, ele manda o “lenhador” com seu machado incrivelmente criativo. Uma vez atraídos, o Vendedor vence. E quem duvida que o consumo absurdo, excessivo e supérfluo é coisa da escuridão?

Quando Jesus disse que devemos ser astutos como serpentes (Mt.10.16) e vigiar para não cair em tentação (Mt.26.41), ele alerta sobre o Vendedor. O próprio Senhor enfrentou a Satanás que tentou induzi-lo a buscar fama e facilidade (Mt.4.1-8), porém Jesus respondeu: “Vade Retro Sátana Nunquam Suade Mihi Vana” (Retira-te, satanás, nunca me aconselhes coisas vãs!- Mt.16.23).

Eu quero ficar mais atento nas conversas, sites, músicas e propagandas (sem paranoia). Quero ter discernimento para “pular fora” e dizer não para meus desejos descarados de auto-gratificação. Porque, se os tenho, provavelmente, foram sugeridos pelo “lenhador do Éden”. Vou dizer mais vezes: Vade Retro!

CASINHA BRANCA

Paulo Zifum

Ter uma casinha branca de varanda, um quintal e uma janela para ver o sol nascer”, é o sonho sonoro de muita gente simples. Há quem gostaria muito de viver num centro urbano na efervescência para acessar o mundo. Alguns dariam um rim para realizar algo acalentado.

Tomando a música Casinha Branca como metáfora, cada um, em sua solidão, tem uma casinha de ideais. A distância de “morar” nessa casinha faz adoecer o coração e tira o prazer. A frustração de ver o tempo passar sem realizar algo de valor é uma experiência bem comum. Nesse clima, o autor da música aparece andando pela cidade, se identifica com a multidão, mas não sente pertencer a ninguém. Olha ao redor e todos parecem tristes e não conseguem sair daquela Matrix. A canção é um anseio de que no lugar ideal encontraremos a solução para nosso vazio. A casinha é o sonho de vida, um vislumbre da vida simplesmente.

Essa música segue a receita das boas canções: não oferece uma solução, apenas provoca anseios e sentimentos, deixando o ouvinte seguir seu caminho. Não nego que ela dá uma deprê e alguns, ouvindo, podem seguir na linha do desespero. Mas nem todos encaram assim. Eu mesmo acho uma terapia positiva. Sem vergonha me vejo cantando num karaokê convidando todo mundo para o refrão. Quem nunca teve a sensação das coisas escaparem? Quem nunca teve sentimentos como esse? Ah! Minha Casinha Branca!

QUANDO ESPERAR DEMORA

Paulo Zifum

A ansiedade é um sentimento humano (como raiva ou medo). Como todo sentimento, é possível fixar-se a ele e ter uma vida caracterizada pelo que se sente. Pessoas ansiosas falam muito, perguntam muito ou tornam-se soldados que tem a espada colada na mão cujo entalhe é “esperar não é saber”. A ansiedade pode se tornar o piloto do comportamento,  e, acredite,  guiará a vida num caminho mais longo, gastando muito mais combustível.

Estar ansioso não ofende a Deus, posto que é uma limitação humana. O que desagrada a Deus é quando fazemos coisas, falamos coisas ou meditamos em coisas que nos caracterizam como pessoas que “não têm esperança, sem Deus no mundo” (Ef.2.12b).

Abraão tinha tudo para ser uma pessoa ansiosa e frustrada. Provavelmente já desistira do sonho de ter filhos  porque ele e sua esposa eram idosos. Então, o Senhor Deus manifestou-se exclusivamente e deu a Abraão uma esperança para administrar: ser pai aos quase 80 anos (Gn.12.1-6). Com essa boa motivação, ele largou tudo e saiu para a aventura de realizar seu sonho. Porém, nada sabia sobre o prazo da promessa. A ansiedade seria sua companheira de jornada.

O anseio de casar, de comprar um bem, de realizar algo extraordinário, de ter uma linda família, de ver a justiça na terra, é bom, mas, a demora pode gerar sofrimento.

Quando Abraão completou 85 anos, estava muito ansioso e com medo. Esperava há dez anos pelo cumprimento da promessa. Para um idoso é um tempo desconfortável. Deus, vendo o estado de Abraão, senta-se com ele e o anima a continuar esperando (Gn.15), mas ainda não diz quando iria cumprir o prometido. O Senhor, em sua sabedoria, só revela o tempo das coisas quando saber faz bem. Na maioria das vezes, é melhor só esperar sem saber.

Há quanto tempo você espera algo? Sua ansiedade tem sido compartilhada em conversa com Deus? (1Pe.5.7). Há indícios de que sua espera está baseada numa promessa da provisão divina? Deus o tem animado a continuar?

Pois bem, nosso Abraão era sujeito aos mesmos sentimentos que eu e você. E quando a ansiedade invade a torre de comando, ordens novas surgem contra a esperança. Então, nosso herói sai para um plano alternativo e deita-se com uma de suas escravas. Essa famosa história de Gênesis, capítulo 16, é bem um retrato do que acontece quando a ansiedade assume o controle. Saímos para ajudar Deus. O esforço humano para realizar a história tem sido registrado tanto na Bíblia como nos anais seculares. Talvez você também já tenha também um Gênesis 16 em sua vida.

Abraão tinha 86 anos quando Ismael, o “filho da ansiedade”, nasceu. Ele deve ter percebido que Deus não se sentiu nem um pouco auxiliado. Depois disso, notamos que há um silêncio divino por 13 longos anos. Eu não sei você, mas para mim é muito tempo. Quando olho para minha vida, sinto a demora das coisas que espero. Sinto que demora chegar o que tanto peço e temo que nunca se realize. Sinto-me tentado a direcionar minha vida.

