PRUDÊNCIA PARA ESCAPAR

Refúgio ou quarentena, você escolhe – RN em Foco

Paulo Zifum

O clássico da prudência é perceber o perigo e buscar refúgio, desviar-se ou escapar (Pv.22.3a). Pessoas prudentes, ao entrarem num recinto aglomerado de gente, observam as saídas de emergência e os possíveis pânicos que pequenas coisas podem causar. Os prudentes dificilmente ignoram os perigos e tomam precauções diante de possibilidades ruins. E não devemos confundir os prudentes com os covardes que são escapistas e inventam perigos para não enfrentar dificuldades ou fazer esforços.

Pessoas prudentes possuem coragem com a devida inteligência. Já os inexperientes, são descuidados seguindo adiante e sofrem as consequências (Pv.22.3b). Pessoas simples não ligam muito para o futuro e não consideram as probabilidades ruins que se configuram diante delas nas áreas de relacionamento com pessoas, finanças e saúde.

RELACIONAMENTOS PESSOAIS: Manter distância de segurança das pessoas, primeiro por respeito para não pressioná-las com demandas e cobranças (Pv.25.17), segundo, é sábio nos aproximar das pessoas lembrando que todos somos pecadores (Jr.17.5-10) sujeitos às deficiências do pecado (lapsos, esquecimentos, juízos parciais e distorcidos). O alerta “maldito o homem que confia no homem” (Jr.17.5) não significa que não podemos confiar nas pessoas, mas lembra que as pessoas são falíveis. É bom celebrar acordos, alianças e contratos com a devida precaução de documentar e considerar a possível quebra da palavra ou fracasso dos outros. Essa precaução não é uma desconfiança negativa, mas uma postura humilde porque ninguém tem controle do amanhã, como está escrito: “Ouçam agora, vocês que dizem: “Hoje ou amanhã iremos para esta ou aquela cidade, passaremos um ano ali, faremos negócios e ganharemos dinheiro”. Vocês nem sabem o que lhes acontecerá amanhã! Que é a sua vida? Vocês são como a neblina que aparece por um pouco de tempo e depois se dissipa. Ao invés disso, deveriam dizer: “Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo”. Agora, porém, vocês se vangloriam das suas pretensões. Toda vanglória como essa é maligna” (Tg.4.13-16). Diante desses conselhos, o prudente compreende o risco de se fazer sociedade, e atende o avisos que diz: “Não se ponham em jugo desigual com descrentes. Pois o que têm em comum a justiça e a maldade? Ou que comunhão pode ter a luz com as trevas? (2Co.6.14).

FINANÇAS: A Bíblia fala mais sobre questões materiais e menos sobre assuntos sentimentais. A atenção dada aos assuntos financeiros confirma a alerta de que “o amor ao dinheiro é raiz de todos os males. Algumas pessoas, por cobiçarem o dinheiro, desviaram-se da fé e se atormentaram a si mesmas com muitos sofrimentos” (1Tm.6.10). A Lei de Moisés, prudentemente, versou sobre as relações financeiras de modo específico porque a cobiça e o egoísmo da natureza humana precisam de freios. Os cristãos, portanto, devem tomar cuidado para não lesarem o próximo em seus negócios ou pagamentos, e para bom testemunho, é importante combinar tudo de modo justo e generoso. E uma das formas de prudência financeira é a prática da bondade, pois está escrito “Quem trata bem os pobres empresta ao Senhor, e ele o recompensará.” (Pv.19.17), ou seja, tudo o que fazemos está sendo observado por Deus. Quando fechamos nosso coração para ofertar, descuidamos do fato de que Deus nos concede a mais e coloca em nossa bolsa valores excedentes para nos tornar veículos de sua bondade. Essa é a razão do Senhor reclamar ao dizer: “Pode um homem roubar de Deus? Contudo vocês estão me roubando. E ainda perguntam: ‘Como é que te roubamos? ’ Nos dízimos e nas ofertas. Vocês estão debaixo de grande maldição porque estão me roubando; a nação toda está me roubando” (Ml.3.8-9). Não é prudente usarmos tudo que recebemos apenas para o nosso bem-estar. Outro assunto é a prudência nos negócios, e Provérbios diz: “se você serviu de fiador do seu próximo, se, com um aperto de mãos, empenhou-se por um estranho e caiu na armadilha das palavras que você mesmo disse, está prisioneiro do que falou. Então, meu filho, uma vez que você caiu nas mãos do seu próximo, vá e humilhe-se; insista, incomode o seu próximo! Não se entregue ao sono, não procure descansar. Livre-se como a gazela se livra do caçador, como a ave do laço que a pode prender” (Pv.6.1-5). “Não seja como aqueles que, com um aperto de mãos, empenham-se com outros e se tornam fiadores de dívidas; se você não tem como pagá-las, por que correr o risco de perder até a cama em que dorme?” (Pv.22.26-27). Seja com o núcleo familiar, com amigos e, principalmente, com estranhos, devemos nos relacionar com prudência. Uma última nota sobre finanças é que não é sábio descuidarmos de fazer reservas para o futuro, pois um dos perigos adiante é a morte ou a velhice. Nem todos conseguem fazer reservas, mas é admirável ver pessoas que, mesmo possuindo recursos, não fazem uma reserva ou seguro de vida para proteger e aliviar entes queridos diante da morte ou possível invalidez. O prudente se esforça para não ser pesado para ninguém.

SAÚDE: A alimentação é uma área negligenciada pela maioria dos inexperientes que acham que comer é apenas uma busca por prazer e saciedade. Mas, pessoas prudentes percebem os perigos de certos costumes alimentares e “fogem” deles em busca de proteger a saúde. O exercício físico também é um assunto que merece atenção. O corpo facilmente entra em estado de morbidez sem atividade física, causando diversos riscos para a saúde. O descanso é uma prudência, pois tanto a mente como o corpo entram em colapso com excesso de trabalho ou preocupação. O lazer e pausas são necessárias, por isso a Lei invoca o princípio do dia de descanso na proporção 6 por 1 (Ex.20.8-9). Uma das últimas notas sobre a saúde é a prudência em saber envelhecer. Pessoas prudentes percebem que precisam diminuir o ritmo e aceitar limitações, por isso vão gradativamente adaptando-se de modo que não sofram impacto de entrar em depressão por causa do peso da idade.

*foto: A Cruz de Cristo é o refúgio dos pecadores arrependidos e, a orientação universal do Salmo 2 é: “sejam prudentes; aceitem a advertência, autoridades da terra. Adorem ao Senhor com temor; exultem com tremor. Beijem o filho, para que ele não se ire e vocês não sejam destruídos de repente, pois num instante acende-se a sua ira. Como são felizes todos os que nele se refugiam!”. O único refúgio capaz de salvar a alma é o Filho de Deus, Jesus Cristo.

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