Deus voltou a falar com Abraão quando fez 99 anos (Gn.17). Dessa vez, Ele diz que Sara ficaria grávida (um reforço daquilo que deveria ser óbvio há 25 anos) . Dizem os leitores bem-humorados que Abraão, depois de ouvir que sua velhinha Sara ficaria grávida, ele se prostrou com o rosto em terra para disfarçadamente rir (Gn.17.17) . Deus, que também tem senso de humor, exigiu, então, que o nome do menino fosse Isaque (do hebraico, que significa riso). Deus, dessa vez, dá para Abraão um presente para seu centésimo aniversário. Era uma boa ocasião para laurear esse homem de fé, que havia sofrido de ansiedade.

Não sei você, mas eu não tenho dúvida: Esperar, demora!  Acredito que a ansiedade é coisa da estrada. Acredito que uma pessoa de fé pode fraquejar sem, contudo, ser definida por seus momentos de ansiedade.

Entretanto, devemos cuidar quanto às expectativas que alimentamos. Conversar com Deus (que parecia uma prática na vida de Abraão) pode resolver os medos do coração. Deus tem firme compromisso com suas promessas e é poderoso para fazer “infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos” (Ef.3.20a), porém, apenas “conforme seu poder que opera em nós” (Ef.3.20b). E se Ele opera em sua vida numa certa direção, vai te animar a esperar como fez com Abraão.

VALE DA DECISÃO 2016

Paulo Zifum

Muitos precisam tomar decisões importantes esse ano. Ir ou ficar, casar ou adiar, começar ou desistir, definir ou deixar rolar, arriscar ou assegurar, abrir mão ou reter.  Os cristãos, por causa do relacionamento com Deus, podem sentir quando estão num Vale de Decisão. Podem perceber quando a situação requer uma atitude. Nessas horas, normalmente, os crentes mais prudentes se recolhem numa vigília, num período de oração mais extenso. Não dizem: “seja o que Deus quiser” num ato escapista, mas entregam-se ao jejum e oração em busca de orientação para tomarem uma decisão.

Você está precisando tomar alguma direção importante? Então, abra espaço para falar com Deus pausada e objetivamente. Providencie tempo para que Ele, talvez, por misericórdia, lhe considere com dignidade de uma resposta. O Salmo 25 continua sendo um clássico no Vale da Decisão. Leia e medite nele.

Se você está com a alma espremida pelo fim de 2015, então, pare, se retire e busque uma nova diretriz para 2016. É melhor gastar semanas em campanha de oração em vez de torrar meses “desferindo golpes no ar” feito um boxeador fanfarrão e perdedor.

O Vale foi feito e providenciado por Deus para que mudanças ocorram em sua vida. Não desperdice subindo do vale feito um aluno surdo. Deus deseja falar com você. A orientação oferecida é uma recompensa de diretrizes claras e precisas. Com elas você não errará o caminho nem se meterá nas mesmas confusões de 2015.

“Vou te instruir e ensinar o caminho que você deve seguir. Vou te guiar perto de meus olhos. Não seja teimoso como um animal que precisa que freio e cabresto” Salmo 32.8-9

AFUNDADO NO PECADO

12 anos escravidãoPaulo Zifum

Quando o Rei Davi disse que foi tirado de um “um poço de perdição, de um atoleiro de lama” (Salmo 40) talvez estivesse lembrando os lugares onde o pecado o levou. Quando esse poeta fala de estar preso em “cordas do inferno” e “poderes da morte” (Salmo 116) provavelmente estava fazendo referência aos pecados que uma vez consumados tornam-se escadas para sepultura. Conhecemos um pouco da história desse músico de sucesso que não se meteu com drogas, mas envolveu-se com abuso de sexo e poder.

Quantas pessoas estão hoje afundadas no pecado?  E o pecado, quando gostoso, é como areia movediça que vai tragando seu consumidor. Pois, é! Quem não experimentou o desespero de estar afundado no pecado jamais entenderá o jeito rasgado de Davi fazer Salmos. Só quem já percebeu que está afundado na internet, na comida, na bebida, na vaidade, na mentira, no rancor, na preguiça disfarçada, na vida de aparência, na ganância ou no sexo, é que pode entender a frase “miserável homem que sou, quem  me livrará da morte deste corpo?” (Rm.7.24).

Quando Davi gritou por socorro (Sl.40.1) ele sabia que se ficasse afundado mais um pouco nunca mais retornaria à dignidade. Alguns vícios são fáceis de largar, mas há aqueles que são impossíveis de escapar. Só um resgate salvará a alma dominada. Um religioso que defende com a vida a opinião de seu oráculo, embora tudo indique um embuste, é um cativo. Um homem que se submete a um trabalho que agride sua consciência, mas continua porque é covarde, é um cativo. Uma pessoa que reclama de tudo é cativa do “mundo ideal de Alice”. Viciados em estética, afundados no pecado de buscar o prazer como Hitler, tornam-se adoradores da arte e amantes de si mesmos. Se Deus não estender a mão e tirar, não saem não.

Os cristãos devem imaginar que se Deus não colocasse um basta e não puxasse seus filhos do desejo que fazer pecado, todos estariam atolados na culpa ou deformados. E se temos hoje um pouco de dignidade, equilíbrio e espiritualidade, é porque Ele nos livrou dos poderes movediços do pecado.

*a imagem acima é do filme “12 Anos de Escravidão“. Se você tiver idade e estrutura emocional, assista e confira Romanos 7. A condição pós Adão é exatamente como descrito no filme.